Não é comum ver a pressão que os mais poderosos da União Europeia estão a fazer sobre a Grécia para poder dizer ao mundo que a fizeram ajoelhar e que bem fizeram governos como o português que fizeram afundar o nosso país.
Importa ter em conta que estas pressões já foram antecedidas por outro ajoelhar, esse de anteriores governos gregos que aceitaram um programa de "reajustamento" que provocou um vendaval entre os direitos dos trabalhadores e a economia grega.
Para que se informe e então se avalie, para que se questione e depois se questione o governo grego e os seus negociadores, para que possa elogiar ou criticar, caso pretenda lamentar ou exaltar, Varoufakis leu e apresentou na reunião de Eurogrupo de quinta-feira, que acabou como começou: em desacordo. A leitura é longa, mas recomendável e necessária para se perceber o que a Europa rejeitou e o que a Grécia pediu.
Importa ter em conta que estas pressões já foram antecedidas por outro ajoelhar, esse de anteriores governos gregos que aceitaram um programa de "reajustamento" que provocou um vendaval entre os direitos dos trabalhadores e a economia grega.
Para que se informe e então se avalie, para que se questione e depois se questione o governo grego e os seus negociadores, para que possa elogiar ou criticar, caso pretenda lamentar ou exaltar, Varoufakis leu e apresentou na reunião de Eurogrupo de quinta-feira, que acabou como começou: em desacordo. A leitura é longa, mas recomendável e necessária para se perceber o que a Europa rejeitou e o que a Grécia pediu.
Atenas volta a exigir na rua o fim da austeridade e chantagem. Manifestação Praça Syntagma, ontem, 21 junho |
Nota de
Varoufakis no seu blogue pessoal, onde disponibilizou o
discurso: “O único antídoto para a propaganda e para as 'fugas' malévolas
é a transparência. Depois de tanta desinformação em torno da apresentação que
fiz no Eurogrupo da posição do governo grego, a única resposta é publicar
exatamente as palavras que proferi. Leiam-nas e julguem por si mesmos se as
propostas do governo grego constituem ou não uma base para um acordo”.
Colegas,
Há cinco
meses, na minha primeira intervenção no Eurogrupo, disse-vos que o novo governo
grego enfrentava uma tarefa dupla:
Temos de
ganhar uma moeda preciosa sem desbaratar um importante capital. A moeda preciosa que tínhamos de ganhar era um sentimento de confiança, aqui, entre os nossos parceiros europeus e junto das instituições. Para obter essa moeda necessitaríamos de um pacote de reformas significativo e um plano de consolidação fiscal credível.
Quanto ao capital importante que não podíamos dar-nos ao luxo de desbaratar, esse era a confiança do povo grego, que teria de ser o pano de fundo de qualquer programa de reformas acordado que pusesse fim à crise grega. O pré-requisito para que esse capital não se perdesse era, e continua a ser, um só: a esperança tangível de que o acordo que levamos para Atenas:
. é o último a ser forjado em
condições de crise;
. compreende um pacote de reformas que põe fim a uma recessão ininterrupta de seis anos;
. não atinge selvaticamente os pobres como as anteriores reformas atingiram;
. torna a nossa dívida sustentável, criando assim perspetivas genuínas do regresso da Grécia aos mercados, terminando a nossa dependência pouco digna dos nossos parceiros para pagar os empréstimos que deles recebemos.
. compreende um pacote de reformas que põe fim a uma recessão ininterrupta de seis anos;
. não atinge selvaticamente os pobres como as anteriores reformas atingiram;
. torna a nossa dívida sustentável, criando assim perspetivas genuínas do regresso da Grécia aos mercados, terminando a nossa dependência pouco digna dos nossos parceiros para pagar os empréstimos que deles recebemos.
Cinco meses
passaram, o fim da estrada está à vista, mas este derradeiro ato de equilíbrio
não se materializou. Sim, no Grupo de Bruxelas estivemos quase. Quase é quanto?
Do lado dos impostos, as posições são realmente próximas, especialmente para
2015. Para 2016, o fosso restante representa 0,5% do PIB. Propusemos medidas
paramétricas de 2% contra os 2,5% em que as instituições insistem. Esta
diferença de meio por cento propomos eliminá-la através de medidas
administrativas. Seria, digo-vos, um erro tremendo deixar que esta minúscula
diferença causasse danos massivos na integridade da Zona Euro. A convergência
foi também alcançada num vasto leque de questões (ver na íntegra na íntegra o blogue pessoal de Varoufakis, atrás assinalado) que o Expresso traduziu e editou.
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