Número total de visualizações de páginas

domingo, 8 de novembro de 2015

A Revolução Russa de 1917 (2)


A Revolução Russa foi antecedida ao longo de milénios por muitas lutas contra a opressão e a exploração. Muitas revoluções desde os finais do século XVIII, com a Revolução Francesa de 1796, a Comuna de Paris de 1871, as revoluções alemã e húngara de 1918 e 1919, respectivamente, bem como a Revolução Mexicana, iniciada em 1910, a rebelião Taiping, na China, iniciada em 1851, para citar apenas algumas, são casos de revoluções que partem de matrizes semelhantes que nuns casos são derrotadas militarmente noutros casos pela apropriação pelas camadas dirigentes comprometidas com forças de autocracias passadas.

A Revolução Russa venceu e perdurou durante décadas, constituindo o exemplo vivo da possibilidade gerar a certeza, estimulando proletários e outras camadas para percursos semelhantes. O século XX revelou a capacidade de um campo anti-imperialista e anti-capitalista, derrotar as forças nazi-fascistas e produzir décadas de uma paz, relativa é certo. Mas também de desenvolver a ciência e a técnica, a educação e a produção artística muito diversificada e a sua fruição por massas humanas consideráveis. Ou ainda o fim do desemprego, a melhoria relativa de salários partindo das grandes debilidades económicas de origem, a habitação para todos, uma segurança social que não conheciam. Estas conquistas atraíram a admiração dos trabalhadores, intelectuais e outras camadas de outros países.
 
Com a Revolução Russa e a vitória e o papel exemplar da URSS na derrota do nazi-fascismo, o patronato ocidental cedeu perante lutas dos trabalhadores em regimes laborais mais favoráveis e chegou mesmo a concordar com a criação  do “Estado Social”, cópia limitada mas substancial das conquistas do socialismo, como formas de conterem as lutas contra a exploração capitalista noutros países.
Eric Hobbsbawm, talvez o maior historiador desta época assinalou, comparando-a, com a Revolução Francesa: “A Revolução de Outubro teve repercussões muito mais profundas e globais que a sua ancestral. Pois se as idéias da Revolução Francesa, como é hoje evidente, duraram mais que o bolchevismo, as consequências práticas de 1917 foram muito maiores e mais duradouras que as de 1789”.
 
A luta pelos direitos das mulheres bem como a luta anti-racista e as respectivas conquistas ao longo do século XX, encontraram uma alavanca fundamental nos progressos originalmente feitos na Rússia. Os desenvolvimentos das lutas nacionais libertadoras encontraram no campo socialista um apoio decisivo para vencer as resistências colonialistas que, em geral, tiveram o apoio dos EUA, a não ser quando estes disputavam zonas de influências de potências “amigas”.

A queda do socialismo no leste europeu, preparada e externamente e internamente nestes países, tiveram causas que facilitaram a acção das forças anti-socialistas. A partir dos anos noventa até aos nossos dias a situação internacional agravou-se muito e muitas têm sido as guerras e outras intervenções sangrentas e o desrespeito generalizado dos direitos humanos a partir das grandes metrópoles capitalistas.
Porém ocorreu, simultaneamente um reagrupar e reforçar das forças revolucionárias e patrióticas de muitos países numa acção que pode conjurar essas perspectivas negras.

Como diria Domenico Losurdo,“Como aconteceu muitas vezes com outras revoluções, aquela que teve o seu início há aproximadamente um século seguiu um percurso completamente imprevisível.
Estamos em todo caso na presença de um gigantesco processo de emancipação que está bem longe de ter chegado à sua conclusão".