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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

"Os meninos do Huambo", de Manuel Rui Alves Monteiro

 
 
 
Com fios feitos de lágrimas passadas
Os meninos do Huambo fazem alegria
Constroem sonhos com os mais velhos de mãos dadas
E no céu descobrem estrelas de magia

Com os lábios de dizer nova poesia
Soletram as estrelas como letras
E vão juntando no céu como pedrinhas
Estrelas letras para fazer novas palavras

Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade

Com os sorrisos mais lindos do planalto
 
Fazem continhas engraçadas de somar
Somam beijos com lores e com suor
E subtraem manhã cedo por luar

Dividem a chuva miudinha pelo milho
Multiplicam o vento pelo mar
Soltam ao céu as estrelas já escritas
Constelações que brilham sempre sem parar

Os meninos à volta da fogueira
Vão aprender coisas de sonho e de verdade
Vão aprender como se ganha uma bandeira
Vão saber o que custou a liberdade

Palavras sempre novas, sempre novas
Palavras deste tempo sempre novo
Porque os meninos inventaram coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo

Assim contentes à voltinha da fogueira
Juntam palavras deste tempo sempre novo
Porque os meninos inventaram coisas novas
E até já dizem que as estrelas são do povo

 
Manuel Rui Alves Monteiro, de Huambo (n. 4 de Novembro de 1941), mais conhecido por Manuel Rui, é um escritor angolano, autor de poesia, contos, romances e obras para o teatro. Dono de uma obra na qual o homem comum é celebrado, Manuel Rui é considerado um dos mais importantes escritores ficcionistas angolanos.

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