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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Médio Oriente: sinais contraditórios, por António Abreu

 
No complexo xadrez do Médio Oriente, Afeganistão, Iraque, Síria e vários grupos curdos têm interagido com potências como a Turquia, Rússia, EUA, França, Inglaterra, Arábia Saudita e Israel.
Recentemente a Turquia propôs aos EUA colocar tropas norte-americanas e turcas na cidade síria de Manbij, como forma de isolar a parte leste e norte da Síria, controlar os grupos curdos, alimentar-lhes uma autonomia regional que se vire não contra a Turquia mas contra a Síria.
Nos territórios a leste do Rio Eufrates, os EUA jogam com milícias curdas para criar uma Força de Segurança de Fronteiras, compostos por 30 mil militares, metade dos quais das Forças Democráticas da Síria (FDS), que se têm oposto ao processo de paz para Síria, da iniciativa do presidente russo e acompanhado pelas Nações Unidas.
 
Prosseguem movimentações de grupos terroristas do Iraque para Síria e Afeganistão, da Síria e Iraque para o Afeganistão. Os EUA formam os terroristas, combatentes das FDS, a partir de membros do Daesh e da Al-Nusra, derrotados mas com dirigentes activos, que foram salvos pelos EUA.
 
Entre a Síria e os Curdos poderá ocorrer uma reviravolta nas relações entre ambos. Houve um recente pedido de apoio dos curdos à Síria, a propósito da ofensiva turca contra Afrín, que teve resposta positiva desde que só forças sírias combatessem os terroristas, por ser tarefa de defesa da soberania do país.
 
Os EUA têm, em várias situações, removido com helicópteros, dirigentes do Daesh de situações de aflição como também tem libertado presos seus de cadeias como aconteceu com a libertação por helicópteros de dirigentes presos na cadeia de Al-Hasakah, levando-os para perto da aldeia de Abu Hajar, na parte oriental da Síria, em condições de retomarem a sua actividade. 
 
As negociações para a paz iniciadas em Geneve, prosseguidas em Astana e agora em Sotchi, têm sido sucessivamente boicotados por quem nelas não participa porque não as quer, incluindo as potências ocidentais que as apoiam (EUA, França).
 
Nos últimos dias
- Em Afrín milícias sírias têm levado ajuda humanitária aos curdos apesar da resistência turca 
- Em Ghouta Oriental, terroristas, escudados com a população local lançaram mais de    
  1500  obuses sobre Damasco com dezenas de mortos nas últimas 7 semanas). Damasco reagiu
  bombardeando essa zona da cidade (segundo OSDH cerca de 300 mortos da população), atrás da
  qual os terroristas se escondem.
 
O balanço da presença dos EUA no Afeganistão é muito negativa ( ver post anterior de dia 16 aqui no blogue: terra queimada, narcotráfico, apoio a grupos talibans uns contra os outros,etc.). Apesar das acções dos EUA, que diz ter acabado com Daesh, ainda se mantêm cerca de mil combatentes do grupo no Norte e Oriente do país. Os EUA nestas acções contra o ISIS têm morto milhares de civiis, segundo a ONU. Depois de uma aparente redução do envolvimento em acções militares, Trump e o Pentágono alteram essa aparência, quando a prioridade devia ser um processo de reconciliação nacional, dirigido pelos próprios afegãos.
 
Em 2017, o balanço dos bombardeamentos das forças da coligação ocidental no Iraque e na Síria foi de cerca de 6 mil civis mortos (Organização de Jornalistas Independentes AirWars).
 
Quanto à legitimidade da intervenção estrangeira na Síria, importa ter em conta que da parte de Israel, Turquia, EUA, França foram invasões e agressões ilegais enquanto a intervenção russa e de combatentes do Hezbollah e milícias iranianas foram pedidas pelas autoridades sírias.
 
No Conselho de Segurança das Nações unidas têm ocorrido 2 atitudes contraditórias e ontem um apelo
- as pró-ocidentais tentando criminalizar bombardeamentos russos e sírios
- as dos aliados da Síria procurando condenar países que apoiam grupos terroristas na Síria.
. ontem houve um apelo a cessar-fogo de 30 dias, que terá que ser confirmado pelas partes

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