A cimeira Rússia-África, que decorreu em 27 e 28 em S. Petersburgo, esteve condicionada por actores de fortes interesses opostos, e em que até as carências alimentares das populações dos países africanos foram usadas por diferentes deles para as respectivas agendas
Vladimir Putin
anunciou, na sessão de abertura da cimeira Rússia-África, em São Petersburgo,
que Moscovo poderá enviar gratuitamente entre 25 mil e 50 mil toneladas de
cereais a seis países africanos nos próximos quatro meses: Burkina Faso,
Zimbábue, Mali, Somália, República Centro-Africana (RCA) e Eritreia.
Depois da cimeira terminada, logo o secretário-geral da ONU,
António Guterres, criticou a
disponibilidade da Rússia para oferecer esses cereais a seis países africanos,
alertando que esta acção não iria contribuir para baixar os preços dos
alimentos no mundo.
Mas esquecendo-se de referir que o seu magistério de influência
não conseguira assegurar à Rússia os objectivos que esta fizera incorporar no
texto do acordo, nomeadamente a queda das sanções para permitira que ela
exportasse, incluindo cereais, fertilizantes (de uso obrigatório para potenciar
o uso dos cereais). Nem para ser permitido que o sistema SWIFT voltasse a ser
utilizado pelo banco agrícola russo. Contra toda a objectividade, Guterres
insistiu:
"Não é com um punhado de donativos que vamos corrigir o
impacto dramático [da subida dos preços dos cereais] que afeta toda a gente em
todo o lado", sublinhou Guterres, lamentando a saída da Rússia dos
chamados acordos do mar Negro, que teria paralisado as exportações ucranianas
de cereais. Esses donativos serão, segundo a Federação Russa, para acorrer a
necessidades básicas e imediatas dos seis países referidos, não se destinarão a
influenciar os mercados europeus, caro Eng.º Guterres. Para isso contribuíram as
exportações ucranianas para alguns países europeus. Não é verdade que os
agricultores dos países europeus se queixaram de que essas importações tinham
baixado muito os preços que eles praticavam.
"A remoção de milhões e milhões de dólares em cereais
do mercado leva a preços mais altos do que ocorreria com o acesso normal dos
cereais ucranianos ao mercado internacional. Esse impacto será pago pelo mundo
inteiro e, especificamente, pelos países em desenvolvimento e pelas populações
mais pobres e vulneráveis". Então os cereais russos, impedidos de serem exportados,
não agiriam no sentido de remover essa alta de preços?
O apelo do Papa à Rússia para que seja restabelecido o
Acordo dos Cereais, suspenso por ela no dia 17 deste mês, terá certamente outra
influência de um magistério diferente do que tem tido o Eng.º Guterres.
Voltaremos, em breve, aos resultados desta Cimeira Rússia-África,
que não se esgotou nos aspectos mais mediatizados pela mídia ocidental.
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