"Why ruin a good story with the truth?”
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sábado, 25 de dezembro de 2021
Bom fim de semana, por Jorge
terça-feira, 21 de dezembro de 2021
WWA: Como manipular alguns impactos climáticos António Abreu
O noroeste do Pacífico foi atingido por uma onda de calor recorde em junho, com temperaturas acima de 35 graus acima do normal em alguns lugares. Em 28 de junho, Portland, Oregon, atingiu 46 graus. No final da semana passada, a região sofreu outra explosão de calor, com uma alta em Portland de 43 graus. O New York Times não hesitou em pronunciar os ataques da região como prova climática extrema de que o clima não estava apenas mudando, mas de forma catastrófica.
Para fazer essa afirmação, o Times contou com um “consórcio de especialistas em clima” que se autodenomina World Weather Attribution (WWA), um grupo organizado não apenas para atribuir situações climáticas extremas às mudanças climáticas, mas para fazê-lo rapidamente. Poucos dias após a onda de calor de junho, estes investigadores
divulgaram uma apreciação, ao declarar que o feitiço tórrido “era virtualmente impossível sem a mudança climática causada pelo homem”.
O World Weather Attribution e o seu alarmante relatório fora divulgado pela CNBC, Scientific American, CNN, Washington Post, USAToday e New York Times, entre outros.
A alegação do grupo de que o aquecimento global era o culpado foi talvez menos significativa do que a velocidade com que essa conclusão foi fornecida à mídia. Esforços anteriores para vincular eventos climáticos extremos às mudanças climáticas não tiveram o impacto que os cientistas esperavam, de acordo com a Time, porque "não estava produzindo resultados rápido o suficiente para chamar a atenção de pessoas fora do mundo da ciência do clima."
“Ser capaz de dizer com segurança que um determinado desastre climático foi causado pela mudança climática enquanto tal evento ainda chama a atenção do mundo”, explicou Time, aprovando, “pode ser uma ferramenta extremamente útil para convencer líderes, legisladores e outros de que a mudança climática é um ameaça que deve ser tratada. ” Em outras palavras, o valor da atribuição rápida é principalmente político, não científico.
Cliff MassInconvenientemente para a atribuição do clima mundial, um cientista atmosférico com amplo conhecimento do clima do noroeste do Pacífico estava executando ativamente modelos de tempo que previam com precisão a onda de calor. Cliff Mass rejeitou a noção de que o aquecimento global era o culpado pelas temperaturas escaldantes. Ele calculou que o aquecimento global pode ter sido responsável por dois graus da anomalia de quase 40 graus. Com ou sem mudança climática, escreveu Mass, a região "ainda teria experimentado a onda de calor mais severa do século passado".Mass criticou diretamente o grupo World Weather Attribution: “Infelizmente, há sérias falhas em sua abordagem.” De acordo com Mass, a onda de calor foi o resultado da "variabilidade natural". Os modelos usados pelo grupo internacional não tinham a "resolução para simular corretamente características críticas intensas de precipitação local" e "eles geralmente usam emissões de gases de efeito estufa irrealistas".
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
Bom fim de semana por Jorge
terça-feira, 14 de dezembro de 2021
A propósito da questão da Ucrânia antónio abreu
O reforço progressivo de meios bélicos na Ucrânia ao longo deste ano é enorme e continua nestes dias. A sucessão de supostas ameaças da Rússia, fabricadas pelos serviços de informação ocidentais, e de ameaças contra a Rússia não param.
domingo, 12 de dezembro de 2021
sábado, 11 de dezembro de 2021
Bill Gates, de bolso cheio, prevê a data do fim da pandemia (!)
8 de dezembro de 2021
“ Pode ser tolice fazer outra previsão, mas acho que a fase aguda da pandemia chegará ao fim em 2022 ”, sugeriu o bilionário num post no seu blog GatesNotes. Dentro de alguns anos, espero que o único momento em que se tenha realmente que pensar sobre o vírus seja quando tomar a vacina conjunta da Covid e da gripe em cada outono.
As empresas farmacêuticas têm, historicamente, problemas para vender a vacina contra a gripe às populações devido à sua taxa de eficácia comparativamente baixa, que se deve em grande parte ao facto de os cientistas terem de adivinhar qual a estirpe de influenza que será mais prevalente num determinado ano.
Gates, no entanto, está otimista com a terapêutica, apontando que a gigante farmacêutica Merck recebeu recentemente a aprovação do FDA para seu antiviral molnupiravir para pessoas de alto risco.
Disse que esta pílula “ reduz significativamente as chances de se ser hospitalizado ou morrer por causa da Covid-19 (embora não tanto quanto esperávamos inicialmente) ”.
O próprio Gates pode descansar com segurança sobre os louros, porque aumentou, entretanto, durante a pandemia, o seu património líquido para 137 mil milhões de dólares .
O magnata da tecnologia reconheceu que, apesar do lançamento e absorção em massa das vacinas Covid-19 em todo o mundo, morreram mais pessoas com o vírus em 2021 do que em 2020, acrescentando que a melhoria na situação de pandemia neste ano não foi tão " dramática " como esperava.
(...)
Gates disse que era “ preocupante ” o aparecimento da variante Omicron do vírus , mas disse que o mundo está hoje “ mais bem preparado para lidar com variantes potencialmente más ” do que estava antes. Os cientistas sul-africanos que descobriram a variante Omicron sugeriram, no essencial, que os sintomas são leves e não um grande motivo de preocupação.
Gates queixou-se repetidamente da desigualdade na distribuição de vacinas em todo o mundo, dizendo que para ele durante a pandemia era a " maior decepção " e dizendo que " não faz sentido " vacinar pessoas de baixo risco antes de populações mais velhas e vulneráveis em países mais pobres.
As suas muitas ONGs relacionadas com vacinas têm lutado para convencer os países ricos a desembolsar os fundos para vacinar as nações africanas, muitas das quais têm lidado com a pandemia melhor do que o esperado, graças à longa familiaridade com antiparasitários e antiparasitários baratos e amplamente disponíveis. medicamentos para a malária.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2021
segunda-feira, 6 de dezembro de 2021
A segunda onda de progresso na América Latina desde 2019, por António Abreu
Na Nicarágua, renovando a maioria, no Peru, na Argentina, Honduras, México, Bolívia ganhando às forças de direita, no Chile será votada a nova constituição por uma assembleia maioritàriamente de esquerda
No Equador deu-se um retrocesso a favor de um grande magnata de direita.É certo que na última década vários foram os países de maiorias progressistas em que os EUA conseguiram recuperar posições perdidas, através de acções golpistas por si patrocinadas. Mas a persistência dos protestos populares minou a base social de apoio aos golpistas. O agravamento da exploração, das injustiças e desigualdades sociais e da opressão neocolonial, impôs ao imperialismo importantes recuos e reveses, que estão já a evoluir para processos que contêm o paradigma de transformação progressista nas respectivas sociedades.
Nesta nova vaga, as posições extremam-se.
Os trabalhadores assumem a defesa das suas condições de vida, reclamam mudanças nas políticas e confrontam governos ainda de direita, denuniam assassinatos de dirigentes sindicais e indígenas. Querem que os organismos estatais que lhes permitiram aceder a um novo estatuto social, integrando direitos à saúde, à educação, à segurança social, que fez que todos possam assumir a defesa do ambiente, no concreto, nesta nova vertente das lutas de classe. Apoiam os direitos das mulheres, entretanto assumidos, a não discriminação de diferentes orientações sexuais a ampliação da igualdade e da democratização da riqueza, e defendendo uma nova matriz produtiva para o crescimento económico e o bem-estar.
No outro lado defrontam o abandono da luta por parte da burguesia que esteve com eles mas que passou a ter medo de perder grandes e mesmo pequenos privilégios de classe ou de casta. Estas classes médias, face ao agudizar da confrontação acabam por alinhar em movimentos de salvação político-religiosos que lhes acenam com o restabelecimento da autoridade patriarcal na família, com o carácter imutável de hierarquias de linhagem na sociedade e a liderança da economia pela propriedade privada face a um mundo incerto que extraviou o seu destino.
É uma luta que continua, que ganha a nossa solidariedade e a atenção nos seus desenvolvimentos.
sábado, 4 de dezembro de 2021
Bom fim de semana por Jorge
COP26: sim, mas… António Abreu
Da COP 26 já ninguém fala. E afinal, para que serviu? Quais são os compromissos assumidos pelo governo português e como chegou a eles? Como vai dar-se andamento a eles no nosso país?Ou foi tudo encenação?Voltaremos à resposta a estas perguntas num artigo posterior daqui a poucas semanas. E avaliaremos então o que foi possível lêr e ouvir sobre elas (se existirem...)
Abordemos, hoje, questões que apareceram associadas ao recente "debate" sobre as alterações climáticas:
- energias alternativas aos combustíveis "fósseis", o clima, a responsabilidade humana nas alterações climáticas;
- as idéias do livro de Bill Gates de fevereiro deste ano e uma iniciativa de Geoengenharia, que o benemérito projectou em Kiruna, na Suécia, mas que foi proibida pelo governo da Suécia, também deste ano, pelos riscos que envolvia para a natureza e os habitantes;
- os riscos dos relatórios do IPCC.
Ver o texto completo em abrilabril.pt/internacional/cop26-sim-mas
sábado, 27 de novembro de 2021
Bom fim de semana!, por Jorge
"Wenn Kinder klein sind, gib ihnen Wurzeln, wenn sie groß sind, verleih ihnen Flügel.“
Remunerações e níveis de escolaridade
Eugénio Rosa continua a sua série de Estudos, desta vez
“AS REMUNERAÇÕES DOS TRABALHADORES REFLETEM CADA VEZ MENOS OS SEUS NIVEIS DE ESCOLARIDADE E DE QUALIFICAÇÃO O QUE TEM CONSEQUENCIAS GRAVES PARA OS TRABALHADORES E PARA O NOSSO PAÍS”
que é a continuação de um outro com o titulo “A distorções dos salários em Portugal”, em que analiso (neste), utilizando dados oficiais, a redução significativa das diferenças das remunerações auferidas pelos trabalhadores com níveis de escolaridade e, consequentemente, de qualificação muito diferentes, o que está a criar fortes obstáculos ao crescimento económico e ao desenvolvimento do país pois é cada vez mais difícil, quer as empresas quer a Administração Pública, contratar trabalhadores com conhecimentos e competências elevadas. E isto até porque muitos dos trabalhadores com elevadas qualificações estão a emigrar para o estrangeiro em busca de remunerações e condições de trabalho mais dignas. Esta política de baixas remunerações praticada pelas entidades patronais, e também pelos sucessivos governos, incluindo o atual, na Administração Pública, de que é exemplo concreto o que tem acontecido no SNS, está a conduzir o pais ao atraso e ao subdesenvolvimento
sexta-feira, 19 de novembro de 2021
Bom fim de semana, porJorge
"Every day is a renewal, every morning the daily miracle. This joy you feel is life."
segunda-feira, 15 de novembro de 2021
Da COP 26, alguma coisa saiu, contrariando maus presságios - António Abreu
Algumas das conclusões
As conclusões da COP 26 traduzem-se
num progresso quanto à definição de
responsabilidades que daqui por um ano poderão ser revistas e avaliadas, se
o percurso está a ser compatível com manter o acréscimo de temperatura nos +
1ºC, acima dos registados antes da revolução industrial, até 2040.
A aprovação de um «livro de regras» sobre todos os
aspetos de aplicação do acordo era essencial, bem como a necessidade de um
consenso em torno de atualizações anuais, em vez dos cinco anos das CND
(contribuições nacionalmente determinadas) de todos os países, como forma mais
eficaz de sincronizar os compromissos nacionais com o espírito da COP 25, de
Paris.
Os países menos desenvolvidos
são os mais afetados e os menos preparados para resistir às alterações
climáticas. É uma difícil transição energética, que os países mais ricos
têm outras condições para percorrer. O acordo de Paris reconhecia a necessidade
de os países mais ricos contribuírem com financiamento foi um dos pontos de
maior discórdia. O texto final da COP 26 regista "com preocupação"
que o financiamento climático para medidas de adaptação "continua a ser
insuficiente", já que não foram cumpridos os compromissos de mobilizar 100
mil milhões de dólares em 2020. O Pacto "incita" os países
desenvolvidos a duplicar o financiamento até 2025.
Importa ter sempre em conta que a “crise climática” é uma das crises que o
capitalismo provocou, que as emissões que levam ao cálculo do número 1.5ºC
contêm valores acumulados dos países ricos, há muito mais tempo que os países
pobres que, por sua vez se apresentam com maior fragilidade no enfrentar os
desastres naturais nos dias de hoje.
Também foram discutidos os apoios
para catástrofes reais provocadas pelas alterações climáticas, as perdas e danos. Foi reiterada a
urgência de aumentarem os apoios, financeiros e de tecnologia, para minimizar e
enfrentar as perdas e danos, reforçando também parcerias entre países ricos e
pobres.
Para se cumprir com limite de
1,5º C até 2030, ficou consagrado o conselho do IPCC de que são necessários cortes de emissões de 45% até 2030, relativamente
às de 2010 (mitigação).
O livro de regras destinadas a ajudar a reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2), também impede por exemplo a dupla contagem do carbono (pelo vendedor e comprador).
A COP 26 fala pela primeira vez na questão dos combustíveis fósseis. Um rascunho inicial apelava aos países para que acelerassem a eliminação gradual dos subsídios ao carvão e aos combustíveis fósseis (sem referência explícitas ao petróleo e gás natural), mas o texto final aprovado, apesar dos protestos da EU, da Suíça e mais alguns países, refere "intensificação dos esforços" para reduzir o carvão e eliminar os subsídios a combustíveis fósseis.
A China e os EUA na COP
26
Ora não é que, no dia 10, a China e os EUA - que representam quase 40%
das emissões mundiais de carbono - reconheceram que há uma lacuna entre os
esforços atuais e os objetivos do Acordo de Paris. Por isso, os dois países vão "fortalecer em conjunto a acção climática".
Uma declaração do Ministério de
Ecologia e Meio Ambiente chinês refere que os negociadores concordaram em
melhorar a implementação do acordo climático de Paris de 2015, bem como novas medidas baseadas no "princípio de responsabilidades comuns,
mas diferenciadas e respectivas capacidades."
Os EUA comprometeram-se a atingir
emissões líquidas de carbono zero até 2050. A China atingirá o pico de emissões
antes de 2030 e as eliminará até 2060, o que, segundo eles, representa a
transição mais rápida do carbono de qualquer grande economia. Os dois são
atualmente os maiores emissores de gases de efeito estufa, embora a produção per capita da China seja a metade da dos
EUA e também tenha um histórico muito mais curto de atividade intensiva em
carbono.
Falando da declaração conjunta,
Xie disse que abrange áreas como a implementação
da tecnologia de captura de carbono, electrificação da economia, novas medidas
para prevenir o desmatamento global e redução das emissões de metano. O
metano, que é até 86 vezes mais potente do que o dióxido de carbono como gás de
efeito estufa, é uma questão especial para causar o maior impacto nesta década.
A China disse que vai produzir um plano de ação nacional para conter a sua
descarga no meio ambiente.
O apoio aos países em desenvolvimento
tem sido um ponto crítico particular na última ronda de negociações sobre o
clima, com uma promessa de 100 mil
milhões de dólares em fundos anuais, que não foi concretizado. A China
disse que havia concordado com os negociadores dos EUA em realçar a importância
de cumprir essa meta.
Falando numa conferência de
imprensa separada, o representante dos EUA, John Kerry, disse que o acordo representa uma determinação de não
permitir que as tensões entre Pequim e Washington ameacem a saúde do planeta. E
acrescentou, procurando fazer ironia “Os
Estados Unidos e a China não têm falta de diferenças entre si”, acrescentou.
"Mas, no que diz respeito ao clima,
a cooperação é a única maneira de fazer esse trabalho."
A aprovação de um «livro de regras» sobre todos os aspetos
de aplicação do acordo era essencial, bem como a necessidade de um consenso em
torno de atualizações anuais, em vez dos cinco anos das CND (contribuições
nacionalmente determinadas) de todos os países, como forma mais eficaz de sincronizar
os compromissos nacionais com o ciclo de ambição de Paris.
Nesta declaração de ambos os
países, ambos reiteraram que observarão o acordo climático de Paris para manter as temperaturas abaixo de dois
graus.
Eles concordaram em acelerar a redução das emissões verdes e de carbono,
trabalhando em conjunto com outros países.
A China e os Estados Unidos
também chegaram a um consenso sobre o
financiamento do clima e as contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) de
Paris (fundos de apoio aos países com dificuldades em cumprir com a transição
verde).
Ambos manterão um diálogo
político sobre as energias renováveis num esforço para reduzir o poder do
carvão.
Alguns pontos nos ii
de
os países mais poluentes serem a China, a India, os Estados Unidos e a
Federação Russa. Só um jornalista inculto pode aceitar tais
afirmações que são baseadas apenas na emissão total de CO2 sem ter a linha de
conta o número de habitantes desses países.
Os valores per capita destes países são, respectivamente, e referindo-se
a toneladas de CO2 emitidas em 2018 (dados do Banco Mundial), a China 7.4, a
India 1.8, os EUA 15.2, e a Federação Russa 11.1.
Isto é, os EUA produzem o dobro
das emissões da China, mais oito vezes que a India, ou mais um terço que a
Rússia.
Não nos referimos a outros
países, como vários países árabes que chegam a emitir o mesmo ou muito mais que
os EUA…
Depois existem os que debitam opiniões falsas, como é o caso (incurável) de Tereza de Sosa que no Público deste último domingo escreveu “Não foi por acaso que Xi e Putin não encontraram tempo para se deslocar a Roma, para o G20, e a Glasgow, para a COP26. Não admitem ser confrontados, nem nas salas das reuniões, nem nos protestos e nas denúncias das ruas” ...
Será que a jornalista estava à
espera de grandes refregas entre manifestantes e dirigentes de alguns países?
Outros apontamentos
Ao longo da última semana foram discutidos três rascunhos das conclusões. Mas até se chegar à
aprovação em plenário das delegações dos vários países, ainda houve mais dois rascunhos, em consequência das negociações por grupos de países que não se reviam em versões anteriores e até no plenário de aprovação, um grupo de dezenas de países, representado pela India, e onde se incluíam a China, os EUA, a Rússia, com sérias reservas da UE, Suíça e outros.
Se a Conferência de Paris de 2015 definiu metas importantes - nalguns
casos de longo prazo -, o que é certo é que não foram definidas as acções que
se foram desenvolvendo, por opção de cada país, e os CND (Contribuições
Nacionalmente Determinadas) por eles apresentados, analisados ao longo deste
ano, foram de modo a que o Secretário-Geral da ONU falasse na abertura desta
conferência de estarmos “no caminho para
um desastre climático”. De facto,
foram seis anos em que só alguns países definiram um planeamento de acções de
transição energética que executaram.
Se a COP 25, de Paris, popularizou metas a atingir, terminando em
grande confiança, ao longo de 2021 foram-se acumulando presságios que geraram
um clima de desespero que persistiu até ao final da COP 26.
E nos primeiros dias da
conferência, Joe Biden, John Kerry e
Barack Obama criticaram a Rússia e a China por subestimarem a conferência
pela ausência física dos seus presidentes, pouco se importando com o facto da
generalidade dos países presentes não seguirem tal narrativa.
Foi lamentável a criação de um ambiente visando atribuir
responsabilidades por eventuais resultados negativos, omitindo o contributo dos
EUA para isso. E omitiram o trabalho feito por centenas de técnicos de
ambos os países e de muitos outros países, incluindo dos EUA. Foi um trabalho de
negociação, procurando harmonização de compromissos nos temas mais difíceis,
procurando mais metas de curto prazo do que encher a boca com as metas de longo
prazo.
Nesta COP 26, ficou claro ser
importante passar do diagnóstico para a
“prescrição”. As alterações climáticas têm soluções. Mas ninguém nos vai dar um novo ambiente. Vai ter que se trabalhar para isso
mudando políticas e paradigmas, planos e prescrições. Assim se prosseguirão caminhos de progresso,
longe do simples diagnóstico e em direção a soluções viáveis de serem
trabalhadas.
sábado, 6 de novembro de 2021
sexta-feira, 5 de novembro de 2021
Bom fim-de-semana, por Jorge
"There is no there there"
O russo FM Lavrov denuncia "Cúpula pela Democracia" dos EUA
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, denunciou os Estados Unidos por planearem realizar uma "Cimeira pela Democracia" numa entrevista recente, informou hoje a agência de notícias russa TASS.
Já numa declaração em 11 de agosto, a Casa Branca tinha dito que o presidente dos EUA, Joe Biden, realizaria uma "Cimeira (virtual) pela Democracia" em 9 e 10 de dezembro, declarando que ela reuniria líderes de um grupo diversificado de democracias de todo o mundo".
"A Cimeira pela Democracia" tem o objetivo de classificar pessoas e países em democráticos e não democráticos", disse Lavrov ao canal de TV Rossiya-24.
"Do meu ponto de vista os americanos desejam obter o máximo de lealdade para criar a impressão de que existe uma multidão liderada por Washington."
Lavrov disse ter a certeza de que os Estados Unidos farão tentativas de atrair para a iniciativa alguns dos parceiros e aliados estratégicos da Rússia.
Alguns desses parceiros têm sussurrado aos ouvidos de governantes russos que foram solicitados para estarem preparados e que um convite estava para lhes chegar em breve.Questionados sobre o que farão lá, eles respondem, vão fazer uma declaração online. Uma declaração final será emitida depois. Sobre a possibilidade de a ver antes, esses parceiros responderam que seria mostrado mais tarde
"É um tipo de relacionamento entre soberanos e vassalos.", comentaria Lavrov.
quinta-feira, 4 de novembro de 2021
COP 26 - do descrédito a alguma construção
Tal como na COP 25, nesta COP 26 velhas ideias estão a ser traficadas, desconsiderando o esforço dos países em vias de desenvolvimento, das organizações ambientais e da discussão da calendarização do combate ao desastre ecológico e os objectivos e datas das acções que o possam conjurar.
Uma dessas situações é a luta política conduzida para ajudar a criar a ideia de que se a COP
26 fracassar, a responsabilidade seria dos políticos que não se teriam entendido.
Desde que Joe Biden foi eleito no
início do ano, passou a fazer guerra à China e Rússia. Isso hoje está presente
em múltiplos aspectos das relações internacionais. Biden também aproveitou a
oportunidade da COP 26 para meter veneno.
Joe Biden, no final do G20 expressou “decepção” com o facto de a Rússia e a China “não terem assumido quaisquer compromissos” para lidar com as alterações climáticas. E que, por isso, as pessoas se sentiriam desapontadas. Porém nem os EUA nem o G 20 assumiram compromissos no parar o financiamento a centrais eléctricas a carvão em países pobres e assumiram um vago compromisso de atingiriam a neutralidade do carbono por volta de meados do século.
Quer a China
quer a Rússia assumiram compromissos. E trabalharam desde a COP 25 de Paris
para os cumprir. Existem reflexões produzidas sobre as alterações climáticas
sentidas em ambos os países, que determinaram uma série de medidas para as
resolver. Que foram realizadas.
Biden mentiu. Mas os participantes nesta COP 26 têm estes relatórios.
A RTP e outros media em Portugal não se referiram a eles enquanto têm insistido na
mistificação, limitando-se a reproduzir sound bites de origens sem
credibilidade.
Apesar da ausência dos seus presidentes, quer a China quer a Rússia têm
poderosas delegações nesta conferência, estão a conversar com as outras partes,
a prepararem as posições comuns sobre diversas questões para serem assinadas.
Isso apesar de nem Xi-Jinping nem Putin se terem deslocado a Glasgow por razões
que foram conhecidas.
Declaração, de natureza completamente
diferente da de Joe Biden, foi a de Xi-Jinping na passada 2ª. feira. Quando se
trata de desafios globais como as mudanças climáticas, o multilateralismo é a
receita certa, disse Xi, destacando a importância da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), e seu Acordo
de Paris.
A China, o maior emissor mundial
de gases de efeito estufa na actualidade, entregou oficialmente, no passado dia
28, os seus novos compromissos climáticos.
Na sua nova "Contribuição
Determinada em Nível Nacional (NDC, na sigla em inglês)", Pequim
compromete-se a alcançar o seu pico de emissões "antes de 2030", e a
neutralidade de carbono, "antes de 2060". Estas metas mantêm-se
dentro do que já havia sido antecipado pelo presidente Xi Jinping.
Apresentadas no site da UNFCCC,
estas novas contribuições prevêem reduzir a intensidade de carbono (emissões de
CO2 em relação ao PIB) em mais de 65% em relação a 2005.
Na sua anterior NDC, a China
comprometia-se a reduzir a sua intensidade de carbono entre 60% e 65%, até 2030,
e a conseguir o seu pico de carbono "por volta de 2030".
Neste novo contributo, Pequim
lembra que os países desenvolvidos devem "assumir as suas
responsabilidades históricas e continuar a assumir, com clareza, a redução de
emissões".
A China também se comprometeu a
aumentar a participação de combustíveis não fósseis a 25% no seu consumo,
contra 20% na sua NDC anterior, em particular com o aumento de sua capacidade
instalada de energia solar e eólica para 1,2 biliões de kW até 2030, assim como
com o aumento florestal em 6 mil milhões de metros cúbicos em relação a 2005.
A nova contribuição da China,
responsável por mais de um quarto das emissões globais de gases de efeito
estufa, era, portanto, aguardada com ansiedade antes da COP26. O compromisso
chinês era especialmente aguardado, depois do anúncio pela ONU, na
segunda-feira, de que os novos compromissos climáticos assumidos nas últimas
semanas ainda conduziriam o mundo a um aquecimento "catastrófico" de
+2,7°C.
Não só os EUA mentiram quanto às metas da China, só publicando as suas, englobadas nas do G
20, um dia depois (29), da publicação pela ONU das da China (28), e, como
tinham feito até então, tentaram traficar a mentira impondo mais um anátema
contra este país. Mais, porque não foi ainda permitido à China apresentar uma
mensagem do seu presidente em vídeo?
Quanto à Rússia, Vladimir Putin, participa na cimeira de forma virtual, com mensagem que já foi emitida.
O país é o quarto maior emissor
de gases com efeito de estufa e pretende reduzir as emissões em 79% até 2050 em relação a 1990.
Moscovo procura ainda alcançar a
neutralidade carbónica até 2060.
Putin afirmou no G 20 que a
participação de fontes de energia neutras em carbono - nuclear, hidroelétrica,
eólica e solar – ultrapassou os 40% na Rússia. Se se contar com o gás natural,
que entre os hidrocarbonetos tem a menor pegada de carbono, essa participação
seria de 86%. É um dos melhores resultados do mundo.
(abro parêntesis para referir que
a comunidade internacional pode vir a considerar como não poluentes a energia produzida
pelas centrais nucleares e pelo gás natural).
Putin sugeriu que a comunidade
mundial precisa testar vários projetos climáticos em termos do seu impacto
líquido nas emissões por cada dólar de investimento, “Pode muito bem acontecer
que, por exemplo, a conservação das florestas na Rússia ou na América Latina
seja mais eficaz do que investir em energias renováveis em algumas nações".
Ele acrescentou que a Rússia não
apenas reduzirá as emissões de gases de efeito estufa na economia do país, como
investirá também em os capturar por meio de projectos de reflorestação,
preservação da natureza e melhoria da eficiência da agricultura.
A Rússia também sofreu taxas
altas de perda de cobertura arbórea em 2020, em grande parte devido a incêndios
na Sibéria. A Sibéria sofreu com temperaturas altas em 2020, incomuns para a
primavera e o verão, provavelmente devido à mudança climática, que ressecou
florestas e levou a incêndios intensos. Os incêndios também queimaram turfas
ricas em carbono, que estão habitualmente congeladas.
Além disso, a Rússia foi
explícita quanto ao esperar vantagens concretas em troca da cooperação em
matéria de mudança climática, inclusive na forma do levantamento de algumas sanções.
Os EUA são o
segundo maior emissor de gases com efeito de estufa e estiveram durante quatro
anos de costas voltadas para o clima, quando o ex-presidente Donald Trump
abandonou o Acordo de Paris. O país regressou ao acordo no início deste ano, no
próprio dia em que o novo presidente, Joe Biden, tomou posse.
Em abril, durante uma cimeira
sobre o clima, Joe Biden prometeu cortar as emissões de gases de efeito de
estufa do país em 53% até 2030 (relativamente aos níveis de 2005) e "passar a
liderar" a luta global contra o aquecimento global. Biden também estipulou como
objetivo descarbonizar a economia dos EUA inteiramente até 2050. Aguardam-se
ainda os seus compromissos para esta COP 26.
Em 2015, a Índia
tinha-se comprometido a cortar a intensidade carbónica em 33% a 35% até 2030 em
relação aos níveis de 2005, alcançando uma redução de 24% até 2016. O país
também se está a aproximar agora da meta de atingir cerca de 40% da produção de
electricidade com base em energias renováveis – uma meta colocada até 2030.
Aguardam-se a confirmação dos compromissos para esta COP 26.
Quanto à União Europeia,
os seus 27 Estados-membros apresentaram em Glasgow cinco novas medidas para
combater as alterações climáticas. Entre elas está a redução em 30%, e até 2030, das emissões de metano, um dos gases que mais contribui para o aquecimento
global (se bem que num tempo menor que o CO2, por exemplo), a atribuição de mais mil milhões de euros para a preservação das
florestas e o envio de cinco mil milhões até 2027 para os países mais
desfavorecidos combaterem as alterações climáticas.
Mas, estarão os compromissos dos
países alinhados com os objetivos a que todos se procuram ajustar? António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações
Unidas (ONU), já respondeu a esta questão e é claro: os compromissos dos países
"são um caminho para o desastre". Afirmou também que há um
"défice de credibilidade e um superavit de confusão sobre redução de
emissões, com metas e métricas diferentes.
Apesar dos compromissos
assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde
em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia do covid-19, segundo a ONU, que estima que ao actual ritmo de emissões, as
temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 °C.
Por isso, além dos mecanismos
estabelecidos no Acordo de Paris, anunciou, no primeiro dia da conferência, que
iria constituir um grupo de especialistas para propor padrões claros para medir
e analisar os compromissos de emissão zero de atores não estatais.
A forma como os EUA e Reino Unido
declaram ter conseguido “mobilizar mais de 450 instituições financeiras que se
comprometeram em deixar de injectar dinheiro nos combustíveis fósseis” é típico
de uma mentalidade administrativa que não se compadece com a diversidade de
percursos na transição energética de que diferentes países carecem. Atingir a
neutralidade carbónica pode ter de passar, em não poucos pelo uso de energias fósseis.
Foi muito positivo o acordo sobre as florestas.
A agência da ONU para a
Alimentação e Agricultura (FAO) estimava em 7/5/2020 que o ritmo de destruição
das florestas tinha descido de 7,8 milhões de hectares anuais na década de 1990
para 4,7 milhões de hectares entre 2010 e 2020 por causa da redução da
desflorestação em alguns países e o aumento da cobertura florestal em outros.
Segundo esse relatório da FAO, desde
2010, as maiores perdas aconteceram em África e na América do Sul. Entre 2015 e
2020, o ritmo de desflorestação situou-se nos 10 milhões de hectares por ano,
menos dois milhões do que nos cinco anos anteriores. No ano de 2015, perderam-se
98 milhões de hectares devido a incêndios, sobretudo nas zonas tropicais, onde
arderam 40% das florestas, sobretudo em África e na América do Sul.
Globalmente, existem 4.050
milhões de hectares de floresta, cobrindo um terço da superfície do planeta.
Mais de 90% das florestas regeneraram-se naturalmente, estima a FAO, que
analisou dados de 236 países.
Os dias da conferência, até ao seu encerramento no dia 12, permitirão novos acordos com discussões, trocas de experiências e ajustes de posições de forma a garantir parte da expectativa que ela criou no mundo.
A credibilidade perdida de
algumas previsões mais catastrofistas do passado, exigem compromissos assentes
em dados e previsões bem sustentados na realidade para não se repetiram
mentiras tão grosseiras como as produzidas por Al Gore no filme “Uma verdade
inconveniente” (2007), que ganhou um Oscar e fez do seu autor Prémio Nobel da
Paz…
Biden insiste em ser líder neste processo,
mas o resto do mundo encara-o como uma construção coletiva assente no
multilateralismo.