Apesar das observações críticas colocadas no post anterior e que poderão ser motivo da vossa reflexão, lendo o site do La Nuit debout, o acto de cidadania e de revolta é a questão mais importante.
"Esta presença permanente na rua
arrasta a sensação que a política pertence a todos, numa espécie de reconquista
da soberania no espaço público", como refere o ex-deputado do PS, Pouria
Amirshahi, em entrevista ao L´Humanité.
do progresso social e correspondentes à realidade do trabalho hoje e no futuro..
Porque no contexto de uma crise agravada por políticas de austeridade, a luta contra a flexibilidade contra a precarização é uma necessidade.
As organizações sindicais (CGT, FO, FSU, Solidaires, UNEF, UNL, LDIFs) apelam a todos os assalariados, privados de emprego, aos estudantes com ensino secundárion e aposentados para se mobilizarem novamente pela greve e participar massivamente nas manifestações no próximo 28 de abril"
É certo que a ocupação da rua à
noite, na Praça da República e noutras cidades francesas animada pelo Nuit debout, colide com a possibilidade de participação de quem trabalha e tem muito a ver com a saída à
noite para um espaço animado culturalmente, num ambiente seguro, diferente do
dos bares, mais acessível. A manutenção nos debates de temas de trabalho pode romper com a
lógica de uma participação exclusiva de intelectuais da pequena e média
burguesia, nos chamados « temas fracturantes » que são frequentemente
a forma de alienar os movimentos da centralidade das condições de remuneração
do trabalho, de forma não precária, as ameaças ao estado social, a natureza de classe do governo francês e a sua cumplicidade com o imperialismo.
A leitura da imprensa francesa permite identificar motivações, modos de estar.
Lendo o Le Monde, damos uma volta pelas várias iniciativas nocturnas mas também diurnas realizadas, ou o Le Figaro, que reflecte sobre o presente e futuro de Hollande, ou o Libération que se refere à expulsão da Praça da República, de que os nuitdéboutistes se apoderaram literalmente, do filósofo Alain Finkielkraut, que talvez pretendesse ser "adoptado" como enfant térrible que há décadas deixou de ser.
Ao longo dos dias, depois da carga policial de 9 de Março, a partir da Praça da República, grupos de provocadores marginais têm destruído montras, caixotes de lixo a que a polícia tem respondido, logo nesse dia de forma particularmente violenta que causou um grande repúdio na cidade e respostas por parte de alguns manifestantes. A polícia aproveitou o facto para, a pretexto desses comportamentos usar medidas previstas no estado de excepção que extravasaram largamente o âmbito desses actos e respectivos protagonistas. Esta praga de provocadores existe hoje universalmente e é em geral de iniciativa de infiltrados da própria polícia. Vários governos procuram, com tais comportamentos marginais, retirar simpatia pelos manifestantes e seus objectivos, limitando-lhes o alcance e possibilidades de êxito.
É um tema a acompanhar.