O professor Ricardo Godoy da Universidade de Brandeis, de Boston, a fazer um teste numa aldeia na floresta tropical na Bolívia |
A música é um fenómeno que tem características universais, verificáveis em todas as culturas humanas conhecidas, por exemplo:
- em todas, existe uma pulsação ou ritmo
- em todas, se distingue o timbre do som produzido
- em todas, os sons são seriados pela sua frequência ou altura
- em todas, é reconhecida a oitava (dobro ou metade da frequência) como correspondendo à mesma nota
- em todas, é reconhecida a oitava (dobro ou metade da frequência) como correspondendo à mesma nota
- em todas, se usa como base uma reduzida escala de notas
- em todas, há uma nota tónica à volta da qual gravitam as restantes
- todos os humanos distinguem uma melodia de outra melodia a partir das respetivas sequências de notas e ritmos.
A razão para a existência destas características universais é atribuída à fisiologia do ouvido humano e à forma como a vibração do tímpano, transmitida pelo nervo auditivo ao cérebro, aí sofre a fase final de um processamento bio-psicológico especifico da nossa espécie.
Outras características da música podem porém não ser universais, mas específicas de cada cultura.
Será que por exemplo a sensação de consonância e dissonância, ou seja, o agrado ou desagrado por certas combinações de notas, é inata? Será que todos os humanos acham consonante o intervalo de "quinta perfeita" dó+sol e dissonante o "intervalo do diabo" dó+fá/sustenido, como acontece na harmonia musical europeia?
Será que há notas "erradas", como a nota blue do jazz?
Pois o artigo junto mostra que não, que nestes casos se trata do "gosto cultural" adquirido pela exposição precoce e permanente a regras de composição de natureza histórica e cultural e não necessariamente partilhado por outras culturas por elas não "contaminadas" (cada vez mais difíceis de encontrar).
Como em relação a outras coisas, também em música o eurocentrismo deve ser relativizado: a "nossa" música poderá ser a mais evoluída, mas nem por isso é a única e a "melhor".
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