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domingo, 14 de agosto de 2016

"O euro falhou à nascença e estava destinado a entrar em colapso", afirma o Nobel Joseph Stiglitz


Na próxima semana é lançado o livro do economista Prémio Nobel  Joseph Stiglitz "O Euro: Como uma moeda comum ameaça o futuro da Europa".
 
A decisão de criar uma moeda única, sem as instituições que a poderiam fazer funcionar, foi "fatal" para a zona euro, disse o autor por antecipação, acrescentando que a "zona euro deve abandoná-la agora para sobreviver".  O economista escreve que a zona euro foi um acto falhado no momento da sua criação e está destinado a entrar em colapso a menos que grandes mudanças lhe sejam feitas.
 
"O euro é frequentemente descrito como um mau casamento. Um mau casamento envolve duas pessoas que nunca deveriam ter-se unido e fazer votos que fossem indissolúveis. O euro é mais complicado que um casamento: é uma união de 19 países muito diferentes que se amarraram em conjunto ", diz um trecho do livro publicado pelo Guardian.
 
O professor de economia na Universidade de Columbia e ex-vice-presidente sénior e economista-chefe do Banco Mundial, Stiglitz disse que o euro falhou qualquer  um dos seus dois principais objetivos: de prosperidade e integração política. Como resultado desse fracasso, os países europeus agora olham-se uns aos outros com desconfiança e raiva.
 
De acordo com o economista, uma moeda única, projectada para manter unida uma região de enorme diversidade económica e política, é quase impossível que funcione.
Stiglitz criticou os dirigentes da zona do euro, dizendo que não tinham a adequada compreensão do que uma união monetária significava. A estrutura da zona do euro - as suas regras e regulamentos - não foram concebidos para promover o crescimento, o emprego e a estabilidade.
E refere ainda que "a marca de uma economia que funcione bem é o rápido crescimento, cujos benefícios sejam compartilhados de uma forma ampla, com um baixo desemprego. O que aconteceu na Europa foi o contrário.  Um pequeno país na Europa poderia, por exemplo, estar em recessão quando o resto da Europa estava a andar bem. "
De acordo com Stiglitz grandes partes destes países enfrentam uma "década perdida", e até mesmo os chamados sucessos da Europa foram realmente fracassos colossais. E dá o exemplo de Espanha, onde o desemprego caiu de 26 por cento em 2013, para 20 por cento no início de 2016 -, mas quase uma em cada duas pessoas estão desempregadas.
 
O economista sugeriu que o melhor caminho a seguir para a zona euro é um "euro flexível ", onde cada estado-membro adopte a sua própria versão da moeda.
Um euro flexível poderia ajudar os países do sul da Europa a exportar mais e importar menos, e ajudar a alcançar uma balança comercial positiva e o pleno emprego, referiu ainda o autor.

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