O governo de Evo Morales acusou o duro golpe que consistiu no rapto, tortura, arrastamento do corpo por cerca de um quilómetro, e assassinato do vice-ministro do Governo, Rodolfo Illanes às mãos de mineiros, que se designam por cooperativistas. Estes desempenham uma actividade privada, e aliam-se a empresários, que se dizem representativos do sector, com reivindicações quase exclusivamente de concessão da exploração e privatização das minas que controlam, que são propriedade nacional, atitudes estas que o governo boliviano não aceita por não aceitar a privatização da indústria mineira. Os protestos destes mineiros cooperativistas visavam a alteração do quadro legal que regula a actividade mineira para eles poderem vender minas às multinacionais. O ministro, indígena como outros membros do governo de esquerda, dirigia-se para um encontro com dirigentes dos cooperativistas para com eles falar sobre os incidentes do dia anterior.
Morales denunciou estes acontecimentos como parte de uma conspiração mais vasta.
O organismo equivalente à nossa Procuradoria-Geral da República anunciou a prisão de Ramiro Guerrero, presidente da Federação de Cooperativas Mineiras (Fencomin), e assinalou que 40 filiados nesta Federação estão implicados no crime.
Por seu lado o secretario executivo da Federação Sindical dos Trabalhadores Mineiros da Bolívia, Orlando Gutiérrez, repudiou o acto "criminoso" realizado por cooperativistas mineiros e lamentou também a morte de dois deles por tiros no decurso de manifestações contra o governo em Cochabamba. O responsável da Igreja Católica local condenou os excessos dos cooperativistas.
Dirigentes da oposição de direita e alguma comunicação social apoiaram as exigências de privatização destes mineiros e o governo responsabilizou alguns órgãos de comunicação de ecoarem essas posições. Evo Morales disse ainda que a investigação a fazer a estes acontecimentos deveriam incluir também as mortes suspeitas de mineiros cooperativistas que se manifestavam, na medida em que os polícias estavam nos locais dos bloqueios sem armas letais.
ResponderEliminarEste texto sobre a notícias que têm aparecido ultimamente sobre lutas com mineiros na Bolívia é muito oportuno, porquanto são notícias que suscitam grande perplexidade, considerando a natureza reconhecidamente patriótica e progressista do governo Evo Morales. Perante a forma lacónica como a comunicação social apresenta os factos eles afiguram-se uma brutalidade do governo, mas assim não é; resta saber se a falta de mais dados é incompetência dos jornalistas, que não procuram outras fontes para além das "centrais de propaganda e contra informação", ou se, pura e simplesmente, cumprem ordens dos "donos" , porque faz parte da campanha em curso, de desacreditação dos governos progressistas que ainda sobrevivem na martirizada América Latina.
O que se passa na Bolívia é bastante complexo. Recomendo que comecem por ler
http://eju.tv/2016/09/radiografia-de-las-cooperativas-mineras-de-bolivia-segun-un-medio-chileno/
e http://www.granma.cu/mundo/2016-08-28/por-que-protestan-algunas-cooperativas-mineras-en-bolivia-28-08-2016-22-08-34
e http://zur.org.uy/content/bolivia-frente-s%C3%AD-misma
e http://www.eltelegrafo.com.ec/noticias/mundo/9/que-son-las-cooperativas-mineras-de-bolivia-y-cuales-son-sus-reclamos
Para quem não está por dentro da história mineira da Bolívia, também considero indispensável ler alguma coisa em:
http://www.educa.com.bo/revolucion-1952-1964/la-nacionalizacion-de-las-minas ,
https://es.wikipedia.org/wiki/Central_Obrera_Boliviana e
https://www.google.pt/?gws_rd=ssl#q=Federaci%C3%B3n+Nacional+de+Cooperativas+Mineras+(Fencomin)
Não podemos ficar por aquilo que parece. O presidente Evo Morales não merece que fiquemos com dúvidas sobre a sua política progressista.
Carlos Calado
(geólogo e estudante de economia mineira)