A Revolução Russa foi antecedida
ao longo de milénios por muitas lutas contra a opressão e a exploração. Muitas revoluções
desde os finais do século XVIII, com a Revolução Francesa de 1796, a Comuna de
Paris de 1871, as revoluções alemã e húngara de 1918 e 1919, respectivamente,
bem como a Revolução Mexicana, iniciada em 1910, a rebelião Taiping, na China,
iniciada em 1851, para citar apenas algumas, são casos de revoluções que partem
de matrizes semelhantes que nuns casos são derrotadas militarmente noutros
casos pela apropriação pelas camadas dirigentes comprometidas com forças de
autocracias passadas.
A Revolução Russa venceu e
perdurou durante décadas, constituindo o exemplo vivo da possibilidade gerar a
certeza, estimulando proletários e outras camadas para percursos semelhantes. O
século XX revelou a capacidade de um campo anti-imperialista e anti-capitalista,
derrotar as forças nazi-fascistas e produzir décadas de uma paz, relativa é
certo. Mas também de desenvolver a ciência e a técnica, a educação e a produção
artística muito diversificada e a sua fruição por massas humanas consideráveis.
Ou ainda o fim do desemprego, a melhoria relativa de salários partindo das
grandes debilidades económicas de origem, a habitação para todos, uma segurança
social que não conheciam. Estas conquistas atraíram a admiração dos
trabalhadores, intelectuais e outras camadas de outros países.
Com a Revolução Russa e a vitória
e o papel exemplar da URSS na derrota do nazi-fascismo, o patronato ocidental cedeu perante lutas dos trabalhadores em
regimes laborais mais favoráveis e chegou mesmo a concordar com a criação do “Estado Social”,
cópia limitada mas substancial das conquistas do socialismo, como formas de
conterem as lutas contra a exploração capitalista noutros países.
Eric Hobbsbawm,
talvez o maior historiador desta época assinalou, comparando-a, com a Revolução
Francesa: “A Revolução de Outubro teve repercussões muito mais profundas e
globais que a sua ancestral. Pois se as idéias da Revolução Francesa, como é
hoje evidente, duraram mais que o bolchevismo, as consequências práticas de
1917 foram muito maiores e mais duradouras que as de 1789”.
A queda do socialismo no leste
europeu, preparada e externamente e internamente nestes países, tiveram causas
que facilitaram a acção das forças anti-socialistas. A partir dos anos noventa
até aos nossos dias a situação internacional agravou-se muito e muitas têm sido
as guerras e outras intervenções sangrentas e o desrespeito generalizado dos
direitos humanos a partir das grandes metrópoles capitalistas.
Porém ocorreu, simultaneamente um
reagrupar e reforçar das forças revolucionárias e patrióticas de muitos países
numa acção que pode conjurar essas perspectivas negras.
Como diria
Domenico Losurdo,“Como aconteceu muitas vezes com outras revoluções, aquela que
teve o seu início há aproximadamente um século seguiu um percurso completamente
imprevisível.
Estamos em
todo caso na presença de um gigantesco processo de emancipação que está bem
longe de ter chegado à sua conclusão".