O presidente estadual de S. Paulo do Partido Comunista
do Brasil, também deputado, Orlando Silva, repudiou o vandalismo contra a sede
estadual do partido no decurso da manifestação contra Dilma e o seu governo de
que faz parte o PCdoB, referindo nomeadamente
“O PCdoB vem de longe e tem história de luta. Nós atravessamos muitos invernos e sabemos que a primavera sempre chega. Não nos intimidarão. Fascistas não nos intimidarão. Golpistas não passarão!”.
“O PCdoB vem de longe e tem história de luta. Nós atravessamos muitos invernos e sabemos que a primavera sempre chega. Não nos intimidarão. Fascistas não nos intimidarão. Golpistas não passarão!”.
Há dias uma reunião de sindicalistas metalúrgicos nas
suas instalações foi interrompida por uma invasão policial…
As manifestações de há dois dias, estão directamente
ligadas às declarações de um de três procuradores da Justiça deste estado, que “justificou” a condução coerciva pela
polícia do ex-presidente Lula para prestar declarações (!), ao arrepio do
Código de Processo Penal, já que Lula nunca fora intimado e, depois, com o
pedido da prisão preventiva (!) por parte do Ministério Público de São Paulo,
que aguarda deliberação judicial.
A saída de Lula de sua casa, rodeado de polícia, foi
um acto preparado mediaticamente, em articulação nomeadamente com a Globo, da
família Marinho, para poder ser uma humilhação. As declarações do referido
procurador não tiveram nada de jurídico, sendo apenas um despropositado ataque
político ao ex-presidente. Para um comentário sobre a cobertura mediática, ver
Segundo Honofre Gonçalves, da Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
referiu no dia das manifestações “A direita tem usado um grande aparato
para bloquear o poder democrático que o povo construiu ao longo dos anos, que
garantiu benefícios a classe trabalhadora, tirou milhares de brasileiros da
miséria e que incomoda a elite brasileira. A direita fala em moralidade, mas nós
sabemos que o que está por trás do pano são planos estratégicos
norte-americanos para controlar o país e derrubar uma presidenta democraticamente
eleita”.
A
onda de ódio que se alastra contra tudo que soa a progressista está a
recolheras apoios numa certa burguesia urbana que passou a ter que dividir o
assento do avião ou o banco da universidade com os pobres, com o acesso destes
à saúde e educação e outros apoios sociais. Mas a questão é mais complexa.
Parte
do poder judicial também defronta a pressão popular para uma justiça não classista
e entende isso como a invasão do seu estatuto, não de autonomia e isenção, mas
de superioridade.
O aparato repressivo do Estado, especificamente as
polícias militar, civil e federal (além do mercado da segurança privada),
sempre foi formada para se opor às reivindicações elementares dos direitos dos
cidadãos.
O Parlamento foi também alvo de uma tentativa de golpe
político- constitucional que milhões de brasileiros na rua e o Supremo Tribunal
rejeitaram.
Nestas últimas manifestações contra Dilma, os
dirigentes da oposição já não conseguiram aproveitar-se delas, sendo
inclusivamente vaiados. Mas estiveram presentes muitas saudações fascistas e o
apelo explícito ao golpe militar. Também o grande patronato patronato reforçou
a sua presença na tentativa golpista, com a Fiesp (Federação das Indústrias do
estado de S. Paulo) que já tinha apoiado o golpe militar de 1964. Fiesp que,
curiosamente é presidida por um “empresário” sem empresa.
Este movimento golpista
no Brasil pode estar a querer “justificar” o estado de excepção, um golpe maior,
apoiado em interpretações extravagantes, ao arrepio das normas
jurídicas constitucionais. É um golpe querer
tirar a presidenta eleita democraticamente, que tem um mandato de quatro anos,
mas esse golpe maior, está a caminhar ao arrepio do estado democrático de
direito.
Uma outra causa que está por detrás
deste movimento golpista foi a
integração do Brasil nos BRICS, o apoio à criação de um Banco Mundial de Desenvolvimento, que ameaçou seriamente os interesses da Nova
(Velha, de facto) Ordem Mundial. Esta
ordem, ano após ano, está a traduzir-se na
clivagem entre países ricos e pobres através da globalização e processos de
integração económicos e políticos e a destruir o sistema produtivo de muitos
países, a que se quer reservar o papel de mercados a serem inundados pela
produção estrangeira, com medidas políticas coercivas que impedem a expressão
da soberania dos povos e os mantêm presos ao garrote de dívidas impagáveis e
juros colossais.
O cientista político e historiador Moniz Bandeira denunciou a acção do
Departamento de Estado dos EUA na escalada desestabilizadora e no clima de ódio
galopante no país, enquanto mais de 120 biliões de reais vão para os juros da
dívida pública. Leia-se capital rentista. Para ele a nação está a ser levada, meticulosamente, de
forma planeada, para a confrontação geral, à deposição da presidente da
República, para a instauração de um regime e um modelo econômico que
desarticule a cadeia produtiva nacional, promova o saque das riquezas naturais,
e a completa dependência à Nova Ordem, ao capital rentista.
Não pode deixar de se sublinhar que muita da comunicação social portuguesa, com destaque para os grandes canais de televisão e de rádio , estão empenhados neste confronto com o governo do país irmão e em que este golpe se desenvolva...