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terça-feira, 30 de junho de 2015

A reunião de 27 de Junho de 2015

A oportunidade de uma boa tradução facilitou que levasse a publicar aqui, na íntegra e não apenas com um resumo inicial para um URL, este post, apesar de discordar de várias coisas do seu conteúdo, mas constatando que há que romper, com os meios disponíveis, com o silenciar pelos media das verdadeiras posições dos membros do governo grego, nomeadamente nas vésperas do referendo.

(do blogue de Varoufakis)

A reunião de 27 de junho de 2015 do Eurogrupo não vai ficar na história da Europa como um momento de que nos possamos orgulhar. Os ministros recusaram o pedido do governo grego para que fosse concedido ao povo grego uma mera semana durante a qual diriam 'Sim' ou 'Não' às propostas das instituições — propostas cruciais para o futuro da Grécia na Zona Euro. A simples ideia de que um governo consulte o seu povo quanto a uma proposta problemática que lhe é feita pelas instituições foi tratada com incompreensão e muitas vezes desdém que roçava o desprezo. Chegaram a perguntar-me: 'Está à espera que as pessoas normais compreendam questões tão complexas?'. Na verdade, a democracia não teve um bom dia na reunião do Eurogrupo deste sábado! Mas as instituições europeias também não. Depois de o nosso pedido ser rejeitado, o presidente do Eurogrupo quebrou o pacto de unanimidade (emitindo uma declaração sem o meu consentimento) e tomou mesmo a dúbia decisão de convocar um encontro sem o ministro grego, ostensivamente para discutir os 'passos seguintes'.  É possível a coexistência de uma união monetária e da democracia? Ou uma delas tem de desistir? Esta é a questão fundamental a que o Eurogrupo decidiu dar resposta colocando a democracia na gaveta de baixo. De momento, esperemos.

Intervenção de Varoufakis no Eurogrupo
No nosso último encontro (25 de junho), as instituições colocaram na mesa a sua oferta final às autoridades gregas, em resposta à nossa proposta de Acordo ao Nível de Staff (SLA) apresentada a 22 de junho (e assinada pelo primeiro-ministro Tsipras). Depois de uma longa e cuidadosa apreciação, o nosso governo decidiu que, infelizmente, a proposta das instituições não podia ser aceite. Dada a grande proximidade do prazo de 30 de junho, data em que o acordo de empréstimo corrente expira, este impasse preocupa-nos muito a todos e as suas causas devem ser rigorosamente examinadas.

Rejeitámos as propostas de 25 de junho das instituições por causa de uma série de razões poderosas. A primeira razão é a combinação de austeridade e injustiça social que imporiam a uma população já devastada por… austeridade e injustiça social. Mesmo a nossa proposta SLA (de 22 de Junho) é austera, numa tentativa de aplacar as instituições e assim ficar mais perto de um acordo. Só que o nosso SLA tentava passar o fardo desta renovada carnificina austeritária para aqueles que estão mais capazes de a suportar — isto é, concentrando-nos no aumento das contribuições dos patrões para os fundos de pensões em vez de reduzir ainda mais as pensões mais baixas. Ainda assim, mesmo o nosso SLA contém muitas partes que a sociedade grega rejeita.
Assim, tendo-nos empurrado para aceitar uma dose substancial de nova austeridade, na forma dos absurdamente grandes superavits primários (3,5% do PIB a médio prazo, ainda assim um tanto abaixo do número fantasmagórico acordado com os anteriores governos – i.e. 4,5% – , acabámos por ser forçados a fazer escolhas recessivas entre, por um lado, aumento de impostos / encargos numa economia onde os que pagam o que lhes é imposto já pagam com a corda na garganta e, por outro, reduções nas pensões / benefícios sociais numa sociedade já devastada por cortes maciços nos rendimentos básicos dos cada vez mais numerosos necessitados.
Deixem que vos diga, colegas, o que já trouxemos às instituições a 22 de junho, quando colocávamos na mesa as nossas próprias propostas: mesmo este SLA, o que propúnhamos, seria muito difícil de passar no Parlamento, dado o nível de medidas de recessão e austeridade que implicava. Infelizmente, a resposta das instituições foi insistir em medidas ainda mais recessivas, o mesmo é dizer
paramétricas (isto é, aumento do IVA dos hotéis de 6% para 23%!) e, ainda pior, em passar o fardo em massa das empresas para os mais fracos membros da nossa sociedade (isto é, reduzir as pensões mais baixas, retirar o apoio aos agricultores, adiar para as calendas legislação que dá alguma proteção aos trabalhadores violentamente explorados).
As novas propostas das instituições, como vêm expressas no seu documento SLA / Ações Prioritárias  de 25 de junho, transformariam um pacote politicamente problemático — da perspetiva do nosso Parlamento – num pacote extremamente difícil de passar no nosso grupo parlamentar. Mas não é tudo. Fica cada vez pior que isso quando damos uma vista de olhos ao pacote de financiamento proposto



foto de ALKIS KONSTANTINIDIS / Reuters
O que torna a proposta das instituições impossível de passar no Parlamento é a falta de resposta a uma pergunta:  estas medidas dolorosas dão-nos pelo menos um período de tranquilidade durante o qual podemos realizar as reformas e medidas acordadas? Haverá um choque de otimismo contra o efeito recessivo de uma consolidação fiscal extra que é imposta a um país que está em recessão há 21 trimestres consecutivos? Não, a proposta das instituições não oferece essa perspetiva.
E isso porque o financiamento proposto para os próximos cinco meses é problemático de várias maneiras:
. primeiro, não estabelece nenhuma provisão para as perdas do Estado, causadas por cinco meses a fazer pagamentos sem desembolsos e de rendimentos fiscais em queda como resultado da constante ameaça da saída da Grécia do Euro que tem andado no ar, por assim dizer;
. segundo, a ideia de canibalizar o Fundo de Garantia para pagar as obrigações da era do programa SMP do BCE constitui um claro perigo: estes montantes eram reservados, corretamente, para reforçar os frágeis bancos gregos, possivelmente através de uma operação que joga com os seus tremendos Empréstimos Não-Rentáveis que devoram a sua capitalização. A resposta que me foi dada por altos responsáveis do BCE, cujos nomes não revelo, é que, se for preciso, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF) será reposto para estar ao nível das necessidades de capitalização dos bancos. O ESM é a resposta que me deram. Mas, e este é um mas gigantesco, isto não faz parte do acordo proposto e, mais, não pode fazer parte do acordo uma vez que as instituições não têm mandato para comprometer o SME desta maneira – o que tenho a certeza Wolfgang não deixará de nos recordar. E, mais ainda, se este novo acordo pudesse ser feito, porque é que então a nossa proposta, sensata, moderada, de novo empréstimo do SME à Grécia, que ajude a passar a labilidade dos SMP do BCE para o SME, não é discutida?  A resposta "não discutimos porque não" será muito difícil de transmitir ao meu Parlamento juntamente com mais um pacote de austeridade;
. terceiro, o plano de desembolsos proposto é um campo de minas de avaliações — uma por mês — que asseguraria duas coisas: primeiro, que o governo grego estivesse imerso, todos os dias, todas as semanas, no processo de avaliação durante cinco meses; e bem antes de estes cinco meses terminarem, entraríamos noutra entediante negociação do programa seguinte — uma vez que não há nada nas propostas das instituições capaz de inspirar a mais leve das esperanças de que no final de mais esta extensão a Grécia possa levantar-se sozinha nos dois pés;
. Quarto, dado que é claro à sociedade que a nossa dívida continuará insustentável no fim deste ano, e que o acesso aos mercados estará tão distante nessa altura como agora, não se pode contar com o FMI para desembolsar a sua parte, os 3,5 mil milhões com que as instituições estão a contar como parte do pacote de financiamento sobre a mesa.
Estas são razões sólidas para que o nosso governo não considere que tem mandato para aceitar a proposta das instituições ou para usar a sua maioria no Parlamento de forma a empurrá-la contra os estatutos.

Referendo está marcado para este domingo
ARIS MESSINIS / AFP / Getty Images
Ao mesmo tempo, não temos mandato para rejeitar também as propostas das instituições, sabendo do momento crítico da história que vivemos. O nosso partido recebeu 36% dos votos e o governo no seu todo representa pouco mais de 40%. Conscientes do peso da nossa decisão, sentimo-nos obrigados a colocar a proposta das instituições ao povo da Grécia. Empenhar-nos-emos a explicar-lhes completamente o que significa um "Sim" à proposta das instituições, a fazer o mesmo relativamente a um voto "Não", e a deixá-los decidir. Da nossa parte aceitaremos o veredito do povo e faremos tudo o que for necessário para o implementar — para um lado ou para outro.


Há alguma preocupação de um voto "Sim" ser um voto de desconfiança no nosso governo (já que recomendamos o "Não"), caso em que não podemos prometer ao Eurogrupo que estaremos em posição de assinar e implementar o acordo com as instituições. Não é assim. Somos democratas convictos. Se o povo nos der uma clara instrução para assinarmos as propostas das instituições, faremos tudo o que for preciso para o fazer - mesmo que isso signifique um governo remodelado.
Colegas, a solução do referendo é ótima para todos, dados os constrangimentos que enfrentamos:
. se o nosso governo aceitasse hoje a oferta das instituições, prometendo levá-la ao Parlamento amanhã, seríamos derrotados no Parlamento com o resultado de umas novas eleições a serem convocadas dentro de um longo mês – depois, o atraso, a incerteza e as perspetivas de uma solução bem-sucedida seriam muito, muito mais diminutas;
. mas mesmo se conseguíssemos fazer passar no Parlamento as propostas das instituições, enfrentaríamos um problema maior de propriedade e implementação. Em termos simples, tal como no passado os governos que impuseram políticas ditadas pelas instituições não puderam ganhar o povo para as tarefas, também nós iríamos falhar em consegui-lo.

Mural em Atenas
Mural em Atenas
SIMELA PANTZARTZI / EPA
 

Quanto à questão que será colocada ao povo grego, muito se disse sobre qual devia ser. Muitos de vós disseram-nos, aconselharam-nos, instruíram-nos até, que deveríamos fazê-la como uma pergunta de "Sim" ou "Não" ao Euro. Deixem-me ser claro nisto. Primeiro, a questão foi formulada pelo Governo e já passou no Parlamento — e ela é "Aceita a proposta das instituições como nos foi apresentada a 25 de junho, no Eurogrupo?”  Esta é a única questão pertinente. Se tivéssemos aceitado essa proposta há dois dias, teríamos tido um acordo. O governo grego está agora a fazer ao eleitorado a pergunta que você me fez, Jeroen – especialmente quando disse, e passo a citá-lo, "pode considerar, se quiser, isto como uma proposta de pegar ou largar". Bem, foi assim que a encarámos e estamos agora a honrar as instituições e o povo grego pedindo a este último que dê uma resposta clara à proposta das instituições.

Para os que dizem que, efetivamente, este é um referendo ao Euro, a minha resposta é: podem muito bem dizer isso, mas não faço comentários. É o vosso julgamento, a vossa opinião, a vossa interpretação. Não é a nossa! A vossa visão tem uma lógica mas apenas se contiver uma ameaça implícita de que um "Não" do povo grego à proposta das instituições seria seguido por manobras para expulsar a Grécia, ilegalmente, do Euro. Tal ameaça não seria consistente com os princípios básicos da governação democrática europeia e com o Direito Europeu.
Para os que nos dão instruções para colocar a questão do referendo como um dilema euro-dracma, a minha resposta é cristalina: os tratados europeus preveem saídas da Uniâo Europeia. Não preveem nenhuma medida para uma saída da Zona Euro. Com razão, claro, uma vez que a indivisibilidade da nossa União Monetária faz parte da sua razão de ser. Pedir-nos  que coloquemos a pergunta do referendo em termos de uma escolha envolvendo a saída da Zona Euro é pedir-nos para violarmos os Tratados da União Europeia e as leis da EU. Sugiro a quem queira que nós, ou outro governo, faça um referendo sobre a participação na União Monetária Europeia que recomende antes uma mudança dos Tratados.
MARKO DJURICA / Reuters
Colegas,


É tempo de tomar medidas. A razão por que estamos hoje neste impasse é só uma: a proposta de base do nosso governo ao Eurogrupo e às instituições, que fiz aqui no Eurogrupo na minha primeira intervenção de sempre, nunca foi levada a sério. Era uma sugestão de que fosse criado terreno comum entre o Memorando existente e o nosso novo programa de governo. Por instantes, a declaração do Eurogrupo de 20 de fevereiro levantou a hipótese desse terreno comum - dado que não fez referência ao Memorando e se concentrou numa nova lista de reformas do meu governo que seria apresentada às instituições.
Lamentavelmente, logo após o 20 de fevereiro, as instituições e a maioria dos colegas aqui na sala desejaram trazer de novo o Memorando para o centro da discussão e reduzir o nosso papel a mudanças marginais no mesmo. Foi como se nos dissessem, parafraseando Henry Ford, que podíamos ter qualquer lista de reformas, qualquer acordo, desde que fosse o memorando. O terreno comum foi assim sacrificado a favor da imposição ao nosso governo de um recuo humilhante. É a minha visão. Mas não é importante neste momento. Agora é o povo grego que decide.
A nossa tarefa, no Eurogrupo de hoje, deve ser limpar o chão para uma passagem suave para o referendo de 5 de julho. Isto significa uma coisa: que o nosso acordo de empréstimo seja prolongado por poucas semanas para que o referendo decorra em condições de tranquilidade. Logo após 5 de julho, se o povo votar "Sim", assinaremos a proposta das instituições. Até lá, durante a próxima semana, à medida que se aproximar o referendo, qualquer desvio à normalidade, especialmente no setor bancário, seria invariavelmente interpretada como uma tentativa para coagir os eleitores gregos. A sociedade grega pagou um enorme preço, através de uma enorme contração fiscal, no sentido de fazer parte da nossa união monetária. Mas uma união monetária democrática que ameaça um povo prestes a dar o seu veredito com controlos de capitais e encerramentos de bancos é uma contradição nos termos. Gostava de pensar que o Eurogrupo respeitará este princípio. Quanto ao BCE, que tem a custódia da nossa estabilidade monetária e da própria União, não tenho dúvida de que, se o Eurogrupo tomar hoje a decisão responsável de aceitar um pedido de extensão do nosso acordo de empréstimo que acabo de colocar na mesa, fará o que é preciso para dar ao povo grego mais uns dias para exprimir a sua opinião.
Colegas, este é o momento e as decisões que tomamos são momentosas. Daqui a uns anos poderão mesmo perguntar-nos: "Onde é que estavas no 27 de junho? E o que fizeste para evitar o que aconteceu?" E no mínimo deveríamos ser capazes de responder: demos a um povo que vive sob a maior depressão uma hipótese de reconsiderar as suas opções. Tentámos a democracia como meio de quebrar um impasse. E fizemos o que tínhamos a fazer para lhes dar uns dias para pensar e decidir.

Alkis Konstantinidis / Reuters

POST SCRIPTUM DE VAROUFAKIS NO SEU BLOGUE

O dia em que o presidente do Eurogrupo quebrou a tradição da unanimidade e excluiu por sua vontade a Grécia de um encontro do Eurogrupo 

Na sequência da minha intervenção, o presidente do Eurogrupo rejeitou o nosso pedido de extensão, com o apoio do resto dos membros, e anunciou que o Eurogrupo iria emitir uma declaração colocando o ónus deste impasse na Grécia e sugerindo que os 18 ministros (ou seja, os 19 ministros das Finanças da Zona Euro, exceto o ministro grego) se reunissem mais tarde para discutir formas e meios de se protegerem.
Nesse ponto pedi conselho jurídico ao secretariado sobre se uma declaração do Eurogrupo podia ser emitida sem a convencional unanimidade e se o presidente do Eurogrupo podia convocar uma reunião sem convidar o ministro das Finanças de um Estado-membro. Recebi a seguinte e extraordinária resposta: "O Eurogrupo é um grupo informal. Por isso não está sujeito aos tratados ou a regulamentos escritos. Embora a unanimidade seja convencionalmente usada, o presidente do Eurogrupo não está preso a regras explícitas". Deixo os comentários ao leitor.
Pela minha parte, tiro esta conclusão:
Colegas, recusar alargar o prazo do acordo de empréstimo por um par de semanas e assim dar tempo ao povo grego para deliberar em paz e calmamente sobre a proposta das instituições, especialmente dada a alta probabilidade de o povo aceitar estas propostas (contrariando o conselho do nosso governo), causará danos permanentes na credibilidade do Eurogrupo como um corpo democrático de decisão que reúne estados parceiros que partilham não só uma moeda comum, mas também valores comuns.
 
(Tradução de António Costa Santos para o "Expresso")

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Não a mais austeridade na Grécia!

Segundo o Público de ontem," 178 deputados votaram a favor do referendo, 120 contra e dois estiveram ausentes. Além do Syriza e dos Gregos Independentes (que formam a coligação de governo), também os deputados do Aurora Dourada (neonazi) votaram a favor do referendo, enquanto a Nova Democracia (conservadores), o Pasok (socialistas), o To Potami (centristas) e o KKE (comunistas) votaram contra." Estes dois agrupamentos de votos são circunstanciais, não estamos perante coligações mesmo que o primeiro tenha querido o referendo e o segundo não, correspondendo esses agrupamentos a vontades diferenciadas de manter este governo ou não.
 
Os dirigentes chineses, russos e norte-americanos desejam que a Grécia não saia da UE. Por razões diferentes naturalmente, mas em que os factores de estabilidade prevalecem face ao risco de contágio da crise a outros países. 
Os dirigentes da UE e dos países que a integram estão debaixo de fogo por terem esticado demasiado a corda, deixando à Grécia o recurso ao referendo de propostas com que o governo não estava de acordo.
À não continuação de um programa de assistência que metesse dinheiro nos bancos, o governo grego responderá com o não pagamento amanhã de l,6 mil milhões de euros que o FMI reclama
 
Se o não ganhar, com um forte movimento popular e envolvimento do Syriza a sério neste combate   pelo "não", o governo tem a possibilidade de seguir outros caminhos para tornear a agressão da UE e FMI. 
Hoje na Praça Syntagma em Atenas em apoio do governo e contra as propostas da troika
 
Se o sim ganhar, o governo fica fragilizado nas negociações que a UE não deixará de propor e defrontará um redobrar da guerra interna e externa para a sua demissão e a criação de um "governo de unidade nacional". Em que a Nova Democracia e o PASOK procurariam fazer esquecer que foram eles os responsáveis pela austeridade no país, a que gostariam de ver acrescentada nova austeridade das imposições da troika que o governo grego rejeitou.
 
O pagamento de salários e pensões está assegurado mas o levantamento de dinheiro nas caixas multi-banco não pode exceder em cada dia os 60 euros por conta (nós cá em casa evitamos levantar mais que 10!...), e os pagamentos de serviços por estes meios mantem-se (água, gás, electricidade, telecomunicações e outras prestações).
Mas o António Esteves Martins e aquela pequena que mandaram para Atenas falam na desgraça (!!!)que isto está a provocar entre os gregos...
Falam os jornalistas da treta no encerramento dos bancos mas omitem que isso foi obrigatório quando o BCE deixou de garantir liquidez para os bancos.
Citando José Goulão hoje no blogue "Mundo cão", "
 
O BCE/UE/agiotas faz agora exactamente a mesma coisa: aplica uma estratégia fascista e terrorista – sem dúvida em clima de golpe de Estado -  para procurar alcançar os objectivos de minorias à custa da miséria, da fome, do descalabro da vida do povo grego. Para os próceres com mentes fascistas que agem em nome da chamada “democracia europeia”, 27 por cento de quebra continuada do PIB grego, uma dívida que não para de crescer devido aos mecanismos impostos para a pagar, um desemprego que atinge mais de um terço da população activa e mais de 55% dos jovens, a razia absoluta nas pensões, nos salários, nos serviços públicos, nos acessos a bens essenciais como água e electricidade ainda não chegam. É preciso vergar mais e mais o povo grego, recorrendo para isso à manobra humilhante de tentar obrigá-lo a pedir de joelhos por favor continuem com a troika, queremos mais austeridade e obrigado por isso".
 
Ouvir Cavaco Silva e Passos Coelho dizerem que se a Grécia se for embora ficam mais 18 países para garantir a estabilidade da UE é uma vergonha, uma muito vil vilania, abaixo de cão. Ambos têm os dias contados para se recuperar no país alguma decência institucional.

domingo, 28 de junho de 2015

No próximo domingo, com um expressivo não, os gregos irão defender a soberania contra uma UE agressiva e decadente

Desde que o governo grego decidiu referendar as propostas da UE, interrompendo a chantagem da troika lesiva da soberania da Grécia, sucedem-se reacções que ocultam a argumentação grega.
 
É difícil ver uma intervenção íntegra de Tsipras num telejornal que não seja retalhada e ensanduíchada entre comentadores do "frete". A cobertura mediática desta crise, quando
estudada, dará uma imagem negra de jornalistas, comentadores e editores, que cerraram os dentes a favor da troika e contra os gregos.
 
A linha de ataque ao governo grego é a de que o Syriza se quer desresponsabilizar da disponibilidade manifestada para pisar as "linhas vermelhas" a que se tinha comprometido e "lavar as mãos como Pilatos" transferindo a decisão para os gregos.
A UE manobrou para que o referendo não passasse no parlamento e...falhou uma vez mais.
 
No Financial Times, Wolfgang Munchäu escreve que a recusa da proposta dos credores era a única decisão racional que Atenas podia tomar, porque as medidas iriam prolongar a recessão na Grécia por “vários anos”.
 
Munchäu considera que o Banco Central Europeu vai começar a reduzir as injeções de liquidez de emergência que têm ajudado o sistema financeiro grego a sobreviver, o que irá conduzir à introdução de restrições aos movimentos de capitais.
De seguida, prossegue o autor, a Grécia terá de introduzir uma moeda paralela ao euro, de forma a que o governo tenha recursos para pagar pensões e salários. A não ser que a União Europeia e o BCE encontrem uma solução rápida para salvar a banca grega, o país pode ser forçado a introduzir uma nova moeda, escreve Munchäu. Um novo dracma, como tem sido referido.

A MOSSAD e a CIA (que utilizam heterónimos como ISIS, Daesh, Al-Qaeda, etc.) por detrás da carnificina dos últimos dias

Três dos quatro atentados realizados nestes dias são parte do projecto em que a MOSSAD e serviços de informação da Arábia Saudita estão evolvidos a ferro e fogo: a destruição dos países do Magrebe, do domínio do Corno de África, do Egipto à Somália, da península arábica. Reivindicados  pelo ISIS e Daesh, têm porém o apoio militar, de espionagem e logístico de Israel e Arábia Saudita.
A propósito, recordemos aqui algumas considerações feitas pelo professor e escritor Michel Chossudovski sobre este fundamentalismo "islâmico".
 
COISAS QUE NÃO QUEREM QUE SAIBAMOS SOBRE A AL-QAEDA
 
1 – Os Estados Unidos apoiaram a Al Qaeda e suas organizações afiliadas durante quase meio século, desde o apogeu da guerra afegano-soviética.
 
2 – A CIA criou campos de treino para a Al-Qaeda no Paquistão. No período de dez anos, desde 1982 até 1992, cerca de 35.000 jihadistas procedentes de 43 países islâmicos foram recrutados pela CIA para lutar na jihad afegã contra a União Soviética.
3 – Desde a época da Administração Reagan, Washington apoiou a rede terrorista islâmica. Ronald Reagan qualificou esses terroristas como “lutadores pela liberdade”.
Os EUA forneceram armas às brigadas islâmicas. Tudo era por “uma boa causa”: a luta contra a União Soviética e a mudança do regime, o que levou ao desaparecimento de um governo secular no Afeganistão.
Apenas precisamos lembrar os filmes de propaganda da época, como o célebre Rambo III…
 
4 – Os livros de textos jihadistas publicados pela Universidade de Nebraska. Os Estados Unidos gastaram milhões de dólares para fornecer livros de textos repletos de imagens violentas e ensinamentos islâmicos às escolas afegãs.
 
5 – Osama bin Laden, fundador da Al Qaeda e homem mais odiado dos Estados Unidos, foi recrutado pela CIA em 1979, no próprio começo da guerra jihadista do Afeganistão contra a União Soviética. Na época, Bin Laden tinha 22 anos e foi treinado num campo de treino de guerrilhas patrocinado pela CIA.
Segundo o Professor Chossudovsky, a Al Qaeda encontrou-se por trás dos ataques do 11 de Setembro. De facto, o ataque terrorista de 2001 proporcionou uma justificação para uma guerra contra Afeganistão, sob o argumento de que o Afeganistão era um estado patrocinador do terrorismo da Al Qaeda.
 
6 – O Estado Islâmico ou ISIS era originalmente uma entidade filiada na Al Qaeda, criada pelos serviços secretos dos Estados Unidos, com o apoio do M16 Britânico, o Mossad Israelita e os serviços da Arábia Saudita (GIP).
 
7 – As brigadas do ISIS sempre estiveram envolvidas no apoio à guerra que os EUA e a OTAN têm dirigido contra o governo sírio de Bashar al Assad.
 
8 – A OTAN e o Estado Maior da Turquia foram os responsáveis pela contratação de mercenários do ISIS e Al Nusrah desde o início da insurgência síria, em Março de 2011.
Segundo fontes dos serviços secretos israelitas, publicadas na web como DEBKA, esta iniciativa consistiu: “Numa campanha para recrutar milhares de voluntários muçulmanos em países do Oriente Médio e do mundo mulçumano para lutar junto dos rebeldes sírios. O exército turco aloja estes voluntários,  treina-os e assegura sua entrada na Síria”.
 
9 – Existem membros das forças especiais ocidentais e agentes secretos ocidentais dentro das fileiras do ISIS. Membros das Forças Especiais Britânicas e do M16 participaram do treino dos rebeldes jihadistas na Síria.
 
10 – Especialistas militares ocidentais contratados pelo Pentágono treinaram os terroristas no uso de armas químicas.
“Os Estados Unidos e alguns aliados europeus estão a utilizar contratados da defesa para treinar os rebeldes sírios sobre como apoderar-se dos arsenais de armas químicas na Síria, segundo informou um alto funcionário dos Estados Unidos e vários diplomatas de alto nível à CNN”.
 
11 – As decapitações brutais realizadas pelos terroristas do ISIS constituem os programas de treino patrocinados pela CIA nos campos da Arábia Saudita e Qatar e cujo objetivo é causar pavor e comoção.
 
12 – Muitos dos criminosos recrutados pelo ISIS são presidiários condenados libertos dos cárceres da Arábia Saudita, país aliado do Ocidente. Entre eles encontram-se cidadãos sauditas condenados à morte, que foram recrutados para se unirem às brigadas terroristas.
 
13 – Israel apoiou as brigadas do ISIS e Al Nusrah dos Altos do Golan, na sua luta contra o governo de Al-Assad e as forças xiitas do Hezbollah.
Combatentes jihadistas reúnem-se regularmente com oficiais das Forças de Defesa Israelenses (FDI), assim como com o primeiro ministro Netanyahu.
O alto comando das FDI reconhece tacitamente que: “elementos da jihad global dentro da Síria, membros do ISIS e Al Nusrah, são apoiados por Israel”.
 
14 – Os soldados do ISIS dentro da Síria trabalham sob as ordens da aliança militar ocidental. Seu mandato tácito é causar estragos e destruição na Síria e Iraque.
Uma prova disso é a foto em que o senador norte-americano John McCain se reúne com líderes terroristas jihadistas na Síria.
 
15 – As milícias do ISIS, que atualmente são o alvo de uma campanha de bombardeamentos dos Estados Unidos e da OTAN sob o manto da “luta contra o terrorismo”, continuam a ser apoiadas secretamente pelo Ocidente.
Forças xiitas que lutam contra o ISIS no Iraque, assim como membros do próprio exército iraquiano denunciaram repetidamente as ajudas militares fornecidas pelos Estados Unidos aos terroristas do ISIS, enquanto combatiam contra eles.
 
16 – Os bombardeamentos norte-americanos e aliados não têm como objectivo o ISIS, antes têm o objetivo de bombardear as infraestruturas económica do Iraque e Síria, incluindo as suas fábricas e refinarias de petróleo.
 
17 – O projeto do ISIS de criar um califado faz parte de uma agenda política exterior dos Estados Unidos, que pretende dividir o Iraque e a Síria em territórios separados: um califado islâmico sunita, uma República Árabe xiita e a República do Curdistão.
 
18 – “A Guerra Global contra o Terrorismo” apresenta-se à opinião pública como um “choque de civilizações”, uma guerra entre os valores e as religiões quando, na realidade, trata-se de uma guerra de conquista, guiada por objetivos estratégicos e económicos.
 
19 – As brigadas terroristas da Al Qaeda, patrocinadas secretamente pelas agências de inteligência ocidentais, foram implantadas no Mali, Níger, Nigéria, República da África Central, Somália e Iémen para levar o caos a esses países e justificar uma intervenção militar ocidental.
 
20 – O Boko Haram na Nigéria, Al Shabab na Somália, o Grupo de Combate Islâmico da Líbia, (apoiado pela OTAN em 2011), a Al Qaeda no Magreb Islâmico e a Jemaah Islamiya na Indonésia, entre outros, são grupos filiados na Al Qaeda,  secretamente apoiados pelos serviços secretos ocidentais.
 
21 – Os Estados Unidos também estão a apoiar organizações terroristas, filiadas na Al Qaeda na região autónoma Uigur, na China. Aqui o seu objetivo é desencadear a instabilidade política no oeste da China.
 
22 – A ameaça terrorista, como a que vemos nos EUA ou Europa, é uma acção promovida pelos governos ocidentais e apoiada pelos meios de comunicação com a finalidade de criar uma atmosfera de medo e intimidação, que leve a uma anulação das liberdades civis e favoreça a instalação de um estado policial.
Por sua vez, as prisões, julgamentos e condenações de “terroristas islâmicos” servem para sustentar a legitimidade do estado de segurança interna nos Estados Unidos e a crescente militarização de suas forças de segurança.
O objetivo final é inculcar na mente de milhões de norte-americanos que o inimigo é real e que a Administração dos Estados Unidos protegerá a vida de seus cidadãos.
O mesmo podemos dizer de países como França, Reino Unido ou Austrália.
 
23 – A campanha “antiterrorista” contra o Estado Islâmico contribuiu com a demonização dos muçulmanos que, aos olhos da opinião pública ocidental, se associam cada vez mais aos jihadistas, criando assim as bases de apoio a um choque de religiões e civilizações.
 
24 – Qualquer um que se atreva a questionar a validade da “Guerra Global contra o Terrorismo” é qualificado como terrorista e vê-se submetido às leis antiterroristas.
Estabelece-se com isso, um primeiro instrumento para perseguir qualquer tipo de dissidente ideológico, associando-o ao terrorismo.
Esta ferramenta poderá ser estendida posteriormente a qualquer outro tipo de dissidência ideológica.
Como vemos, a administração Obama finalmente impõe um consenso diabólico, com o apoio de seus aliados e o papel cúmplice do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A imprensa ocidental abraça esse consenso de forma obediente e entusiasta; descreve o Estado Islâmico como uma entidade independente, surgida do nada, um inimigo exterior que ameaça os valores “pacíficos e democráticos” do mundo ocidental.
Criou-se um inimigo que pode aparecer e atuar em qualquer momento, como um fantasma com o qual se assusta a população quando mais convenha e empurrá-la a aceitar qualquer tipo de política repressiva das liberdades e qualquer tipo de ação militarista a serviço dos grandes poderes ocidentais.
E pelo visto, este drama, apenas começou…

sábado, 27 de junho de 2015

Caverna colorida na China

O jornal Mirror do passado dia 14, deu conta que  fotógrafo norte-americano Scott Graham, de 53 anos de idade, visitou dias antes a Caverna de Flauta de Cana em Guilin, no sudoeste da China, onde tirou muitas fotos das paisagens da caverna mais colorida do mundo
Formada há 180 milhões de anos, a Caverna de Flauta de Cana situa-se a mais de 240 metros  abaixo da superfície da Terra e as inscrições nas paredes podem datar da Dinastia Tang, em 792 d.C.

Mundo cão, um blogue de José Goulão

Há anos que sigo, atentamente, o trabalho do jornalista José Goulão.
Em temas internacionais, particularmente o Médio Oriente, foi comentador respeitado quando ainda eram toleradas diferentes abordagens da realidade.
Por ser jornalista e de esquerda a sério, pressentimos que, por detrás do que escreve, há consulta de muitas fontes. Há a procura do que possa ser novidade (no sentido nobre do termo) para tirar o leitor da rotina de quadros que parecem definitivos,. Há o esforço de ser independente e não se resignar com o unanimismo editorial que têm frequentemente (noutras vezes já é assumido pelos próprios) associadas centrais de contra-informação que formatam as audiências.
A net permitiu aceder a outras fontes, a blogues, a redes sociais. São campos de luta, para uma informação mais verdadeira.
 
Visite o blogue Mundo cão de José Goulão.
Deixo-lhe aqui as suas peças mais recentes

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Frase de fim-de-semana, por Jorge



"You cannot shake hands
with a clenched fist."
"Não se consegue um aperto de mão
com um punho fechado"
Indira Gandhi
ex-primeiro-ministro indiana, 1917-1984)


A UE ingere grosseiramente na política interna da Grécia, espezinhando a vontade popular

 
Nos últimos dias a UE decidiu condicionar a evolução da política grega.

Altos responsáveis da UE reuniram-se com partidos da oposição grega que realizaram o programa de austeridade submetendo-se à vontade da troika. De que trataram? Não o tornaram público, mas é de admitir, pelo que aconteceu posteriormente, que trataram da formação de um novo governo na Grécia.

A manifestação em Atenas de adversários do governo que defendiam a queda do governo contou, em lugar destacado, com a presença de altos responsáveis da UE, solidários com esse objectivo.

Desde ontem à tarde, como respondendo a uma orientação centralizada, canais de TV como a RTP, jornais como o Público, comentadores políticos de serviço estão a cumprir orientações editoriais que não surgiram da cabeça dos respectivos editores mas dum centro informativo de comando por eles aceite.

Trabalham para a ingerência. Para a conspiração. Talvez para o golpe.
Mas o povo grego está atento.

Temos que denunciar este processo. Esta UE e o seu euro, com todos os seus tratados castradores das soberanias e com os seus directórios que trabalham às claras para percursos anti-democráticos, está a começar a ruir.

A hora é de definições!

quinta-feira, 25 de junho de 2015

João Ferreira denuncia as mistificações para criar ilusões em ano de eleições, no Conselho Superior da Antena Um, hoje

Denúncias oportunas e bem fundamentadas para o debate que todos estamos a realizar. Uns mais seriamente, outros menos


http://www.rtp.pt/play/p296/e199546/conselho-superior

Saramago inspira discussão no México sobre criação da Carta de Deveres Humanos (no JN de hoje)

Intelectuais e personalidades de várias áreas estão reunidos no México para discutir a criação de uma Carta de Deveres do Ser Humano, inspirados no discurso de José Saramago quando recebeu o Prémio Nobel, em 1998.
 

A sua viúva, a jornalista Pilar del Río, participou na abertura deste eventoorganizado pelo Capítulo mexicano da World Future Society e pela Universidade Nacional Autónoma do México (UNAM), sob o tema "O encontro de pensadores para criar a carta de deveres do ser humano".
Pilar del Río leu as palavras de Saramago, que recordavam os cinquenta anos da assinatura da Declaração dos Direitos Humanos.
"Não parece que os governos tenham feito pelos direitos humanos tudo aquilo a que moralmente, quando não legalmente, estavam obrigado", dissera então Saramago.
"Tomemos então, nós próprios, cidadãos comuns, a palavra, com a mesma veemência com que reivindicamos os direitos, reivindiquemos também o dever dos nossos deveres. Talvez assim o imundo possa ser um pouco melhor", leu Pilar del Río, durante a cerimónia do encontro, que termina na quinta-feira.
Com esta iniciativa, os promotores querem assinalar a passagem dos cinco anos da morte do escritor, a 18 de junho de 2010, aos 87 anos, devido a uma leucemia.
Na inauguração colaborou também, através de um texto, o reitor da UNAM, José Narro Robles, onde defendeu que, para o futuro, é necessário "deixar de lado as visões individualistas e materialistas para pensar no planeta, nos seres que o habitam e no espírito do ser humano".

Violência em sociedades avançadas, por José Manuel Jara

A ocorrência de mais um assassinato coletivo em Charleston, na Carolina do Sul (EUA) deve levar a refletir. A defesa dos direitos humanos não se compagina com a violência social que a cada dia se vai sabendo ocorrer no país cujos governantes se fazem seus arautos. Algo de muito errado acontece. Uma grave dissociação entre doutrinas e práticas? O avanço social decorre principalmente nas tecnologias e não na civilidade? Reminiscências num Estado do Sul da opressão esclavagista do século XIX no século XXI? Ou  o municiar com armas os conflitos humanos, num perpétuo Farwest?  O que se passa na vida social deve fazer  refletir sobre os parâmetros verdadeiros do progresso social. De onde vem tanto ódio? Ódio de um jovem branco,  que traiçoeiramente assassina num Igreja Cristã, num país maioritariamente cristão, nove pessoas negras. Que autoridade moral tem uma grande nação que não consegue resolver os seus problemas sociais, raciais e morais para dar lições ao resto do mundo? Ou será  o intervencionismo de ameaças  e de guerras, e o armamentismo galopante a versão estatal global da mesma ideologia de violência que transborda na sua sociedade civil? Não é na esfera judicial que se irá resolver a questão da civilização. Muito menos o mundo será sanado com a lei da guerra e do mais forte.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Reacções populares na Grécia contra as propostas do Governo

O Syriza acabou por ceder a pressões de credores e parceiros europeus.
O argumento de que as cedências só afectarão as empresas com determinados patamares de lucros e que medidas anti-sociais não atingirão os que menos têm, não colhe junto dos sindicatos gregos.
Estes sublinham a continuidade que estas medidas significam em relação  às anteriores medidas de austeridade do governo da Nova Democracia e do PASOK.
 
Ontem em Atenas manifestaçao dos sindicatos (PAME)
 e das associações de reformados
Não é clara ainda qual vai ser a evolução política interna na Grécia.

A questão das negociações irá ser seguida, com interesse nestes dias com informação mais precisa que ainda não é suficiente para ver a amplitude e implicações das cedências. Sendo certo que as negociações só hoje começam e que também não são conhecidas as reacções da UE que, até agora, não saiu das suas exigências iniciais.
Confiamos que os gregos conseguirão superar esta rude prova.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Poema de Nazim Hikmeth, escrito da cadeia para o seu filho Memeth


Por una parte, los verdugos,
Como un muro nos separan.
Y además este cochino corazón
Me ha hecho una malvada jugarreta.
Mi niño, mi Memeth,
Quizá las suerte
No me permita volver a verte.
Lo sé,
Tu serás un muchacho
A la espiga de trigo parecido.
Cuando joven,
Yo también era así.
De elevada estatura, rubio, esbelto.
Vastos serán tus ojos como los de tu madre,
Con un rastro de pena amarga a veces.
Tendrás la frente inmensamente clara
Y una voz muy hermosa.
Atroz era la mía.
Cuando cantes
habrás de desgarrar los corazones,
y sabrás conversar brillantemente,
yo también fui un maestro en la materia,
cuando no me irritaban.
¡Ah, Memeth,
qué verdugo serás
de corazones!
No es fácil educar a un hijo sin su padre,
No apenes a tu madre.
Yo no he podido darle la alegría.
Que la tenga de ti.
Tu madre,
Como la seda fuerte, suave como la seda.
Tu madre,
Será bella aún a la misma edad de la abuelas,
Como aquel primer año en la vi,
Cuando tenía diecisiete años
A orillas de Bósforo.
Una mañana, como de costumbre
Nos separamos ¡hasta luego!
Era para no vernos nunca más.
Contar los días es difícil,
Y uno no puede hartarse del mundo,
Memeth,
Uno no puede hartarse.
No vivas en la tierra
Como un inquilino,
Ni en la naturaleza como un turista.
Vive en esta mundo
Como si fuera la casa de tu padre.
Cree en los granos, en la tierra, en el mar,
Pero ante todo en el hombre.
Ama la nube, la máquina y el  libro,
Pero ante todo, ama al hombre.
Siente la tristeza
De la rama que se seca,
Del planeta que se extingue,
Del animal inválido.
Pero siente ante todo la tristeza del hombre.
Memeth, yo moriré tal vez
Muy lejos de mi idioma,
Lejos de mis canciones,
Muy lejos de mi sal y de mi pan,
Con la nostalgia de tu madre y de ti,
Y de mi pueblo y de mis camaradas.
En el exilio pero no en el extranjero.
 
 
Nazım Hikmet Ran (20/11/1901 – 3/6/63) foi um importante poeta e dramaturgo turco, conhecido na Europa como o melhor poeta de vanguarda da Turquia. Tem os seus poemas traduzidos para diversas línguas, mas não em português.
Nasceu em Salónica, no Império Otomano, cidade da Grécia actual, no dia 20 de Novembro do ano de 1901, mesmo no início do século XX.
Hikmet militava no Partido Comunista da Turquia (TKP), tendo sido por isso muitas vezes perseguido pelos monárquicos..
Apesar de ter começado a escrever poemas com sílabas métricas bem definidas, o seu género distanciou-se e ficou conhecido como vanguardista. Os seus poemas distinguiam-se pelas formas confusas e conceptuais. Aliás, todos eles contêm diversas propriedades linguísticas da Turquia.
Nunca satisfeito com o seu trabalho, rumou à URSS, onde se manteve de 1922 a 1925, na intensiva busca de um climax.
Depois de completos os seus estudos na Universidade de Moscovo conviveu com Vladimir Mayakovski e com outros jovens poetas soviéticos, que tendiam para o Futurismo.
Acabou por regressar à Turquia.
Vários trabalhos seus retratam cenas inóspitas de guerra como a invasão da Etiópia pela Itália de Mussolini.
Os monárquicos condenaram-no a quinze anos de prisão, o que o fez fugir para a URSS.
Depois da sua morte, em 1963, em Moscovo, diversos músicos transformaram os seus expressivos poemas em belas canções, como fez, entre outros tantos, o grego Manos Loizos.

Os projectos secretos de Israel e da Arábia Saudita

A resposta de Telavive e de Riade ás negociações entre os Estados Unidos e o Irão situa-se no prolongamento do financiamento da guerra contra Gaza em 2008 pela Arábia Saudita : a aliança de um Estado colonial e de uma monarquia obscurantista. No momento em que o Próximo-Oriente se apresta para viver uma mudança para os próximos dez anos, das suas regras do jogo, Thierry Meyssan desvenda aqui o conteúdo das negociações secretas entre Telavive e Riade

Desemprego: nós estamos perto de si...


O DN de hoje "Subsídio de desemprego. Estado paga cada vez menos e a menos pessoas"

Em Maio, cada desempregado recebeu em média 448 euros por mês, o valor mais baixo desde 2006, devido à quebra nos salários e aos limites introduzidos à prestação.
 


Há menos desempregados inscritos nos centros de emprego do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), mas o valor do subsídio também está a cair. Em maio, cada desempregado recebeu, em média, 448 euros por mês. São menos 18 euros do que em maio de 2014 e quase menos 50 euros do que o valor pago no início de 2012. É necessário recuar a julho de 2006 para encontrar um valor mais baixo. Só para esbater o efeito da inflação desde esse ano (15% em termos acumulados), o subsídio deveria ser hoje de 504 euros. Ou seja, em termos de poder de compra, é como se os atuais desempregados recebessem menos 56 euros por mês.
A razão para o subsídio mais baixo é a queda dos salários, o facto de o governo ter baixado o teto máximo do subsídio para 1048 euros e o corte de 10% aplicado ao fim de seis meses de prestação.
O subsídio chegou a 279 563 pessoas, longe do máximo de 419 360 beneficiários contabilizados em fevereiro de 2013. A diminuição deste número reflete a queda do desemprego. Mas os dados agora revelados pela Segurança Social mostram também que estas prestações sociais chegam a um universo cada vez mais pequeno de pessoas sem trabalho.

Nota - "Queda do desemprego" é expressão que não reflecte a realidade. Contribuiram para esses números, sim, o aumento da emigração e do desemprego de longa duração, ou estrutural, que já não tem direito a subsídio de desemprego. É uma expressão usada pelo governo e jornalistas e comentadores que lhe fazem o frete.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Em apoio da Grécia contra a pressão brutal para que os gregos ajoelhem


Não é comum ver a pressão que os mais poderosos da União Europeia estão a fazer sobre a Grécia para poder dizer ao mundo que a fizeram ajoelhar e que bem fizeram governos como o português que fizeram afundar o nosso país.
Importa ter em conta que estas pressões já foram antecedidas por outro ajoelhar, esse de anteriores governos gregos que aceitaram um programa de "reajustamento" que provocou um vendaval entre os direitos dos trabalhadores e a economia grega.
Para que se informe e então se avalie, para que se questione e depois se questione o governo grego e os seus negociadores, para que possa elogiar ou criticar, caso pretenda lamentar ou exaltar, Varoufakis leu e apresentou na reunião de Eurogrupo de quinta-feira, que acabou como começou: em desacordo. A leitura é longa, mas recomendável e necessária para se perceber o que a Europa rejeitou e o que a Grécia pediu.
Atenas volta a exigir na rua o fim da austeridade e chantagem. Manifestação Praça Syntagma, ontem, 21 junho
Nota de Varoufakis no seu blogue pessoal, onde disponibilizou o discurso: “O único antídoto para a propaganda e para as 'fugas' malévolas é a transparência. Depois de tanta desinformação em torno da apresentação que fiz no Eurogrupo da posição do governo grego, a única resposta é publicar exatamente as palavras que proferi. Leiam-nas e julguem por si mesmos se as propostas do governo grego constituem ou não uma base para um acordo”. 

Colegas, 

Há cinco meses, na minha primeira intervenção no Eurogrupo, disse-vos que o novo governo grego enfrentava uma tarefa dupla: 
Temos de ganhar uma moeda preciosa sem desbaratar um importante capital.  
A moeda preciosa que tínhamos de ganhar era um sentimento de confiança, aqui, entre os nossos parceiros europeus e junto das instituições. Para obter essa moeda necessitaríamos de um pacote de reformas significativo e um plano de consolidação fiscal credível. 
Quanto ao capital  importante que não podíamos dar-nos ao luxo de desbaratar, esse era a confiança do povo grego, que teria de ser o pano de fundo de qualquer programa de reformas acordado que pusesse fim à crise grega. O pré-requisito para que esse capital não se perdesse era, e continua a ser, um só: a esperança tangível de que o acordo que levamos para Atenas:

. é o último a ser forjado em condições de crise;
. compreende um pacote de reformas que põe fim a uma recessão ininterrupta de seis anos;
. não atinge selvaticamente os pobres como as anteriores reformas atingiram;
. torna a nossa dívida sustentável, criando assim perspetivas genuínas do regresso da Grécia aos mercados, terminando a nossa dependência pouco digna dos nossos parceiros para pagar os empréstimos que deles recebemos.

Cinco meses passaram, o fim da estrada está à vista, mas este derradeiro ato de equilíbrio não se materializou. Sim, no Grupo de Bruxelas estivemos quase. Quase é quanto? Do lado dos impostos, as posições são realmente próximas, especialmente para 2015. Para 2016, o fosso restante representa 0,5% do PIB. Propusemos medidas paramétricas de 2% contra os 2,5% em que as instituições insistem. Esta diferença de meio por cento propomos eliminá-la através de medidas administrativas. Seria, digo-vos, um erro tremendo deixar que esta minúscula diferença causasse danos massivos na integridade da Zona Euro. A convergência foi também alcançada num vasto leque de questões (ver na íntegra na íntegra o blogue pessoal de Varoufakis, atrás assinalado) que o Expresso traduziu e editou.

domingo, 21 de junho de 2015

Vá ao food court do slide urbano da Urban Splash


Um vizinho meu, hoje pelas nove horas, vinha esbaforido e revoltado por causa de um “evento” que, ocupando parte considerável das Ruas Neutel de Abreu, inviabilizava o sentido de trânsito na descida da Av. dos Lusíadas para o Alto dos Moínhos. Mas que também inviabilizava a saída para a R. dos Soeiros, da rua Frederico Freitas, da rua do Alto dos Moínhos , e da rua que serve o Hospital da Luz

Razão: um evento radical, viral (!!) da Junta de Freguesia e da empresa Urban Flash.
Tendo ele perguntado a alguém da organização “Então é assim? Cortam-se acessos essenciais e não se avisam os moradores que se têm que deslocar de automóvel?” Resposta “Mas está tudo no site da Junta de Freguesia…Não foi lá ver?”. Para não ser malcriado ainda respondeu:  “Eu é que vos mandava para aquele site!”
Fui lá ver. Filas de pessoas que tiveram que comprar a 2 euros uma bóia foleira, aguardavam em filas mas já gente descia na correnteza. Uma criança urban flasher já atrapalhada, lá foi ajudada por uma rapariga da empresa de segurança, Anthea, que apresenta na sua carteira de clientes distintos a Mota-Engil, Câmara Municipal de Torres Vedras (PS), Media Capital´

Uma roulotte de fritos, um bar e esplanada da Sagres e outro de gelados…completavam as atracções.

Também vi Polícia Municipal e centenas de barreiras metálicas da CML (quem pagou? Ou a CML também é patrocinadora?
Um transeunte também surpreso, disse-me “ Este presidente é primo do António Costa”
…E eu que não sabia! “Desculpa lá ó Costa, isto já não tem nada a ver contigo, é com o Medina”.

Apontou-me o presidente da JFSDB, António Cardoso, do PS, que parecia estar satisfeito. Segundo o linguarejar escorreito do site da Urban Splash, a quem a Junta adjudicou o “evento”, “O presidente marcou presença nesta apresentação que pela primeira vez em Portugal apresenta um slide urbano que vai revolucionar o Verão e durante o qual vai haver muita música com DJ’S convidados, batalhas épicas de balões de água, food court (como?) e muita dança! ".

Ao abrir o Publico no café, zás! Um texto promocional do “evento”, assinado por uma jornalista (?) dava conta das maravilhas que se iriam passar. E também dos preços.”

Os bilhetes para participar no evento variam entre 12,50 euros (duas descidas no escorrega, um kit de balões de água para uma "mega batalha" e uma pistola de água) e os 50 euros (acesso ilimitado ao escorrega durante o dia inteiro). Famílias com dois adultos e uma criança pagam 30 euros e têm direito a duas descidas por pessoa. A iniciativa inclui música, comida, animações e uma "mega guerra de balões de água".

Espero que tudo corra bem. Mas para a próxima avisem os moradores dos cortes de trânsito.

sábado, 20 de junho de 2015

Os EUA vão perdendo a supremacia estratégica e disfarçam-na com ameaças de guerra contra a Rússia

Jogos de guerra
Os estrategas dos EUA sentem a história próxima futura a fugir-lhes de entre os dedos como areia fina.
Há novas realidades políticas, económicas, culturais que lhes afectam uma estratégia de domínio do mundo.
A Rússia lidera o movimento pelo que cada vez mais nações se preparam para abandonar o dólar norte-americano. A Rússia retaliou e atingiu o Ocidente que apoiou as sanções dos EUA.
Obama e os media norte-americanos procuram dar uma idéia de uma Rússia isolada. Nada mais falso! A Rússia  trabalha com os países BRICS, na Organização de Cooperação de Xangai e em outras alianças. Sem dar sinal algum de "empobrecimento", a Rússia está a comprar ouro, enquanto os EUA se afundam em dívidas e desemprego. Os responsáveis dos EUA são cada vez mais conhecidos em todo o  mundo como incapazes de jogar limpo. E na Europa cresce a antipatia com os EUA, por terem privado os europeus do comércio com a Rússia.

Essa história começa na 2a. Guerra Mundial, e no ódio cego contra a Rússia. Talvez também termine na mesma absoluta irracionalidade. Se o desespero dos responsáveis dos EUA levarem o país a uma guerra contra a Rússia, na Ucrânia ou em algum ponto da fronteira russa, onde a OTAN vive de jogos de guerra e provocações, é possível que essa história, do enlouquecimento dos EUA, seja a última narrativa que a humanidade poderá vir a ouvir sobre si própria.