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sábado, 27 de novembro de 2021

Bom fim de semana!, por Jorge

"Wenn Kinder klein sind, gib ihnen Wurzeln, wenn sie groß sind, verleih ihnen Flügel.“


"Quando as crianças são pequenas dá-lhes raízes, quando forem grandes dá-lhes asas"

Johann Wolfgang von Goethe 
poeta romântico alemão, 1749-1832

Remunerações e níveis de escolaridade



Eugénio Rosa continua a sua série de Estudos, desta vez 

AS REMUNERAÇÕES DOS TRABALHADORES REFLETEM CADA VEZ MENOS OS SEUS NIVEIS DE ESCOLARIDADE E DE QUALIFICAÇÃO O QUE TEM CONSEQUENCIAS GRAVES PARA OS TRABALHADORES E PARA O NOSSO PAÍS

que  é a continuação de um outro com o titulo “A distorções dos salários em Portugal”, em que analiso (neste), utilizando dados oficiais, a redução significativa das diferenças das remunerações auferidas pelos trabalhadores com níveis de escolaridade e, consequentemente, de qualificação muito diferentes, o que está a criar fortes obstáculos ao crescimento económico e ao desenvolvimento do país pois é cada vez mais difícil, quer as empresas quer a Administração Pública, contratar trabalhadores com  conhecimentos e competências elevadas. E isto até porque muitos dos trabalhadores com elevadas qualificações estão a emigrar para o estrangeiro em busca de remunerações e condições de trabalho mais dignas. Esta política de baixas remunerações praticada pelas entidades patronais, e também pelos sucessivos governos, incluindo o atual, na Administração Pública, de que é exemplo concreto o que tem acontecido no SNS, está a conduzir o pais ao atraso e ao subdesenvolvimento

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Pintura do pintor mexicano Rufino Tamayo (1899-1991)

 


Bom fim de semana, porJorge

"Every day is a renewal, every morning the daily miracle. This joy you feel is life."

 "Cada dia é uma renovação, cada manhã o milagre diário. Esta alegria que sentes é vida"


 Gertrude Stein 
  
 poetisa americana 1874-1946



segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Da COP 26, alguma coisa saiu, contrariando maus presságios - António Abreu

  

Algumas das conclusões

As conclusões da COP 26 traduzem-se num progresso quanto à definição de responsabilidades que daqui por um ano poderão ser revistas e avaliadas, se o percurso está a ser compatível com manter o acréscimo de temperatura nos + 1ºC, acima dos registados antes da revolução industrial, até 2040.

A aprovação de um «livro de regras» sobre todos os aspetos de aplicação do acordo era essencial, bem como a necessidade de um consenso em torno de atualizações anuais, em vez dos cinco anos das CND (contribuições nacionalmente determinadas) de todos os países, como forma mais eficaz de sincronizar os compromissos nacionais com o espírito da COP 25, de Paris.

Os países menos desenvolvidos são os mais afetados e os menos preparados para resistir às alterações climáticas. É uma difícil transição energética, que os países mais ricos têm outras condições para percorrer. O acordo de Paris reconhecia a necessidade de os países mais ricos contribuírem com financiamento foi um dos pontos de maior discórdia. O texto final da COP 26 regista "com preocupação" que o financiamento climático para medidas de adaptação "continua a ser insuficiente", já que não foram cumpridos os compromissos de mobilizar 100 mil milhões de dólares em 2020. O Pacto "incita" os países desenvolvidos a duplicar o financiamento até 2025. 

Importa ter sempre em conta que a “crise climática” é uma das crises que o capitalismo provocou, que as emissões que levam ao cálculo do número 1.5ºC contêm valores acumulados dos países ricos, há muito mais tempo que os países pobres que, por sua vez se apresentam com maior fragilidade no enfrentar os desastres naturais nos dias de hoje.

Também foram discutidos os apoios para catástrofes reais provocadas pelas alterações climáticas, as perdas e danos. Foi reiterada a urgência de aumentarem os apoios, financeiros e de tecnologia, para minimizar e enfrentar as perdas e danos, reforçando também parcerias entre países ricos e pobres.

Para se cumprir com limite de 1,5º C até 2030, ficou consagrado o conselho do IPCC de que são necessários cortes de emissões de 45% até 2030, relativamente às de 2010 (mitigação).

O livro de regras destinadas a ajudar a reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2), também impede por exemplo a dupla contagem do carbono (pelo vendedor e comprador).

A COP 26 fala pela primeira vez na questão dos combustíveis fósseis. Um rascunho inicial apelava aos países para que acelerassem a eliminação gradual dos subsídios ao carvão e aos combustíveis fósseis (sem referência explícitas ao petróleo e gás natural), mas o texto final aprovado, apesar dos protestos da EU, da Suíça e mais alguns países, refere "intensificação dos esforços" para reduzir o carvão e eliminar os subsídios a combustíveis fósseis.

 

A China e os EUA na COP 26

Ora não é que, no dia 10, a China e os EUA - que representam quase 40% das emissões mundiais de carbono - reconheceram que há uma lacuna entre os esforços atuais e os objetivos do Acordo de Paris. Por isso, os dois países vão "fortalecer em conjunto a acção climática".

Uma declaração do Ministério de Ecologia e Meio Ambiente chinês refere que os negociadores concordaram em melhorar a implementação do acordo climático de Paris de 2015, bem como novas medidas baseadas no "princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas e respectivas capacidades."

Os EUA comprometeram-se a atingir emissões líquidas de carbono zero até 2050. A China atingirá o pico de emissões antes de 2030 e as eliminará até 2060, o que, segundo eles, representa a transição mais rápida do carbono de qualquer grande economia. Os dois são atualmente os maiores emissores de gases de efeito estufa, embora a produção per capita da China seja a metade da dos EUA e também tenha um histórico muito mais curto de atividade intensiva em carbono.

Falando da declaração conjunta, Xie disse que abrange áreas como a implementação da tecnologia de captura de carbono, electrificação da economia, novas medidas para prevenir o desmatamento global e redução das emissões de metano. O metano, que é até 86 vezes mais potente do que o dióxido de carbono como gás de efeito estufa, é uma questão especial para causar o maior impacto nesta década. A China disse que vai produzir um plano de ação nacional para conter a sua descarga no meio ambiente.

O apoio aos países em desenvolvimento tem sido um ponto crítico particular na última ronda de negociações sobre o clima, com uma promessa de 100 mil milhões de dólares em fundos anuais, que não foi concretizado. A China disse que havia concordado com os negociadores dos EUA em realçar a importância de cumprir essa meta.

Falando numa conferência de imprensa separada, o representante dos EUA, John Kerry, disse que o acordo representa uma determinação de não permitir que as tensões entre Pequim e Washington ameacem a saúde do planeta. E acrescentou, procurando fazer ironia “Os Estados Unidos e a China não têm falta de diferenças entre si”, acrescentou. "Mas, no que diz respeito ao clima, a cooperação é a única maneira de fazer esse trabalho."

A aprovação de um «livro de regras» sobre todos os aspetos de aplicação do acordo era essencial, bem como a necessidade de um consenso em torno de atualizações anuais, em vez dos cinco anos das CND (contribuições nacionalmente determinadas) de todos os países, como forma mais eficaz de sincronizar os compromissos nacionais com o ciclo de ambição de Paris.

Nesta declaração de ambos os países, ambos reiteraram que observarão o acordo climático de Paris para manter as temperaturas abaixo de dois graus.

Eles concordaram em acelerar a redução das emissões verdes e de carbono, trabalhando em conjunto com outros países.

A China e os Estados Unidos também chegaram a um consenso sobre o financiamento do clima e as contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) de Paris (fundos de apoio aos países com dificuldades em cumprir com a transição verde).

Ambos manterão um diálogo político sobre as energias renováveis num esforço para reduzir o poder do carvão.

 

Alguns pontos nos ii

O acompanhamento mediático desta COP permitiu desfazerem-se ideias feitas quanto à insistência


de os países mais poluentes serem a China, a India, os Estados Unidos e a Federação Russa
. Só um jornalista inculto pode aceitar tais afirmações que são baseadas apenas na emissão total de CO2 sem ter a linha de conta o número de habitantes desses países.  Os valores per capita destes países são, respectivamente, e referindo-se a toneladas de CO2 emitidas em 2018 (dados do Banco Mundial), a China 7.4, a India 1.8, os EUA 15.2, e a Federação Russa 11.1.

Isto é, os EUA produzem o dobro das emissões da China, mais oito vezes que a India, ou mais um terço que a Rússia.

Não nos referimos a outros países, como vários países árabes que chegam a emitir o mesmo ou muito mais que os EUA…

 

Depois existem os que debitam opiniões falsas, como é o caso (incurável) de Tereza de Sosa que no Público deste último domingo escreveu “Não foi por acaso que Xi e Putin não encontraram tempo para se deslocar a Roma, para o G20, e a Glasgow, para a COP26. Não admitem ser confrontados, nem nas salas das reuniões, nem nos protestos e nas denúncias das ruas” ...         

Será que a jornalista estava à espera de grandes refregas entre manifestantes e dirigentes de alguns países?

 

Outros apontamentos

Ao longo da última semana foram discutidos três rascunhos das conclusões. Mas até se chegar à


aprovação em plenário das delegações dos vários países, ainda houve mais dois rascunhos, em consequência das negociações por grupos de países que não se reviam em versões anteriores e até no plenário de aprovação, um grupo de dezenas de países, representado pela India, e onde se incluíam a China, os EUA, a Rússia, com sérias reservas da UE, Suíça e outros.

Se a Conferência de Paris de 2015 definiu metas importantes - nalguns casos de longo prazo -, o que é certo é que não foram definidas as acções que se foram desenvolvendo, por opção de cada país, e os CND (Contribuições Nacionalmente Determinadas) por eles apresentados, analisados ao longo deste ano, foram de modo a que o Secretário-Geral da ONU falasse na abertura desta conferência de estarmos “no caminho para um desastre climático”.  De facto, foram seis anos em que só alguns países definiram um planeamento de acções de transição energética que executaram.

Se a COP 25, de Paris, popularizou metas a atingir, terminando em grande confiança, ao longo de 2021 foram-se acumulando presságios que geraram um clima de desespero que persistiu até ao final da COP 26.

E nos primeiros dias da conferência, Joe Biden, John Kerry e Barack Obama criticaram a Rússia e a China por subestimarem a conferência pela ausência física dos seus presidentes, pouco se importando com o facto da generalidade dos países presentes não seguirem tal narrativa.

Foi lamentável a criação de um ambiente visando atribuir responsabilidades por eventuais resultados negativos, omitindo o contributo dos EUA para isso. E omitiram o trabalho feito por centenas de técnicos de ambos os países e de muitos outros países, incluindo dos EUA. Foi um trabalho de negociação, procurando harmonização de compromissos nos temas mais difíceis, procurando mais metas de curto prazo do que encher a boca com as metas de longo prazo.

Nesta COP 26, ficou claro ser importante passar do diagnóstico para a “prescrição”. As alterações climáticas têm soluções. Mas ninguém nos vai dar um novo ambiente. Vai ter que se trabalhar para isso mudando políticas e paradigmas, planos e prescrições. Assim se prosseguirão caminhos de progresso, longe do simples diagnóstico e em direção a soluções viáveis de serem trabalhadas.

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Bom fim-de-semana, por Jorge

"There is no there there                        

                              

"Não há lá nenhum lá"

Gertrude Stein 
poetisa americana (1874-1964), em 1933, 
no regresso ao local da sua infância 
em Oakland entretanto destruído.







A estátua em bronze numa artéria de Nova Iorque

O russo FM Lavrov denuncia "Cúpula pela Democracia" dos EUA

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, denunciou os Estados Unidos por planearem realizar uma "Cimeira pela Democracia" numa entrevista recente, informou hoje a agência de notícias russa TASS.

Já numa declaração em 11 de agosto, a Casa Branca tinha dito que o presidente dos EUA, Joe Biden, realizaria uma "Cimeira (virtual) pela Democracia" em 9 e 10 de dezembro, declarando que ela reuniria líderes de um grupo diversificado de democracias de todo o mundo".

"A Cimeira pela Democracia" tem o objetivo de classificar pessoas e países em democráticos e não democráticos", disse Lavrov ao canal de TV Rossiya-24.

"Do meu ponto de vista os americanos desejam obter o máximo de lealdade para criar a impressão de que existe uma multidão liderada por Washington."  

Lavrov disse ter a certeza de que os Estados Unidos farão tentativas de atrair para a iniciativa alguns dos parceiros e aliados estratégicos da Rússia.

Alguns desses parceiros têm sussurrado aos ouvidos de governantes russos que foram solicitados para estarem preparados e que um convite estava para lhes chegar em breve.

Questionados sobre o que farão lá, eles respondem, vão fazer uma declaração online. Uma declaração final será emitida depois. Sobre a possibilidade de a ver antes, esses parceiros responderam que seria mostrado mais tarde

"É um tipo de relacionamento entre soberanos e vassalos.", comentaria Lavrov.



quinta-feira, 4 de novembro de 2021

COP 26 - do descrédito a alguma construção



Tal como na COP 25, nesta COP 26 velhas ideias estão a ser traficadas, desconsiderando o esforço dos países em vias de desenvolvimento, das organizações ambientais e da discussão da calendarização do combate ao desastre ecológico e os objectivos e datas das acções que o possam conjurar.

Uma dessas situações é a luta política conduzida para ajudar a criar a ideia de que se a COP 26 fracassar, a responsabilidade seria dos políticos que não se teriam entendido.

Desde que Joe Biden foi eleito no início do ano, passou a fazer guerra à China e Rússia. Isso hoje está presente em múltiplos aspectos das relações internacionais. Biden também aproveitou a oportunidade da COP 26 para meter veneno.

Joe Biden, no final do G20 expressou “decepção” com o facto de a Rússia e a China “não terem assumido quaisquer compromissos” para lidar com as alterações climáticas. E que, por isso, as pessoas se sentiriam desapontadas. Porém nem os EUA nem o G 20 assumiram compromissos no parar o financiamento a centrais eléctricas a carvão em países pobres e assumiram um vago compromisso de atingiriam a neutralidade do carbono por volta de meados do século. 

Quer a China quer a Rússia assumiram compromissos. E trabalharam desde a COP 25 de Paris para os cumprir. Existem reflexões produzidas sobre as alterações climáticas sentidas em ambos os países, que determinaram uma série de medidas para as resolver. Que foram realizadas.

Biden mentiu. Mas os participantes nesta COP 26 têm estes relatórios. A RTP e outros media em Portugal não se referiram a eles enquanto têm insistido na mistificação, limitando-se a reproduzir sound bites de origens sem credibilidade.

Apesar da ausência dos seus presidentes, quer a China quer a Rússia têm poderosas delegações nesta conferência, estão a conversar com as outras partes, a prepararem as posições comuns sobre diversas questões para serem assinadas. Isso apesar de nem Xi-Jinping nem Putin se terem deslocado a Glasgow por razões que foram conhecidas.

Declaração, de natureza completamente diferente da de Joe Biden, foi a de Xi-Jinping na passada 2ª. feira. Quando se trata de desafios globais como as mudanças climáticas, o multilateralismo é a receita certa, disse Xi, destacando a importância da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), e seu Acordo de Paris.

A China, o maior emissor mundial de gases de efeito estufa na actualidade, entregou oficialmente, no passado dia 28, os seus novos compromissos climáticos.

Na sua nova "Contribuição Determinada em Nível Nacional (NDC, na sigla em inglês)", Pequim compromete-se a alcançar o seu pico de emissões "antes de 2030", e a neutralidade de carbono, "antes de 2060". Estas metas mantêm-se dentro do que já havia sido antecipado pelo presidente Xi Jinping.

Apresentadas no site da UNFCCC, estas novas contribuições prevêem reduzir a intensidade de carbono (emissões de CO2 em relação ao PIB) em mais de 65% em relação a 2005.

Na sua anterior NDC, a China comprometia-se a reduzir a sua intensidade de carbono entre 60% e 65%, até 2030, e a conseguir o seu pico de carbono "por volta de 2030".

Neste novo contributo, Pequim lembra que os países desenvolvidos devem "assumir as suas responsabilidades históricas e continuar a assumir, com clareza, a redução de emissões".

A China também se comprometeu a aumentar a participação de combustíveis não fósseis a 25% no seu consumo, contra 20% na sua NDC anterior, em particular com o aumento de sua capacidade instalada de energia solar e eólica para 1,2 biliões de kW até 2030, assim como com o aumento florestal em 6 mil milhões de metros cúbicos em relação a 2005.

A nova contribuição da China, responsável por mais de um quarto das emissões globais de gases de efeito estufa, era, portanto, aguardada com ansiedade antes da COP26. O compromisso chinês era especialmente aguardado, depois do anúncio pela ONU, na segunda-feira, de que os novos compromissos climáticos assumidos nas últimas semanas ainda conduziriam o mundo a um aquecimento "catastrófico" de +2,7°C.

Não só os EUA mentiram quanto às metas da China, só publicando as suas, englobadas nas do G 20, um dia depois (29), da publicação pela ONU das da China (28), e, como tinham feito até então, tentaram traficar a mentira impondo mais um anátema contra este país. Mais, porque não foi ainda permitido à China apresentar uma mensagem do seu presidente em vídeo?


Quanto à Rússia, Vladimir Putin, participa na cimeira de forma virtual, com mensagem que já foi emitida.

O país é o quarto maior emissor de gases com efeito de estufa e pretende reduzir as emissões em 79% até 2050 em relação a  1990.

Moscovo procura ainda alcançar a neutralidade carbónica até 2060.

Putin afirmou no G 20 que a participação de fontes de energia neutras em carbono - nuclear, hidroelétrica, eólica e solar – ultrapassou os 40% na Rússia. Se se contar com o gás natural, que entre os hidrocarbonetos tem a menor pegada de carbono, essa participação seria de 86%. É um dos melhores resultados do mundo.

(abro parêntesis para referir que a comunidade internacional pode vir a considerar como não poluentes a energia produzida pelas centrais nucleares e pelo gás natural).

Putin sugeriu que a comunidade mundial precisa testar vários projetos climáticos em termos do seu impacto líquido nas emissões por cada dólar de investimento, “Pode muito bem acontecer que, por exemplo, a conservação das florestas na Rússia ou na América Latina seja mais eficaz do que investir em energias renováveis ​​em algumas nações".

Ele acrescentou que a Rússia não apenas reduzirá as emissões de gases de efeito estufa na economia do país, como investirá também em os capturar por meio de projectos de reflorestação, preservação da natureza e melhoria da eficiência da agricultura.

A Rússia também sofreu taxas altas de perda de cobertura arbórea em 2020, em grande parte devido a incêndios na Sibéria. A Sibéria sofreu com temperaturas altas em 2020, incomuns para a primavera e o verão, provavelmente devido à mudança climática, que ressecou florestas e levou a incêndios intensos. Os incêndios também queimaram turfas ricas em carbono, que estão habitualmente congeladas.

Além disso, a Rússia foi explícita quanto ao esperar vantagens concretas em troca da cooperação em matéria de mudança climática, inclusive na forma do levantamento de algumas sanções.

Os EUA são o segundo maior emissor de gases com efeito de estufa e estiveram durante quatro anos de costas voltadas para o clima, quando o ex-presidente Donald Trump abandonou o Acordo de Paris. O país regressou ao acordo no início deste ano, no próprio dia em que o novo presidente, Joe Biden, tomou posse.

Em abril, durante uma cimeira sobre o clima, Joe Biden prometeu cortar as emissões de gases de efeito de estufa do país em 53% até 2030 (relativamente aos níveis de 2005) e "passar a liderar" a luta global contra o aquecimento global. Biden também estipulou como objetivo descarbonizar a economia dos EUA inteiramente até 2050. Aguardam-se ainda os seus compromissos para esta COP 26.


Em 2015, a Índia tinha-se comprometido a cortar a intensidade carbónica em 33% a 35% até 2030 em relação aos níveis de 2005, alcançando uma redução de 24% até 2016. O país também se está a aproximar agora da meta de atingir cerca de 40% da produção de electricidade com base em energias renováveis – uma meta colocada até 2030. Aguardam-se a confirmação dos compromissos para esta COP 26.

 

Quanto à União Europeia, os seus 27 Estados-membros apresentaram em Glasgow cinco novas medidas para combater as alterações climáticas. Entre elas está a redução em 30%, e até 2030, das emissões de metano, um dos gases que mais contribui para o aquecimento global (se bem que num tempo menor que o CO2, por exemplo), a atribuição de mais mil milhões de euros para a preservação das florestas e o envio de cinco mil milhões até 2027 para os países mais desfavorecidos combaterem as alterações climáticas.

Mas, estarão os compromissos dos países alinhados com os objetivos a que todos se procuram ajustar? António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), já respondeu a esta questão e é claro: os compromissos dos países "são um caminho para o desastre". Afirmou também que há um "défice de credibilidade e um superavit de confusão sobre redução de emissões, com metas e métricas diferentes.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia do covid-19, segundo a ONU, que estima que ao actual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 °C.

Por isso, além dos mecanismos estabelecidos no Acordo de Paris, anunciou, no primeiro dia da conferência, que iria constituir um grupo de especialistas para propor padrões claros para medir e analisar os compromissos de emissão zero de atores não estatais.

A forma como os EUA e Reino Unido declaram ter conseguido “mobilizar mais de 450 instituições financeiras que se comprometeram em deixar de injectar dinheiro nos combustíveis fósseis” é típico de uma mentalidade administrativa que não se compadece com a diversidade de percursos na transição energética de que diferentes países carecem. Atingir a neutralidade carbónica pode ter de passar, em não poucos pelo uso de energias fósseis.

 

Foi muito positivo o acordo sobre as florestas.

A agência da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO) estimava em 7/5/2020 que o ritmo de destruição das florestas tinha descido de 7,8 milhões de hectares anuais na década de 1990 para 4,7 milhões de hectares entre 2010 e 2020 por causa da redução da desflorestação em alguns países e o aumento da cobertura florestal em outros.

Segundo esse relatório da FAO, desde 2010, as maiores perdas aconteceram em África e na América do Sul. Entre 2015 e 2020, o ritmo de desflorestação situou-se nos 10 milhões de hectares por ano, menos dois milhões do que nos cinco anos anteriores. No ano de 2015, perderam-se 98 milhões de hectares devido a incêndios, sobretudo nas zonas tropicais, onde arderam 40% das florestas, sobretudo em África e na América do Sul.

Globalmente, existem 4.050 milhões de hectares de floresta, cobrindo um terço da superfície do planeta. Mais de 90% das florestas regeneraram-se naturalmente, estima a FAO, que analisou dados de 236 países.

Os dias da conferência, até ao seu encerramento no dia 12, permitirão novos acordos com discussões, trocas de experiências e ajustes de posições de forma a garantir parte da expectativa que ela criou no mundo.

A credibilidade perdida de algumas previsões mais catastrofistas do passado, exigem compromissos assentes em dados e previsões bem sustentados na realidade para não se repetiram mentiras tão grosseiras como as produzidas por Al Gore no filme “Uma verdade inconveniente” (2007), que ganhou um Oscar e fez do seu autor Prémio Nobel da Paz…

Biden insiste em ser líder neste processo, mas o resto do mundo encara-o como uma construção coletiva assente no multilateralismo.