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sábado, 25 de dezembro de 2021

Bom fim de semana, por Jorge

 "Why ruin a good story with the truth?

"Para quê estragar uma boa estória com a verdade?"

Woody Allen (escritor, cineasta e ator americano, n.1935)





terça-feira, 21 de dezembro de 2021

WWA: Como manipular alguns impactos climáticos António Abreu

O noroeste do Pacífico foi atingido por uma onda de calor recorde em junho, com temperaturas acima de 35 graus acima do normal em alguns lugares. Em 28 de junho, Portland, Oregon, atingiu 46 graus. No final da semana passada, a região sofreu outra explosão de calor, com uma alta em Portland de 43 graus. O New York Times não hesitou em pronunciar os ataques da região como prova climática extrema de que o clima não estava apenas mudando, mas de forma catastrófica.

Para fazer essa afirmação, o Times contou com um “consórcio de especialistas em clima” que se autodenomina World Weather Attribution (WWA), um grupo organizado não apenas para atribuir situações  climáticas extremas às mudanças climáticas, mas para fazê-lo rapidamente. Poucos dias após a onda de calor de junho, estes investigadores
divulgaram uma apreciação, ao declarar que o feitiço tórrido “era virtualmente impossível sem a mudança climática causada pelo homem”.

O World Weather Attribution e o seu alarmante relatório  fora divulgado pela CNBC, Scientific American, CNN, Washington Post, USAToday e New York Times, entre outros.

A alegação do grupo de que o aquecimento global era o culpado foi talvez menos significativa do que a velocidade com que essa conclusão foi fornecida à mídia. Esforços anteriores para vincular eventos climáticos extremos às mudanças climáticas não tiveram o impacto que os cientistas esperavam, de acordo com a Time, porque "não estava produzindo resultados rápido o suficiente para chamar a atenção de pessoas fora do mundo da ciência do clima."

“Ser capaz de dizer com segurança que um determinado desastre climático foi causado pela mudança climática enquanto tal evento ainda chama a atenção do mundo”, explicou Time, aprovando, “pode ser uma ferramenta extremamente útil para convencer líderes, legisladores e outros de que a mudança climática é um ameaça que deve ser tratada. ” Em outras palavras, o valor da atribuição rápida é principalmente político, não científico.

                                                                       Cliff MassInconvenientemente para a atribuição do clima mundial, um cientista atmosférico com amplo conhecimento do clima do noroeste do Pacífico estava executando ativamente modelos de tempo que previam com precisão a onda de calor. Cliff Mass rejeitou a noção de que o aquecimento global era o culpado pelas temperaturas escaldantes. Ele calculou que o aquecimento global pode ter sido responsável por dois graus da anomalia de quase 40 graus. Com ou sem mudança climática, escreveu Mass, a região "ainda teria experimentado a onda de calor mais severa do século passado".

Mass não carece de credenciais relevantes para o assunto: professor de ciências atmosféricas na Universidade de Washington, é autor do livro “The Weather of the Pacific Northwest”.

Mass criticou diretamente o grupo World Weather Attribution: “Infelizmente, há sérias falhas em sua abordagem.” De acordo com Mass, a onda de calor foi o resultado da "variabilidade natural". Os modelos usados ​​pelo grupo internacional não tinham a "resolução para simular corretamente características críticas intensas de precipitação local" e "eles geralmente usam emissões de gases de efeito estufa irrealistas".

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Bom fim de semana por Jorge

 


"Wir müssen wissen. Wir werden wissen."
"Temos de saber. Havemos de saber."



David Hilbert (matemático alemão, 1862-1943) 
no discurso de aposentação na Sociedade de 
Médicos e Cientistas da Alemanha em 1930, 
palavras inscritas no seu epitáfio.

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

A propósito da questão da Ucrânia antónio abreu


O reforço progressivo de meios bélicos na Ucrânia ao longo deste ano é enorme e continua nestes dias. A sucessão de supostas ameaças da Rússia, fabricadas pelos serviços de informação ocidentais, e de ameaças contra a Rússia não param. 

Os EUA, a NATO e UE têm-se desdobrado em ameaças de sanções reforçadas contra a Rússia em caso de intervenção desta na Ucrânia. Mas são sanções que ela tornearia eficazmente e que refletem tão só algumas linhas de recuo relativamente à “resposta” militar à “invasão” russa da região do Donbass…, leitmotiv da crispação entre o Bem e o Mal, como nas estórias mais mal contadas às criancinhas… 

A chamada “revolução laranja”, de facto um golpe de natureza fascista, de 2014, em Kiev, capital da Ucrânia, traduziu-se na tomada do aparelho de estado, em termos violentos, por paramilitares organizados em partidos declaradamente nazis e, de imediato aos habitantes de origem russa ou que falassem russo, o que provocou inclusivamente a tentativa de habitantes do Donbass se deslocarem do Donbass para Kiev para protegerem os direitos dos habitantes de origem russa na parte ocidental do país. O novo poder em Kiev desencadeou uma linha de ataque contra o Donbass (região que inclui Luhansk e Donetsk), que reagiu criando meios próprios de defesa. É significativo que os partidos fascistas do golpe de Maidan tivessem como referência histórica o chefe dos nazis ucranianos que se aliaram aos nazis alemães, Stepan Bandera, que cooperou nos progrons antissemitas, e que tenha sido com o governo saído do golpe que EUA e UE andaram ao colo enquanto se realizavam perseguições contra os habitantes de origem russa. 

Neste quadro, a Crimeia aprovou em consulta popular, de resultados esmagadores, a integração na Federação Russa dias depois aceite pela Duma russa. Luhansk e Donetsk seguiram-lhe o exemplo, mas a Federação Russa já não aceitou a integração. 

Esta situação não se alterou substancialmente desde então. Nestes sete anos as condições económicas na Ucrânia agravaram-se muito, o neoliberalismo levou a alterações dramáticas e aventureiras na actividade produtiva, no emprego, na precarização das condições de trabalho e no alastramento da corrupção. A miséria subiu muito no país. 

Questão de particular importância tem sido o esforço das administrações norte-americanas desde Obama para “libertar” a Europa da sua dependência do gás russo. Para elas a Ucrânia não deveria aceitar que a nova conduta de gás natural da Rússia (Nord Stream 2) atravessasse o seu território, evitando a repetição do atravessamento da Ucrânia pelo anterior gasoduto, principal fonte de abastecimento da Europa. No ano passado 45% do consumo de gás natural na UE provinha da Rússia. A perda desse novo atravessamento faria a Ucrânia perder milhares de milhões de dólares de rendimentos. Porém as intenções dos EUA nada têm a ver com os interesses vitais da Ucrânia. O seu grande objetivo é travar a construção para poder exportar mais do seu próprio gás natural liquefeito (LNG, na sigla em inglês) para a Europa. Em abril de 2016, o porto de Sines foi o primeiro a receber um navio-tanque de LNG vindo dos EUA… 

A NATO e os EUA desejariam a entrada da Ucrânia para a organização. Mas a Rússia tem-se oposto a que se permita a outros países da NATO juntarem-se aos que já têm fronteira com a Rússia: Noruega, Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia e a Turquia. Quer a questão do Nord Stream 2 quer a da eventual entrada da Ucrânia dividem os países ocidentais e não devem integrar uma frente comum contra os interesses da Rússia.

sábado, 11 de dezembro de 2021

Bill Gates, de bolso cheio, prevê a data do fim da pandemia (!)

 8 de dezembro de 2021 

Bill Gates prevê a data de término da pandemia
A “fase aguda” da pandemia Covid-19 terminará em 2022, previu o bilionário fundador da Microsoft e entusiasta de vacinas Bill Gates no seu blog, onde considerou “preocupante”o surgimento da variante Omicron .

“ Pode ser tolice fazer outra previsão, mas acho que a fase aguda da pandemia chegará ao fim em 2022 ”, sugeriu o bilionário num post no seu blog GatesNotes. Dentro de alguns anos, espero que o único momento em que se tenha realmente  que pensar sobre o vírus seja quando tomar a vacina conjunta da Covid e da gripe em cada outono.

As empresas farmacêuticas têm, historicamente, problemas para vender a vacina contra a gripe às populações devido à sua taxa de eficácia comparativamente baixa, que se deve em grande parte ao facto de os cientistas terem de adivinhar qual a estirpe de influenza que será mais prevalente num determinado ano. 

Gates, no entanto, está otimista com a terapêutica, apontando que a gigante farmacêutica Merck recebeu recentemente a aprovação do FDA para seu antiviral molnupiravir para pessoas de alto risco. 

Disse que esta pílula “ reduz significativamente as chances de se ser hospitalizado ou morrer por causa da Covid-19 (embora não tanto quanto esperávamos inicialmente) ”.


O próprio Gates pode descansar com segurança sobre os louros,  porque aumentou, 
entretanto, durante a pandemia, o seu património líquido para 137 mil milhões de dólares .

O magnata da tecnologia reconheceu que, apesar do lançamento e absorção em massa das vacinas Covid-19 em todo o mundo,  morreram mais pessoas com o vírus em 2021 do que em 2020, acrescentando que a melhoria na situação de pandemia neste ano não foi tão " dramática " como esperava.

(...) 

Gates disse que era “ preocupante ” o aparecimento da variante Omicron do vírus  , mas disse que o mundo está hoje “ mais bem preparado para lidar com variantes potencialmente más ” do que estava antes. Os cientistas sul-africanos que descobriram a variante Omicron sugeriram, no essencial, que os sintomas são leves e não um grande motivo de preocupação.

Gates queixou-se repetidamente da desigualdade na distribuição de vacinas em todo o mundo, dizendo que para ele durante a pandemia era a " maior decepção " e dizendo que " não faz sentido " vacinar pessoas de baixo risco antes de populações mais velhas e vulneráveis ​​em países mais pobres. 

As suas muitas ONGs relacionadas com vacinas têm lutado para convencer os países ricos a desembolsar os fundos para vacinar as nações africanas, muitas das quais têm lidado com a pandemia melhor do que o esperado, graças à longa familiaridade com antiparasitários e antiparasitários baratos e amplamente disponíveis. medicamentos para a malária.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Bom fim de semana, por Jorge

"Ignoramus et ignorabimus"

"Ignoramos e continuaremos a ignorar"

expressão em latim que exprime o pessimismo acerca dos limites do conhecimento científico, por altura do século XIX.


segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

A segunda onda de progresso na América Latina desde 2019, por António Abreu

Na Nicarágua, renovando a maioria, no Peru, na Argentina, Honduras, México, Bolívia ganhando às forças de direita, no Chile será votada a nova constituição por uma assembleia maioritàriamente de esquerda

No Equador deu-se um retrocesso a favor de um grande magnata de direita.É certo que na última década vários foram os países de maiorias progressistas em que os EUA conseguiram recuperar posições perdidas, através de acções golpistas por si patrocinadas. Mas a persistência dos protestos populares minou a base social de apoio aos golpistas. O agravamento da exploração, das injustiças e desigualdades sociais e da opressão neocolonial, impôs ao imperialismo importantes recuos e reveses, que estão já a evoluir para processos que contêm o paradigma de transformação progressista nas respectivas sociedades.

Nesta nova vaga, as posições extremam-se. 



Os trabalhadores assumem a defesa das suas condições de vida, reclamam mudanças nas políticas e confrontam governos ainda de direita, denuniam assassinatos de dirigentes sindicais e indígenas. Querem que os organismos estatais que lhes permitiram aceder a um novo estatuto social, integrando direitos à saúde, à educação, à segurança social, que fez que todos possam assumir a defesa do ambiente, no concreto, nesta nova vertente das lutas de classe. Apoiam os direitos das mulheres, entretanto assumidos, a não discriminação de diferentes orientações sexuais  a ampliação da igualdade e da democratização da riqueza, e defendendo uma nova matriz produtiva para o crescimento económico e o bem-estar.

No outro lado defrontam o abandono da luta por parte da burguesia que esteve com eles mas que passou a ter medo de perder grandes e mesmo pequenos privilégios  de classe ou de casta. Estas classes médias, face ao agudizar da confrontação acabam por alinhar em movimentos de salvação político-religiosos que lhes acenam com o restabelecimento da autoridade patriarcal na família, com o carácter imutável de hierarquias de linhagem na sociedade e a liderança da economia pela propriedade privada face a um mundo incerto que extraviou o seu destino.

É uma luta que continua, que ganha a nossa solidariedade e a atenção nos seus desenvolvimentos.




sábado, 4 de dezembro de 2021

Bom fim de semana por Jorge

"Pensar es una traición a las ideas"

"Pensar é uma traição às ideias"

El Roto, vinheta no El País de 23 de novembro de 2021



COP26: sim, mas… António Abreu

Da COP 26 já ninguém fala. E afinal, para que serviu? Quais são os compromissos assumidos pelo governo português e como chegou a eles? Como vai  dar-se andamento a eles no nosso país?Ou foi tudo encenação?Voltaremos à resposta a estas perguntas num artigo posterior daqui a poucas semanas. E avaliaremos então o que foi possível lêr e ouvir sobre elas (se existirem...)

Abordemos, hoje, questões que apareceram associadas ao recente "debate" sobre as alterações climáticas: 

- energias alternativas aos combustíveis "fósseis", o clima, a responsabilidade humana nas alterações climáticas;

- as idéias do livro de Bill Gates de fevereiro deste ano e uma iniciativa de Geoengenharia, que o benemérito projectou  em Kiruna, na Suécia, mas que foi proibida pelo governo da Suécia, também deste ano, pelos riscos que envolvia para a natureza e os habitantes;

- os riscos dos relatórios do IPCC.

Ver o texto completo em abrilabril.pt/internacional/cop26-sim-mas