Pedro Passos Coelho pretendeu trazer uma novidade no seu discurso quando reconheceu que a solução de governo tem funcionado e, não o explicitando, irá durar toda a legislatura. E ele deseja-o por uma questão de estabilidade, pela qual sempre orientou a sua prática governativa. E mais disse que o PSD até irá apresentar propostas de políticas alternativas no decurso da legislatura. E pergunto eu: e se eles não se mexessem das cadeiras? É certo que depois da arriscada atitude a solo de não apresentarem propostas na discussão na especialidade, muita gente pensou que a bancada iria exilar-se nos bares da AR, e desapareceria sem combate. Tanto não!
No final disse que o governo só pode contar com a sua base de apoio para governar. Mas, sem ver nisso nenhuma contradição, foi convidando todos os partidos para aprovar duas reformas estruturais...
A primeira, a reforma da segurança social porque as contribuições dos descontos atuais já não chegam para a financiar, conclusão há anos reconhecida por outras áreas políticas e pelo movimento sindical. Soluções? Não avançou nada, o que só nos pode deixar preocupações quanto à persistência de manter a redução das pensões como grande objetivo.
A segunda reforma seria a da lei eleitoral, que até ao momento não mostrou ser impedimento de nada para quaisquer deputados trabalharem para o bem do país. Não dizendo mais nada, só se pode prever, falando, en passant, na maior responsabilização dos eleitos, que se trata de recuperar os velhinhos e bafientos círculos uninominais para consagrar alternância a dois no arco da governação, já muito posta em causa pelos resultados eleitorais de 4 de Outubro nas consequências que tiveram, nomeadamente nessa matéria.
É claro que Passos Coelho falou de outras coisas "é necessário isto", "é importante aquilo", mas coisas que não fez, antes pelo contrário, nos quatro anos de Primeiro Ministro, o que é de um descaramento completo. É caso para perguntar por onde andou nestes últimos quatro anos.
E ainda veio a zurzir na eventual reestruturação da dívida quando ao nível de vários países da União Europeia essa é uma questão que está a ser reconsiderada.
Bom, tem quatro anos para se preparar melhor. Não sendo desaconselhável um curso de Ciência Política em Paris ou mesmo numa universidade privada cá do burgo.