No passado dia 19 de Maio o
Guardian noticiou a prisão do político polaco Andrzej Mateusz Piskorski.
Piskorski
é o presidente de um novo partido do seu país que fundou em Fevereiro do ano
passado, o Zmiana (Mudança), que pretende ser uma
plataforma de esquerda, que luta pelas causas sociais, anti-capitalista,
anti-imperialista e pacifista.
Professor
universitário, publicista e jornalista, publicou já depois da sua prisão um
artigo intitulado “A guerra contra a História, uma campanha da NATO de longo
prazo” que começava com as afirmações seguintes “Varsóvia acolherá a cimeira de
Chefes de Estado e de Governo da NATO, que vão realizar uma reunião do Conselho
do Atlântico Norte, nos dias 8 e 9 de Julho de 2016. Esta 25ª cimeira da
aliança atlântica irá aprofundar o acordo concluído em 2014 em Newport. No
essencial irá tratar da instalação no leste da Europa a Força de Intervenção
Rápida para defender flanco oriental da aliança. O ministro polaco dos Negócios
Estrangeiros, Witold Waszczykowski, já avisou que durante esta cimeira se vai
anunciar a instalação em território polaco de bases militares permanentes dos
EUA e da NATO”. O território da Rússia encontra-se praticamente cercado de
bases militares e mísseis a ele apontados (Letónia, Estónia, Lituânia, Polónia,
Hungria, Eslováquia, Roménia, Bulgária e Turquia). Mais a Oriente o mesmo se
passa relativamente ao território da República da China.
Um cerco que se aperta
|
O
que arrisca a Humanidade com esta cimeira é um passo de gigante em direcção a uma guerra
mais generalizada do que as que temos vivido longe da nossa parte.
Um analista checo, Martin Koller, afirmava recentemente de forma
preocupada: “Estou convencido de que uma guerra contra a Rússia (…), inesperada
e preventiva, é o objetivo dos EUA, que procuram realizar a hegemonia mundial.
A maioría das bases militares norte-americanas estão instaladas de maneira a ter
como objectivo a Rússia e a China, e ao mesmo tempo protegerem os recursos
petrolífereos do Médio Oriente (https://goo.gl/nzaAmB)”. Segundo Koller umaa
guerra nuclear é realizável, e “terá maiores impactos na Ucrânia, nos países
Bálticos, Noruega, Polónia, Grã- Bretanha, Alemanha, Holanda e Bélgica, já que é
nesses países que estão instaladas a maior parte das bases da NATO”.
Depois
de cerca de vinte anos, temos vivido em guerras permanentes promovidas pelas grandes
potencias“ocidentais”, directamente ou através de diferentes grupos
terroristas, com os quais se escandalizam, que dizem combater, com resultados
muito pouco visíveis mas que continuam a ser armados e reforçados em pessoal
mercenário por eles treinado. Já na Síria, sem que as autoridades sírias o
tivessem solicitado estão contingentes norte-americanos e franceses, no norte,
a pretexto do apoio aos curdos e a grupos “rebeldes moderados”.
A
estas guerras somam-se outras de natureza económica e financeira. A nova crise
do capitalismo de 2007/8, que espalhou o caos só contido com o esforço da
China, atingiu todo o mundo. O crescimento económico tornou-se anémico ou
negativo ma maioria dos países. Na União Europeia a situação é má e piora com
os planos de reestruturação impostos a vários países mais pequenos para
garantir os déficites que não são exigidos aos países mais fortes. Esta União
Europeia desagrega-se enquanto os seus dirigentes continuam a aceitar o papel
de apoiantes dos projectos delirantes dos EUA, ao mesmo tempo que vão
depreciando o euro, que insistem no Tratado Orçamental, na União Monetária,
como caminhos para aprovar em segredo a não menos delirante TTIP – Parceria Trans-Atlântica parra o Comércio
e Investimento.
A Comissão Europeia quer trazer-nos o animal cá para dentro |
O esmagamento do Brasil, da Venezuela, da Rússia e de outros
países que contam com a exportação do seu petróleo como importante contributo
dos seus orçamentos, a serem seriamente atingidos pela quebra drástica dos seus
preços de venda combinada pelos EUA e a Arábia Saudita.
Vias
alternativas têm sido tentadas pela China, Rússia, os BRICS em geral e a
América Latina. É certo com dificuldades momentâneas na América Latina. A
alternativa às condições leoninas impostas para a assistência do Banco Mundial
e do Fundo Monetário Internacional estão a fazer progressos. A libertação do
dólar como moeda que comanda as condições das trocas está já a ser realizada
nalgumas relações bilaterais e multilaterais.
Os conceitos geo-estratégicos de domínio do mundo pelos EUA incluem
cercear à Europa a possibilidade de se abrir comercialmente à Rússia e à Ásia
(inviabilizar a Eurásia ou a recreação da Rota da Seda – ponte de relações mutuamente
vantajosas, como na Antiguidade, dos povos e estados desta região, actualmente
erigida como política da China). Este cercear de relações inclui a troca de
bens, a circulação destes e das pessoas, incluindo o fornecimento de gás
natural e outros hidrocarbonetos.
Presença militar dos EUA no mundo |
O desenvolvimento dos países é uma forma muito importante para que
as respectivas populações se oponham à guerra. Não foi por acaso que o Iraque,
o Afeganistão, a Líbia, a Síria, foram arrasados. A administração dos EUA, e a Comissão
Europeia, atrás de si à arreata, sabem porque que o fizeram.
Não é inevitável que tenhamos um caminho de via única, como não
tivemos de pensamento único.