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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O velório da Ajuda pelo governo dos "doze dias"

Cavaco insistiu.
Apesar de conhecer que duas hipóteses de governo estavam preparadas, contraditórias entre si, de forma manifestada pelos próprios, se tinham formado, indigitou Passos Coelho, por ser o presidente do partido mais votado, para criar um governo de maioria estável..
Passos Coelho não lhe trouxe um governo de maioria estável, mas de uma minoria que fez o que fez durante quatro anos aos portugueses e ao país.
Cabia-lhe indigitar o dirigente do 2º partido mais votado, que sabia ter essa alternativa de governo já a ser trabalhada com outros dois partidos.
Devia ter dado posse a um governo desta maioria e não a um governo de minoria.
A tradição não pode sobrepor-se ao facto de que é na Assembleia da República que o Primeiro-Ministro é eleito e ao outro facto de uma maioria significativa dos portugueses ter querido dizer que Passos, Portas e as suas políticas deveriam ir embora.
Cavaco continuou a insistir.
Assim adiou por semanas a solução do problema enquanto os operacionais da direita iam falando de "crise", de "instabilidade no país", "dos riscos de um governo de esquerda", da "Europa e os mercados - seja lá isso o que for - estarem de olho em nós" e por aí fora numa lengalenga chantagista.
 
Assistir pela TV àquele acto de posse foi deprimente. Os perfis estavam carregados. Durante a conversa de Cavaco ali e além apercebiamo-nos de algum sono na sala e até Passos Coelho fechou os olhos.
Cavaco foi igual a si próprio apesar de alguns dos presentes acharem que tinha sido mais cordato. De novo disse que ninguém lhe apesentou solução alternativa, como se as soluções lhe devessem cair no regaço, à molhada, ao arrepio das regras constitucionais.
Passos Coelho foi mais aplaudido numa ovação onde o sabor a despedida e reconhecimento dos seus correligionários foi evidente. Cavaco não parece ter gostado. O Primeiro-Ministro a prazo elencou linhas gerais do seu programa, completamente contraditórias com a prática destes 4 anos. A ex-presidente da AR se tivesse podido falar talvez se referisse a um inconseguimento...

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