Início da agressão a D. Odilo |
O juiz do STF , Gilmar Mendes, um dos
principais ativistas do golpe em marcha no Brasil, e que organiza em Lisboa o IV
Seminário Luso-Brasileiro de Direito Constitucional, a partir do próximo dia 31,
para apresentar a Portugal e à Europa, a componente do poder judicial
brasileiro que participa nesse golpe. O Presidente da República, Marcelo Rebelo
de Sousa, previsto falar na sessão de encerramento, manifestou
"indisponibilidade de agenda” para estar presente. O mesmo aconteceu com o
Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Miguel Prata
Roque. O Seminário era organizado pelo Instituto Brasiliense de Direito Público,
de que Gilmar é proprietário e várias organizações patronais daquele país.
Por outro lado, o juiz do mesmo Supremo
Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, criticou, na passada quinta feira, 24, as
ameaças e pressões sofridas após decisão de outro juiz do STF, Teori Zavascki, de enviar para o mais
alto tribunal do país o processo de investigações contra o ex-presidente Lula,
no âmbito da Lava Jato, que tem estado com o juiz Sérgio Moro, um dos
principais operacionais da perseguição a Lula e do golpe contra a presidência. Incitadas
pela ignorância e violência, cerca de 300 pessoas, inconformadas com a decisão
do Supremo, reuniram-se no início da noite desta quarta-feira,23, para protestar em frente ao prédio do STF. "Será difícil conter o ânimo da população
contra Teori. A revolta começou agora e
vai piorar", tinha escrito, por
exemplo, o editor-chefe da revista Época, da editora Globo.
O cardeal de São Paulo, D. Odilo Pedro
Scherer, foi atacado, também na quarta-feira, na Catedral da Sé por uma mulher
que o acusou e à conferência episcopal do Brasil (CNBB) de serem comunistas
infiltrados na Igreja Católica. Aos gritos, ela dizia: “Você a CNBB são
comunistas infiltrados, não podem fazer isso com a minha Igreja”. Avançou sobre
o cardeal e arrancou-lhe a mitra,
provocando a queda do arcebispo e
ferindo-o no rosto. D. Odilo levantou-se com ajuda das pessoas em volta e
seguiu caminhando e abençoando as pessoas na catedral que estava completamente
cheia. Tudo isto aconteceu durante a
missa dos Santos Óleos, que abre as celebrações do Tríduo Pascal.
Estes são desenvolvimentos esclarecedores e negativos para os que têm trabalhado para a condenação, sem julgamento, não dos criminosos do golpe de 1964, ainda impunes, nem da grande corrupção que tem sido a forma de vida dos dirigentes dos partidos da direita e do centro e de grandes empresários mas daqueles que ajudaram a mudar a realidade política e social do Brasil e fizeram perigar a dependência do Brasil em relação aos EUA.
Estes são desenvolvimentos esclarecedores e negativos para os que têm trabalhado para a condenação, sem julgamento, não dos criminosos do golpe de 1964, ainda impunes, nem da grande corrupção que tem sido a forma de vida dos dirigentes dos partidos da direita e do centro e de grandes empresários mas daqueles que ajudaram a mudar a realidade política e social do Brasil e fizeram perigar a dependência do Brasil em relação aos EUA.
Com a
agravante de que quem conduz tal “condenação” são esses outros que da corrupção
beneficiaram durante décadas e não aceitam que os que menos recursos tiveram
até há pouco hoje tenham subido na escala social em termos de condições de vida
e feito eleger os seus representantes que têm assumido o poder durante mais de
uma dúzia de anos. E o terem feito com evidente sucesso interno e externo até o
Brasil sofrer os embates da crise internacional do capitalismo e da queda
política dos preços do petróleo.
Já tinha
assistido num outro país da América Latina, de grandes tradições
revolucionárias, a como os grandes meios de comunicação social são usados de
forma maciça contra governos eleitos democraticamente, mentindo sobre eles,
invocando comportamentos que devessem ser objeto do foro judicial, não recuando
perante a formação de milícias armadas que cometiam assassinatos políticos. No
caso do Brasil isso foi e vidente a partir da Globo, do Record, dos
Bandeirantes, da Folha de S. Paulo e outros meios de grande audiência.
Mal Dilma
foi eleita da segunda vez, contra um dos personagens sobre os quais, mais
suspeitas de corrupção pendem, Aécio Neves, começou de imediato um processo de
“impeachement” com cenas graves no Parlamento, dirigido por outro desses
personagens, Eduardo Cunha. Com um recuo imposto pelo Supremo Tribunal Federal,
foi agora relançado em força, com inclusivamente, o não escondido objetivo de
atingir os Jogos Olímpicos, depois do insucesso de em fase anterior atingir a
Copa.
A
corrupção atingiu responsáveis do PT. Alguns deles “compraram a redução da pena”
através de múltiplas denúncias, incluindo de Lula da Silva mas sem provas ou
suspeitas comprovadas pelo poder judicial. Sobre Dilma, também ela não foi objeto
de qualquer acusação. Em desespero de causa o responsável da Operação Lava Jato
divulgou escutas feitas a Dilma e Lula, das quais não se vislumbra prova de
nada e em que se pretendeu impedir a tomada de posse de Lula como membro do governo.
Há dois dias o juiz de STF Teori Zavaski decidiu retirar a Operação Lava Jato
das mãos de Sérgio Moro e afetá-la ao próprio STF, o que provocou ontem
arruaças de bandos fascistas contra esta decisão em frente ao STF.
Neste
processo uma parte do poder judicial do Brasil tem sido um dos elementos ativos
da conspiração. Vários procuradores de S. Paulo, o juiz Sérgio Moro que tem encabeçado
a Operação Lava Jato, para afastar a operação das culpas dos mais poderosos e
procurar incriminar Lula ou Dilma sem matéria de facto, alguns dos juízes do Supremo
Tribunal Federal, como Gilmar Mendes, que têm articulado a sua ação com
dirigentes do PSDB e do PMDB são alguns dos exemplos disso. Apesar da pressão
dos poderosos a que estão sujeitos, alguns dos juízes do STF, têm resistido e
tomado decisões que impeçam a politização do poder judicial.
Se se desse
o caso da Presidenta Dilma cair face aos esforços dos golpistas, como um
cronista disse, isso significaria “a derrota da esperança e da dignidade
perante lacaios de sempre que tornaram o Brasil numa das sociedades mais
injustas do mundo”.