Recuperar do atraso é difícil
poderá ter sido a descoberta de muitos países emergentes.
Tendo passado mais de um século a
ver o seu rendimento cair face aos países ricos, muitos países em vias de
desenvolvimento ao longo dos últimos vinte anos deram passos para se
aproximarem deles. No entanto, a recuperação do passado tem abrandado consideravelmente.
Um estudo divulgado em Junho pelo
Banco Mundial mostrou que a velocidade a que os mercados emergentes estão a
convergir com o rendimento do mundo rico caiu em poucos anos, mesmo antes da
crise financeira.
Não há solução mágica que leve os
mercados emergentes como um todo para um caminho de maior crescimento. Para o
Banco Mundial, como é óbvio, deveriam garantir “ previsibilidade e
transparência” na elaboração de políticas, para que os consumidores, as
empresas nacionais e investidores estrangeiros tivessem um “ambiente mais
confiável”.
Para o Banco Mundial há poucos
assuntos em que as panaceias da economia convencional se revelaram” tão
espetacularmente erradas por tanto tempo” como a afirmação de que “os países
pobres devem recuperar do atraso para com os ricos” (sic).
Com a retoma do investimento e a
adopção de novas tecnologias muito superiores às das economias maduras, a
recuperação do atraso deveria ter sido uma simples questão de “deixar os
mercados fazerem o seu trabalho”.
Quando a crise financeira global
atingiu o mundo em 2008, cerca de 80 por cento das economias emergentes estavam
a convergir para níveis do produto interno bruto per capita próximos do dos EUA,
duplicando a proporção do início de 1990.
Mas esses dias têm diminuído.
A crise do subprime, vinda do Goldman Sachs, a que com tão grande sapiência, Durão Barroso passou agora a presidir, teve também
essa consequência de refrear de maior convergência das economias. As coisas não
acontecem por acaso.
Desde 2008, a proporção de países
que recuperou o atraso em relação aos EUA caiu para os níveis de 1990. Entre
2003 e 2008, os mercados emergentes, foram crescendo, em média, a uma taxa que
teria apanhado até 2015 os níveis do PIB percapita
dos EUA em 40 anos. Em 2013-2015, esse lapso de tempo já se tinha alargado para
mais de 60 anos…
Dado o ambiente de grande apoio
para muitos mercados emergentes nos primeiros anos após a crise - altos preços
das commodities e empréstimos externos baratos, em parte graças à
flexibilização da Reserva Federal, criados para melhorar as economias dos mais
ricos, é preocupante que não tenham feito mais progressos. Agora que esses
apoios têm diminuído, a sua tarefa tornou-se ainda mais difícil.
E o Banco Mundial insiste, pois,
na desregulamentação se for caso disso, a política macroeconómica de apoio onde
for possível. Outro factor, também sublinhado pelo Banco Mundial, é a
necessidade de uma política que torne as situações transparentes e previsíveis.
Por exemplo, a volatilidade nos
mercados financeiros em 2015 e no início deste ano foi atribuída à “incerteza”
na China, e, particularmente, como as autoridades chinesas reagiram à fuga de
capitais e às pressões sobre o renminbi. Por altura deste relatório do BM, o
Banco Popular da China deixou a "taxa de referência" e adoptou um
cabaz de outras moedas que levou a um deslizar consideravelmente menor do que
os comerciantes esperavam, e o seu compromisso pôs em causa uma taxa
determinada pelo mercado.
As razões para o declínio da
grande convergência são complexas e variadas. Mas a receita geral de realizar
políticas numa base previsível, insiste o Banco Mundial, irá tranquilizar os
consumidores, os dirigentes de empresas e os investidores em todo o mercado
emergente mundial.
São hoje menos as nações em vias
de desenvolvimento que estão a convergir com as economias ricas, pelo que são necessárias
alternativas às receitas do Banco Mundial. Essas são questões que têm vindo a
ser estudadas e implementadas por esses países emergentes. O caminho terá que ser esse mesmo que o sistema capitalista gere as defesas para apenas garantir o desenvolvimento dos mais ricos.
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