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domingo, 30 de julho de 2023

A cimeira Rússia-África - 1

A cimeira Rússia-África, que decorreu em 27 e 28 em S. Petersburgo, esteve condicionada por actores de fortes interesses opostos, e em que até as carências alimentares das populações dos países africanos foram usadas por diferentes deles para as respectivas agendas



Vladimir Putin anunciou, na sessão de abertura da cimeira Rússia-África, em São Petersburgo, que Moscovo poderá enviar gratuitamente entre 25 mil e 50 mil toneladas de cereais a seis países africanos nos próximos quatro meses: Burkina Faso, Zimbábue, Mali, Somália, República Centro-Africana (RCA) e Eritreia.

Depois da cimeira terminada, logo o secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou a disponibilidade da Rússia para oferecer esses cereais a seis países africanos, alertando que esta acção não iria contribuir para baixar os preços dos alimentos no mundo.

Mas esquecendo-se de referir que o seu magistério de influência não conseguira assegurar à Rússia os objectivos que esta fizera incorporar no texto do acordo, nomeadamente a queda das sanções para permitira que ela exportasse, incluindo cereais, fertilizantes (de uso obrigatório para potenciar o uso dos cereais). Nem para ser permitido que o sistema SWIFT voltasse a ser utilizado pelo banco agrícola russo. Contra toda a objectividade, Guterres insistiu:

"Não é com um punhado de donativos que vamos corrigir o impacto dramático [da subida dos preços dos cereais] que afeta toda a gente em todo o lado", sublinhou Guterres, lamentando a saída da Rússia dos chamados acordos do mar Negro, que teria paralisado as exportações ucranianas de cereais. Esses donativos serão, segundo a Federação Russa, para acorrer a necessidades básicas e imediatas dos seis países referidos, não se destinarão a influenciar os mercados europeus, caro Eng.º Guterres. Para isso contribuíram as exportações ucranianas para alguns países europeus. Não é verdade que os agricultores dos países europeus se queixaram de que essas importações tinham baixado muito os preços que eles praticavam.

 

"A remoção de milhões e milhões de dólares em cereais do mercado leva a preços mais altos do que ocorreria com o acesso normal dos cereais ucranianos ao mercado internacional. Esse impacto será pago pelo mundo inteiro e, especificamente, pelos países em desenvolvimento e pelas populações mais pobres e vulneráveis". Então os cereais russos, impedidos de serem exportados, não agiriam no sentido de remover essa alta de preços?

O apelo do Papa à Rússia para que seja restabelecido o Acordo dos Cereais, suspenso por ela no dia 17 deste mês, terá certamente outra influência de um magistério diferente do que tem tido o Eng.º Guterres.

 

Voltaremos, em breve, aos resultados desta Cimeira Rússia-África, que não se esgotou nos aspectos mais mediatizados pela mídia ocidental.

 

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