Taxa de cobertura das importações
pelas exportações(tx=export/importx100) dos EUA, de vários países e da UE
A taxa de cobertura de Portugal
passou de 79,0 em 1996 para 104,3 em 2017.Na U28 o país em que esta taxa mais
cresceu foi a Alemanha onde passou neste período de 103,7 para 119,3
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A tensão entre as grandes
potências económicas pode vir a afectar vários países e reduzir o fluxo do
comércio internacional, com consequências difíceis de antecipar quanto é certo
que continuam a decorrer negociações entre as partes envolvidas.
As tarifas de 25% aplicadas pelos
EUA ao aço e de 10% a o alumínio importados começaram a ser aplicadas em
relação ao Canadá e México. A UE e a China também são alvo de medidas
semelhantes. Todos os atingidos estão a retaliar, não sendo claro quem vai
ficar pior no fim disto tudo.
Os EUA importam mais destes
países do que exportam para eles (importa 296 mil milhões de dólares do Canadá
e exporta para ele apenas 266, enquanto importa do México 302 enquanto exporta
para ele apenas 229). O argumento de que passou a praticar essas taxas em nome
da segurança nacional foi ridicularizado pelo 1º ministro do Canadá mas é real
que os EUA estão a depender cada vez mais de importações de aço e alumínio - particularmente
importantes na construção de navios e aviões - para satisfazer os apetites do
complexo militar-industrial em construir cada vez mais para vender cada vez
mais.
Em relação à China, esta e os EUA
tiveram uma reunião nos passados dias 2 e 3 e para a China os resultados destas
conversas devem respeitar o pré-requisito de que as duas partes encontrem o
equilíbrio e não entrem numa guerra comercial. Segundo o documento saído das
reuniões, para a parte chinesa implica que” todos os resultados económicos e
comerciais das conversas não entrarão em vigor se o lado norte-americano impuser
sanções comerciais, incluindo o aumento das tarifas", o que parece normal
para quem negoceia de boa-fé.
Dos acordos bilaterais que os EUA
queriam assinar com outros países, já foram assinados acordos com a Coreia do
Sul, a Austrália, a Argentina e o Brasil. Mas, o mais importante, foi a guerra
comercial com a China ter sido suspensa por tempo indeterminado, uma vez que
Pequim se mostrou disposta a negociar um acordo que prevê o aumento das
importações chinesas de energia e bens alimentares norte-americanos num valor
que permita aos Estados Unidos reduzir o seu défice comercial com a China.
A China comprometeu-se a
trabalhar com os exportadores chineses para reduzir o déficite comercial dos
EUA com a China. Mas para isso os EUA precisariam de uma redução de pelo menos
200 mil milhões de dólares até o fim de 2020. Ora, vários especialistas em
comércio internacional dizem que os EUA não têm pura e simplesmente a
capacidade de aumentar a produção o suficiente para atingir essa meta,
substituindo as importações por produtos equivalentes produzidos nos EUA. Para
eles, os EUA estão a operar com pleno emprego nas suas empresas que trabalhem
para esse fim e nelas não há uma grande capacidade produtiva subutilizada.
Uma “guerra” de tarifas
aduaneiras dos EUA com a China podem, por exemplo, provocar a queda abrupta da
competitividade da indústria automobilística dos EUA. E, nesse caso, a China aumentará
as encomendas de automóveis aos países europeus e asiáticos e potenciará o
crescimento da indústria automóvel da China para o seu enorme mercado interno.
A economia dos EUA na sua relação com outros
países está, de facto, a evoluir de forma negativa (ver anexo).
Quanto à Alemanha, esta fechou
2017 com um recorde de exportações, embora o seu excedente comercial tenha
recuado pela primeira vez em oito anos.
As exportações da maior economia
europeia chegaram a 1,279 biliões de euros, num acréscimo anual de 6,3%. Já as
importações foram de 1,034 biliões de euros (+8,3%).O excedente comercial foi,
consequentemente, de 244,9 mil milhões de euros.
As exportações alemãs para a
Europa aumentaram 6,3% em 2017, atingindo os 750 mil milhões de euros, com
subida de 7% nas vendas para os países da zona do euro, e de 5,1%, para os
demais. As exportações para países não europeus, incluindo os Estados Unidos,
maior parceiro comercial da Alemanha, também cresceram 6,3%, isto é, 529,4 mil
milhões de euros.
As importações dos EUA de países
não europeus cresceram 2,3%, enquanto as procedentes da Europa subiram 7,9%
(!). Em Janeiro, o presidente Donald Trump voltou a criticar a Alemanha, por
considerar excessivo o seu superavit comercial com os EUA. O líder americano tinha
ameaçado impor tarifas aduaneiras como represália, o que poderia afetar a
indústria automobilística alemã. E também criticou a Alemanha por esta comprar
gás natural à Rússia, potência “inimiga”, e permitir que o seu território fosse
atravessado pelos gasodutos da Gazprom para outros países europeus.
Para compreender esta debilidade
relativa dos EUA, há que ter em conta que a economia dos EUA e as suas
estruturas financeiras nunca recuperaram da grande crise financeira de 2008,
apesar de já terem passado dez anos. Pouco se discutiu o facto de o Congresso
Republicano no ano passado ter abandonado o processo de cortes orçamentais
obrigatórios ou cativações automáticas que tinham sido votados numa tentativa
de conter o aumento da dívida do governo dos EUA. Se se atender aos orçamentos
federais, cerca de 75% dos gastos federais são economicamente improdutivos,
neles estando incluídas as despesas militares, o serviço da dívida mas também
outras despesas. Ao contrário da Grande Depressão dos anos 30, quando os níveis
da dívida federal eram quase nulos, hoje a dívida é de 105% do PIB e está a
aumentar. Os gastos em infraestruturas económicas nacionais, incluindo a
Tennessee Valley Authority e uma rede de barragens construídas pelo governo
federal e outras infraestruturas, resultaram do grande boom económico dos anos
50. Depois disso nada de significativo foi feito e os 1,5 biliões de dólares aprovados
para o programa do novo caça F-35 contribuirão para agravar muito mais o déficite.
Nesta situação precária, Washington está a confrontar os próprios países de que precisa para financiar esse déficite, comprando-lhe a dívida dos EUA. Como acontece com a China, Rússia e o Japão. Como os investidores financeiros exigem mais juros para investir na dívida dos EUA, as taxas mais altas agravarão a situação e os ratings das notadoras financeiras, mesmo seguindo os interesses da administração norte-americana, não perdoarão. Parece que ninguém em Washington se importa com isso e esse é um facto alarmante.
A generalização de taxas de
importação maiores, como expressão do confronto comercial entre grandes grupos
económicos mais ou menos aliados dos EUA, não vai resolver o problema da
economia americana e irá gerar uma grande redução do comércio internacional com
consequências para os EUA e para muitos outros países.
Este é o pano de fundo das
perigosas opções de política externa dos EUA no momento em que os efeitos positivos do processo de desnuclearização na península coreana são obscurecidos por
provocações de diferentes tipos como as intervenções com bandos dedicados a destruições na Venezuela
e na Nicarágua, a manutenção ainda do apoio a grupos terroristas já
praticamente derrotados na Síria, e os bombardeamentos nesta de força da "coligação internacional
A verde os países que hoje integram a Organização de Cooperação de Xangai (OCS) |
Nesta reunião participaram os novos membros India e Paquistão que assim se juntam ao Cazaquistão, República Popular da China, Quirguistão, Rússia, Uzbequistão e Tajiquistão. Inclui ainda cerca de vinte observadores (incluindo o Irão, Afeganistão, Bielorússia e Mongólia), parceiros de diálogo e convidados. A cimeira vai facilitar as trocas comerciais e a cooperação entre os países-membros e que isso inclui a cooperação entre micro, pequenas e médias empresas e o desenvolvimento do comércio de serviços, comércio eletrónico e think tanks económicos. Para além do apoio à luta travada pela Síria, entenderam que os conflitos no Afeganistão devem ser resolvidos pela própria população
O comunicado em 10 pontos saído da reunião contempla
1- Oposição à fragmentação nas relações comerciais mundiais e a qualquer forma de protecionismo comercial.
2 – Apoiar a Exposição Internacional de Importação da China, a ter lugar em novembro de 2018, em Shanghai.
3 - Persistir na resolução da questão da Península Coreana através do diálogo e da consulta.
4 - Enfatizar o diálogo político e a criação de um processo de paz e reconciliação, liderado pelo Afeganistão, como única forma de resolver a questão afegã.
5 – Destacar a importância da implementação sustentável do acordo nuclear iraniano, e apelar às partes concernentes para garantir a total implementação deste.
6 – Oposição ao uso de armas químicas por qualquer pessoa, em qualquer lugar, independentemente das circunstâncias.
7 – Aprovar a concepção da Cooperação na Proteção Ambiental dos Estados Membros da OCS.
8 – Apoiar a cooperação na área da inovação.
9 – Dar continuidade à pesquisa para a criação de um banco de desenvolvimento e de um fundo de desenvolvimento da OCS.
10 - Promover a cooperação mediática e apoiar a realização de uma cimeira de imprensa da OCS.
Anexo - Alguns dados
sobre a economia norte-americana
Principais produtos industrializados
produzidos: automóveis, máquinas, aviões, computadores, equipamentos
eletrônicos, navios, produtos químicos, têxteis, alimentos processados,
equipamentos de telecomunicações.
Principais recursos exportados:
agrícolas (trigo, milho, frutas); suprimentos industriais (adesivos, cerâmica,
vidro, ferramentas, gesso, lanternas); manufacturados (motores de veículos,
computadores, equipamentos de telecomunicações, transistores).
Principais recursos importados:
carros, crude, unidades de disco digitais, e medicamentos embalados
Principais parceiros económicos
(exportação): Canadá, México, China, Japão e Alemanha
Principais parceiros económicos
(importação): China, Canadá, México, Japão e Alemanha
Exportações (em 2016): 1,471
biliões de dólares
Importações (em 2016): 2,205
biliões de d´lares
Saldo da balança comercial:
déficite de 734 mil milhões (em 2016)
PIB dos EUA cresceu 1,6% em 2016,
ficando, em valores nominais, pelos 18,2 biliões de dólares, e o PIB per capita 57,5 mil dólares
Os Estados Unidos são a 2º maior
economia exportadora no mundo (a 1ª é a China). Em 2016, os Estados Unidos
exportaram 3,5 biliões e importaram 4,88 biliões de dólares, do que resultou um
saldo comercial negativo de 1,38 biliões. Em 2016, o PIB nominal dos Estados
Unidos foi de 18,6 biliões e o seu PIB per
capita de 57,5 mil dólares.
As exportações principais do
Estados Unidos são Indeterminado (159 mil milhões), Produtos refinados do
petróleo (63,9 mil milhões), Carros (62,3 mil milhões), Aviões, helicópteros, e
/ ou naves espaciais (60,2 mil milhões) e Turbinas a Gás (56,1 mil milhões). As
suas principais importações são Carros (177 mil milhões), Crude de Petróleo
(104 mil milhões), Unidades de Disco Digital (88,6 mil milhões), Indeterminado
(85,8 mil milhões) e Medicamentos embalados (74,4 mil milhões).
Os principais destinos de
exportação dos Estados Unidos são o Canadá (266 mil milhões), o México (229 mil
milhões), a China (115 mil milhões), o Japão (63,2 mil milhões) e o Reino Unido
(55,3 mil milhões).
As origens de importação de topo
são da China (385 mil milhões), do México (302 mil milhões), do Canadá (296 mil
milhões), do Japão (130 mil milhões) e da Alemanha (118 mil milhões).
O saldo negativo da balança
comercial dos EUA aumentou 1,59% em Fevereiro deste ano, ascendendo a 57.600
milhões de dólares (46,9 mil milhões de euros), o valor mais elevado em mais de
nove anos.
Julgo haver um lapso. O saldo comercial em 2016 terá sido negativo de 1,38 biliões e não positivo, como, por lapso, aparece.
ResponderEliminarTem toda a razão. Já corrigi. Obrigado.
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