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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A Rússia procura reverter os desenvolvimentos negativos no Médio e Próximo Oriente


A Rússia, de uma forma cautelosa, mas com uma intensa actividade diplomática, tem assegurado contactos com todas as partes em situação de conflito para que a situação não se torne descontrolada e caótica e caminhe para uma guerra mais generalizada, para que não sofram alterações os sistemas instalados de produção e distribuição do petróleo, num sentido favorável aos apetites de Washington, para que se não agrave a crise humanitária e o surto imigratório que, parcialmente, vão ao encontro dos interesses de algumas economias mais desenvolvidas da Europa e dos EUA.

 1. Duas questões vêm complicar ainda mais o puzzle

 Por um lado a cavalgada especulativa que, desde ontem, em uníssono, sobre o avião russo que se despenhou há dias no Sinai, os media internacionais que normalmente são veículos das operações de contra-informação norte-americana, têm vindo a realizar com base em informações dos “serviços secretos” daquele país.
É significativo que, em vez de lamentar o ocorrido, os EUA e a Inglaterra, para já, tenham preferido chamar de volta os seus cidadãos que estavam na estância balnear de Sharm el-Sheikh. Ao contrário da Rússia que apelou a que se mantivesse o fluxo turistico para a região.
É de salientar que os grades media "ocidentais”, desde o primeiro dia, tenham avançado com a hipótese de ter sido um atentado do Estado Islâmico, entidade que criaram e a quem deram impulso e criaram "credibilidade" de Estado com uma organização própria e apoio popular. Meses decorridos, o carácter torcionário de tal "regime", a sua sanha de liquidação de património cultural milenar, ficaram revelados. O próprio Papa declarou que a Humanidade tinha que se ver livre deste pesadelo.
Raid russo contra instalações do ISIS na Síria
No período dos chamados bombardeamentos aéreos dos EUA e aliados contra o ISIS, o que aconteceu foi a progressão no terreno das forças terroristas (com quem apareceram entrelaçados combatentes “rebeldes” da oposição síria que actuam com operacionais da CIA). O pedido de Assad à Rússia para ajudar o governo legítimo da Síria a travar a progressão dos invasores teve resposta positiva e revelou-se de grande eficácia. No terreno, as forças governamentais com apoio de militantes do Hezbollah, recuperaram território e cidades perdidas para os terroristas. Paralelamente os curdos da Síria fizerem o mesmo, de forma articulada, apesar de informal.
Esta tese do atentado visará conter a acção da aviação russa contra o ISIS. É de ter em conta que no início desta operação, uma mensagem atribuida ao ISIS ameaçava a Rússia de atentados por se ter envolvido na sua liquidação. Mas o governo russo, além de negar que se possa concluir que foi um atentado que provocou a queda do seu avião, aprofundou a sua acção contra o ISIS.
 
Um dia destes o Milhazes, ignorando uma vez mais isto tudo, cavalgando a tese do atentado no caso do avião russo abatido no Egipto, ainda faz o paralelismo com a intervenção soviética no Afeganistão, procurando aí pasto, para fazer aos microfones apelos ao descontentamento popular na Rússia...

Por outro lado, o resultado das eleições turcas, com práticas identificadas como fraudulentas pelo Conselho da Europa e a OSCE, sem que ambas as instituições tenham contestado os seus resultados. E isto apesar do chefe da delegação do Conselho da Europa, Andreas Gross, ter afirmado "A campanha eleitoral foi infelizmente contaminada pela iniquidade e, em certos casos, pelo medo". E de Margareta Cederfelt, chefe da delegação parlamentar da OSCE ter vincado que " As violências no sudeste do país, de maioria turca, pesaram fortemente no escrutínio e as recentes agressões e prisões de candidatos e militantes, nomeadamente do HDP, são preocupantes na medida em que ou refrearam a sua possibilidade de fazer campanha. Para que um processo eleitoral seja realmente democrático, os candidatos devem ter o sentimento que podem fazer a campanha, e os eleitores, por seu lado,  podem chegar às urnas com toda a segurança ".
É significativo que a primeira medida tomada pelo governo autocrático, depois destas eleições, tenha sido o bombardeamento das posições curdas do PKK, solidário com a acção contra o ISIS. Ao mesmo tempo está a exigir uma revisão constitucional para obter o reforço dos poderes do chefe do Estado, passando o essencial do poder executivo das mãos do primeiro-ministro para as do presidente. Apesar de ter recuperado a maioria absoluta, o AKP de Erdogan precisa ainda de 13 deputados que lhe viabilizem o referendo constitucional e tem vindo a avisar os partidos da oposição para colaborarem com este objectivo.
E tudo isto, meu filho, um dia será teu (Daesh é o termo usado por franceses, e não só, para o ISIS, designação por que ficou conhecido o Estado Islâmico, depois de invadir a Síria)
O carácter perturbador da posição turca reside, como é sabido, no facto de os terroristas do Estado Islâmico (ISIS) terem tido até aqui em território turco os campos de treino, com logística cedida pelo governo de Erdogan, armas cedidas pela Arábia Saudita, inteligência e meios de combate mais sofisticados por Israel. E terem vivido vendendo a preços vantajosos o petróleo dos poços que roubaram na zona nordeste da Síria.