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quarta-feira, 29 de julho de 2015

A destruição de vidas e economias africanas e o discurso paterno-imperial de Obama ontem em Addis Abeba


A destruição de economias baseadas no turismo de África são a consequência da acção de destruição e terror dos jihadistas. Já não falo da Líbia entregue a bandos rivais de criminosos. Falo da Argélia, da Tunísia, do Quénia e do Egipto. O Daesh, em África, com várias designações, mas sempre tendo como forças impulsionadoras Israel e a Arábia Saudita, ataca países não preparados para enfrentar a complexidade deste tipo de terrorismo. E é previsível que este se estenda a outros países africanos que possam vir a merecer as opções do turismo.

Várias agências de turismo boicotam as viagens para estes destinos e encaminham os turistas para outras paragens.

 
De certa maneira, tem alguma coisa a ver com isto, a visita a África de Obama que ontem terminou com uma declaração (decreto imperial), ontem na sede da União Africana em Addis- Abeba, capital da Etiópia, que culminou um périplo feito pelo presidente norte-americano a vários países africanos.

Fez a crítica às práticas eleitorais nalguns regimes africanos quando o sistema eleitoral dos EUA é dos mais iníquos do mundo, consagrando uma rotação de dois partidos que blinda o acesso ao poder de outros protagonistas. Fez o apelo ao fim da corrupção, que se desenvolve de forma epidémica nos EUA. Apelou a uma distribuição mais justa dos frutos da economia, coisa que tão maltratada é nos EUA.

Apelou ao investimento na educação, à construção de hospitais e outras infraestruturas sociais, não referindo que apoios poderia dar a tais construções de forma desinteressada. O exército dos EUA dispõe de equipas de engenharia e e projecto que poderiam cooperar com os responsáveis destes países para esse efeito.

Defendeu a igualdade de género. Condenou a mutilação genital feminina, os casamentos infantis, e todo tipo de violência contra as mulheres sem as quais “África nunca poderá desenvolver-se completamente”. Questões que contêm aspectos justos que deveriam ser motivo de contactos bilaterais, com restrições às relações com esses países se certas práticas desumanas não fossem corrigidas.

Ainda criticou dirigentes africanos que aceitam ser reeleitos mais que duas vezes consecutivas, esquecendo que alguns países carecem de estabilidade de referências, por essa estabilidade ter sido profundamente posta em causa por guerras continuadas e a acção de bandidos, muitos dos quais subsidiados pelos EUA. Nesse aspecto, o longo tempo concedido pela RTP ao discurso do Obama, legendado em português, para utilização na RTP internacional, foi um brinde à UNITA que, uma vez mais, agradece.

Obama não falou das causas da imigração ilegal que é dirigida à Europa. Como se os ataques da NATO e dos grupos terroristas que os EUA apoiam em território africano não tivessem nada a ver com isso. Nem dos séculos de humilhação e atraso que os seus parceiros europeus da NATO praticaram durante séculos.

O discurso de Obama tem aspectos de um paternalismo humilhante mas é também o discurso do chefe que se perfila para as instituições africanas partilhadas e seus efeitos (saque de explorações petrolíferas, domínio das economias pelas multinacionais, expatriação de lucros e dividendos, exército africano de intervenção rápida contra quem saia da linha, redução das soberanias dos países integrantes, trabalho, direitos laborais e sociais mitigados). É um projecto não de ontem mas em marcha nos últimos anos.

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