Os acordos de exportação de alimentos e fertilizantes da
Ucrânia para o mercado internacional foram concluídos em 22 de julho de 2022,
por 120 dias e prorrogados, em novembro desse ano, pelo mesmo período.
Um dos acordos previa o pedido de suprimentos de grãos dos
portos controlados por Kiev de Odessa, Chernomorsk e Yuzhny.
Além disso, a Rússia e a ONU assinaram um memorando sobre o
levantamento das restrições à exportação de produtos agrícolas e fertilizantes
russos para os mercados globais. A segunda parte estipulava o descongelamento
da exportação russa de alimentos e fertilizantes, a conexão do Banco Agrícola
Russo de volta ao sistema de pagamentos SWIFT, a retomada do fornecimento de equipamentos agrícolas,
componentes e manutenção de serviços, a retomada do trabalho do oleoduto de
amônia Tolyatti-Odessa e uma série de outras questões.
Esta parte do acordo do pacote não foi implementada, como
Moscovo declarou em 18 de março.
Nenhuma dessas condições, definidas em preto e branco no papel e seladas com as assinaturas das partes contratantes, foi atendida, porque certamente nenhum dos outros três signatários iria fazer cumprir as condições russas. O coro que eles montaram em direção às crianças famintas do Iémen e de outros países pobres que estariam à espera dos grãos ucranianos, era falso. Grãos no valor de quase 33 milhões de toneladas fluíram discretamente para cerca de 28 países europeus e, desse montante, as "crianças famintas do Iémen e do Afeganistão, bem como da África" receberam pouco mais de três por cento.
O negócio de grãos, segundo Putin, serviu para enriquecer as grandes empresas europeias e americanas que exportavam e revendiam grãos da Ucrânia.
Já em 2023, a Rússia anunciou que o acordo fora prorrogado
por 60 dias, alertando que isso seria tempo suficiente para avaliar a eficácia
do memorando assinado com a ONU.
Em 18 de maio, o acordo de grãos foi prorrogado por mais
dois meses, até 17 de julho. O ministro das Relações Exteriores da Rússia,
Sergey Lavrov, disse anteriormente que a extensão do acordo de grãos estava
fora de questão, a menos que o pacote russo de acordos fosse aplicado,
acrescentando que o acordo foi implementado apenas em relação ao fornecimento
de grãos ucranianos.
Nesta data O chefe do Conselho Europeu, Charles Michel,
disse que espera que o secretário-geral da ONU consiga a continuação da
iniciativa de grãos do Mar Negro. Michel não deveria ter omitido que as
exportações de grãos foram feitas da Ucrânia para países europeus e não para os
países mais necessitados. E que, também como consequência disso, os preços de
venda ucranianos esmagaram nos mercados europeus os preços dos seus agricultores.
O acordo de grãos terminava na segunda-feira passada,
confirmou o porta-voz presidencial russo Dmitry Peskov, observando que a Rússia
retornaria imediatamente à sua implementação assim que a parte russa do acordo
for concluída.
"O Acordo de Grãos do Mar Negro, que foi alcançado
através da mediação do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, é muito
importante, especialmente para os estados mais vulneráveis. Juntamente com as
rotas de solidariedade da UE, este acordo ajuda a fornecer grãos, fertilizantes
para os mais Estados carentes... Portanto, apoiamos todos os esforços de
Guterres para garantir a continuidade deste acordo", disse Michel em Bruxelas.
Antes disso, o presidente russo, Vladimir Putin, em conversa
com seu homólogo sul-africano Cyril Ramaphosa, disse que as obrigações em remover os obstáculos à exportação de alimentos e fertilizantes russos não
foram cumpridas. Durante a conversa, Putin enfatizou que o principal objetivo
do acordo era o fornecimento de grãos aos países necessitados.
Ainda hoje, o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, disse
que havia enviado cartas oficiais ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres,
e ao presidente turco, Tayyip Erdogan, sugerindo continuar o acordo de grãos
sem a participação da Rússia ou concluir um acordo semelhante, mas num formato
tripartido…
E assim vai a hipocrisia de alguns actores.
Sem comentários:
Enviar um comentário