A realização da última assembleia da NATO em Varsóvia e os exercícios militares que têm estado a envolver vários país do leste e norte da Europa de que já demos conta em 25 de Julho passado.
Ontem as autoridades da República
Popular de Donetsk, pela voz do representante da DPR, nas conversações em Minsk,
Denis Pushilin, alertaram para a possibilidade de um regresso das hostilidades
em grande escala no Donbass (1). De acordo com o estadista, a responsabilidade
pelo regresso do conflito recai sobre a Ucrânia, que viola constantemente os
acordos de Minsk. As razões apresentadas são o bombardeio incessante das
cidades do Donbass e das posições da milícia, o fornecimento de armas pesadas na
linha de contacto entre as partes, e o acompanhamento ineficaz e tendenciosa do
cessar-fogo (a missão da OSCE tem utilizado um anterior espião ucraniano,
agente de SBU, Artem Shestakov). Todos três pontos dos acordos de Minsk são
violados pela Ucrânia.
Observadores desta realidade regional
esperam que o eventual recomeçar da guerra aconteça por volta de 24 de agosto -
Dia da Independência da Ucrânia. A Rússia seria inevitavelmente envolvida de
uma forma ou outra em qualquer conflito futuro. Isto corresponde aos planos
americanos de intensificar a guerra híbrida contra a Rússia.
Na passada 3ª feira, a Ucrânia
não aceitou a nomeação do novo embaixador da Rússia segundo o vice-ministra das
Relações Exteriores da Ucrânia para a Integração Europeia, Elena Zerkal.
Em 29 de julho, a Comissão de
Assuntos Internacionais da Duma russa propôs Mikhail Babich para o cargo de
embaixador da Rússia para a Ucrânia, para substituir Mikhail Zurabov, que
ocupava o cargo desde agosto de 2009. Zurabov é um grande homem de negócios (um
oligarca) e ex-ministro da Saúde da Rússia. A sua anterior nomeação foi vista por
muitos como um grande erro da política russa em relação à Ucrânia. Como
embaixador, Zurabov tinha um comportamento passivo que contrastava com a grande
actividade das embaixadas americana, alemã, polaca e de outros países
ocidentais. Era conhecido por ter mantido relações amigáveis e de negócios com
o Presidente ucraniano Petro Poroshenko.
Mikhail Babich é o oposto da Zurabov. Graduou-se nas mesmas
estruturas que o presidente russo Vladimir Putin , isto é, o KGB e o FSB. A sua
biografia inclui a participação em combate e no serviço nas forças
aerotransportadas e serviços de inteligência.
Ao rejeitar o candidato
indesejado, Kiev é provável que enviar um sinal a Moscovo. Poroshenko quer ver
outro Zurabov como embaixador da Rússia, a mal-amada, mas ainda assim o mais
importante parceiro da Ucrânia.
Poroshenko é um oligarca e uma
das pessoas mais ricas da Ucrânia. A sua fortuna triplicou após o golpe de
Estado de 21 de fevereiro de 2014 por, de acordo com algumas estimativas, três
vezes. Por isso lhe daria jeito ter um oligarca corrupto como ele a fazer a
relação com a Rússia.
Neste cenário, a Rússia poderia
não propor outro nome e reduzir o nível das relações diplomáticas com a Ucrânia,
o que veio a acontecer ontem com a nomeação do diplomata Sergey Toropov para
encarregado de negócios da Rússia na Ucrânia.
Apesar disto, o destino das
relações diplomáticas russo-ucraniana ainda não está claro. Para a Rússia, nas
condições de perseguição total de tudo o russo e pró-russo na Ucrânia, não
havia expectativas promissoras com a nomeação de um novo embaixador. Reduzindo as
relações diplomáticas, pelo contrário, poderiam gerar-se um certo número de vantagens.
Acima de tudo, mostraria a Kiev a determinação da rejeição das políticas
anti-russas da Ucrânia e das violações abertas por esta dos Acordos de Minsk.
Para além disso, isso iria pesar nas ações de Kiev, que não nomeou ainda um
novo embaixador da Ucrânia para a Rússia.
Esta decisão poderá ser seguida
por outras que iriam prejudicar a economia da Ucrânia. E a Rússia tem meios
suficientes no seu arsenal para realizar ataques que, como este, seriam extremamente
dolorosos.
E não podemos esquecer que está a
alastrar em países da União Europeia a ideia de que deve ser aceite que a
Crimeia integra a Federação Russa.
(1) Parte leste da Ucrânia, com as duas regiões de Donetsk e Luhansk onde, depois do referendo na Crimeia de 2014 que decidiu a sua integração na Rússia, que foi aceite, as populações realizaram referendos semelhantes, com resultados idênticos, sem, no entanto, se ter realizado a integração na Federação Russa. Desde esses referendos o governo de extrema direita de Kiev, criado a partir dum golpe fascista apoiado pela NATO e a UE, atacou as duas regiões, que criaram instituições próprias e uma milícia resultante essencialmente do exército ucraniano local. Essas agressões de Kiev têm sido particularmente graves nos últimos tempos.
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