O Mar do Sul da China (Nanhai Zhudao) |
Nos últimos meses tem-se
acentuado a tensão entre as Filipinas, com os EUA por detrás, e a China a
propósito duma disputa territorial sobre quem detém os direitos do mar e ilhas,
recifes e ilhéus do Mar do Sul da China (Nanhai Zhudao).
Os EUA, as Filipinas e outros países
da região, que já têm bases de mísseis dirigidas a território da China,
defendem a livre circulação naquele Mar como se ele não pertencesse à China e
contestam que a China possa nele instalar meios de defesa próprios.
Acresce que o governo das
Filipinas rasgou os esforços de negociações bilaterais com a China, optando em
2013 por propor uma arbitragem internacional que trariam os EUA para o Mar do
Sul da China como parte que procuraria a sua instalação nele.
Ainda ontem, dia 13, dois aviões de passageiros fretados pelo
governo chinês desembarcaram nos aeródromos dos Recifes Meiji e Zhubi,
localizados no Mar do Sul da China e regressaram a Haikou, na província de
Hainan, no mesmo dia. Este foi o segundo voo experimental realizado pela China
nos recifes do Mar do Sul da China desde o início do ano. Em resposta às
dúvidas levantadas pelos EUA, a China referiu que se trataram de acções no âmbito
da soberania territorial chinesa, não devendo entender-se como contra
terceiros. E que a construção das ilhas e recifes no Mar do Sul da China tem
como objetivo atender às diversas necessidades civis e oferecer melhores
serviços à China e aos países vizinhos, bem como às embarcações de todos os
países que naveguem nas águas da região.
Em Maio, a China tinha conduzido para fora dessas águas um avião-espião
norte-americano, depois de o ter avisado oito vezes consecutivas de que estava
a violar território marítimo chinês, sem qualquer contacto prévio.
A questão da pertença deste vasto território só agora é
contestada pelos EUA, Filipinas e outros países.
Segundo a China, os factos históricos demonstram que o povo
chinês sempre tratou Nanhai Zhudao e as suas águas adjacentes como local de
vida e actividade produtiva onde se realizava todo tipo de atividades de
exploração e utilização. Os governos de diferentes períodos da China têm
exercido jurisdição sobre essas ilhas de maneira contínua, pacífica e eficaz.
Ao longo da história, a China estabeleceu a sua soberania sobre Nanhai Zhudao,
bem como os seus direitos e interesses no Mar do Sul da China. O povo chinês é,
desde há muito tempo, dono de Nanhai Zhudao.
Ao longo dos séculos os sucessivos impérios da China
consideraram este território como seu e há múltiplas publicações francesas,
japonesas, inglesas e americanas que assim o consideram, adoptando até as
designações chinesas em roteiros e mapas de navegação dos séculos XIX e XX para
diversos pontos deste Mar. A actual reivindicação de livre circulação nesse mar
e da soberania sobre arquipélagos como os das ilhas Paracel ou as Spratley carece de uma visão
histórica de como aqui se chegou.
Em 1933 a França e o Japão ocuparam parte destes arquipélagos.
Isso viria a acentuar-se por parte do Japão durante a 2ª Guerra Mundial, finda
a qual a soberania chinesa foi reconhecida através dos acordos de Potsdam.
Desde então a progressão do exercício da soberania chinesa neste mar e as suas
ilhas e recifes verificou-se continuamente.
Recentemente os EUA e Filipinas recriminaram a China por estar,
com as construções nestas ilhas e recifes, a agredir o ambiente. Em resposta a
China afirmou dar grande importância à preservação da ecologia e dos recursos
pesqueiros no Mar do Sul da China, quando adoptou desde 1999 o sistema de
defeso nesse mar. Até ao final de 2015, a China já tinha criado seis reservas nacionais biológicas de
seres aquáticos e seis reservas provinciais do mesmo género na região numa área
total de 2,69 milhões de hectares, além de sete reservas de recursos de
germoplasma aquático com uma área total de 1,28 milhão de hectares.
Segundo a China, desde os anos 1970, que as Filipinas têm
invadido e ocupado algumas ilhas e recifes de Nansha Qundao da China por meio
da força, além de fazer reivindicações territoriais ilegítimas, não mostrando
recuar nessas atitudes.
Em 1975, a China e as Filipinas normalizaram relações. No
comunicado conjunto, os governos de ambas as partes concordaram em resolver
todas as disputas por via pacífica sem recorrer ao uso da força nem à ameaça do
seu uso.
Desde que em 1982 foi aprovada e entrou em vigor a Convenção das
Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), as disputas entre a China e as Filipinas
no Mar do Sul da China têm-se intensificado gradualmente. No Mar do Sul da
China, China e Filipinas são estados que possuem territórios terrestres com
costas opostas, cuja distância entre ambas é de menos de 400 milhas náuticas.
As áreas marítimas reclamadas pelos dois países sobrepõem-se, dando origem às
disputas envolvendo a delimitação marítima.
Em 1988, realizou-se um encontro entre a presidente filipina
Corazón Aquino e o presidente Deng Xiaoping. Desde então a China sempre tem
aplicado aquilo a que se comprometeu então Deng Xiaoping de que "a
soberania pertence à China, mas podemos deixar de lado as disputas e buscar o
desenvolvimento conjunto". Seguem-se então frequentes reuniões entre os
dois governos sobre a solução das suas disputas no Mar do Sul da China,
tendo-se chegado aos seguintes consensos e compromissos: primeiro, as disputas
devem ser resolvidas entre os países soberanos directamente envolvidos;
segundo, as disputas devem ser resolvidas pacificamente por meio de consultas e
negociações com base na igualdade e no respeito mútuo; e terceiro, os países
soberanos directamente envolvidos devem "finalmente,
negociar uma solução para as disputas bilaterais" conforme os
princípios estabelecidos nas leis internacionais universalmente reconhecidos,
incluindo a CNUDM de 1982.
Depois disso a China lamentou que, devido à falta da vontade de
cooperação por parte das Filipinas, a Reunião do Grupo de Especialistas
China-Filipinas sobre Medidas de Construção da Confiança tenha ficado
estagnada, e que a pesquisa tripartida China-Filipinas-Vietname não tenha
prosseguido.
Para a China, desde
os anos 80 as Filipinas tentam ampliar sua ocupação ilegal de parte das ilhas e
recifes de Nansha Qundao da China, têm intensificado a violação dos direitos e
interesses marítimos da China, incluindo a extracção de petróleo e a venda de
plataformas, a partir de 1997 começam, pela primeira vez, a apresentar pretensões
sobre Huangyan Dao, da China. Um passo que pode ser grave, avançado pelo
governo das Filipinas em 2013 foi o pedido unilateral de arbitragem, rompendo
anteriores acordos com a China. É evidente a intenção de internacionalizar o
conflito e trazer as grandes potências capitalistas da Europa, América do Norte
e Austrália a garantir “o seu bocado” num território de soberania chinesa.
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