1.Desde a noite passada que a notícia da sublevação do grupo Wagner, a tomada de Rostov e a progressão para Moscovo, estão a provocar muitos receios em todo o mundo.
É certo que alguns se regozijaram, como Zelenski e Kuleba que vaticinaram novas vantagens para a sua causa. E que outros observam com atenção o desenrolar dos acontecimentos mas na perspectiva de uma acção "cordenada" dos EUA e UE, apesar de Macron e Van der Leyen terem antes dito que a questão é um "assunto interno da Rússia".
De repente o risco de uma guerra civil e a possibilidade de mais mortes e sacrifícios, que a guerra na Ucrânia já está a provocar, pairam sobre a Rússia.
Aparentemente Moscovo teñta evitar confrontos com o grupo sublevado mas numa atitude que é intencional. Mas a sua progressão faz aumentar a tensão. Certamente decorrem negociações que evitem um banho de sangue na Rússia. A Rússia - e só ela - deve resolver a questão com os seus próprios meios. Há primeiros passos já tomados que parecem promissores.
As acções de
Pequim, várias das quais com sólidos apoios institucionais, onde a cooperação
económica, e não só, se desenvolvem com base do princípio de ambas as partes
ganharem com os acordos que estabelecem.
Mas não
podemos esquecer que as dinâmicas de paz e cooperação de ambos os governos são
bem distintas. As palavras insultuosas
de Biden contra Xi Jinping parecem ser mais um grito da própria incapacidade
dos States e aliados em reverterem o curso da História
De novo os países “ocidentais” são alvo de mais uma imposição: a de não permitir que empresas chinesas tenham acesso ao 5G.
Os Estados Unidos estão a romper com regras do próprio mercado que desenvolveram, aumentando o protecionismo de empresas norte-americanas, rejeitando a concorrência, realizando comércio condicionado por imposições políticas aos países que cooperam com outros que os EUA consideram ser inimigos ou perigosos adversários. A prática de sanções contra estes países atingiu uma paranoia total.
A China é
considerada pela generalidade dos países da Ásia, África e América Latina como
um país em que podem ter confiança.
Os EUA, por razões passadas e presentes, não colheram muito com os périplos de Perkins em vários desses países, e os contactos realizados são encarados com diferentes graus de desconfiança e receios.
A China viu
a trajectória acompanha há muito a deriva dos EUA para um mundo unipolar que
aceitasse o domínio dos EUA. E os chineses tornaram-se campeões do
multilateralismo, que é acompanhado pela construção de associações regionais
para a paz e cooperação com muitos países da América Latina, de África, Médio e
Próximo Oriente, do mundo árabe. A Eurásia volta a concretizar-se.
Os EUA
institucionalizam um maior controlo dos organismos internacionais já
existentes, como na ONU e suas agências, a União Europeia, que hoje dificilmente
se distingue do que os EUA querem. Para não falar também da NATO, onde
Stoltenberg segue as instruções de vassalagem para com a Casa Branca.
Antony
Perkins e Ursula Van der Leyen estão a realizar périplos em várias regiões, oferecendo
os “valores” deles e mais quase nada, para reduzir a influência da China e da
Rússia.
3.A guerra na Ucrânia e o objectivo
de destruir a Rússia
A invasão da
Ucrânia pela Rússia foi justificada por boas e sérias razões dos habitantes de
várias regiões que foram oprimidos, perseguidos e mortos pelos nazis que
tomaram o poder em Kiev, e os riscos militares crescentes que estavam a pôr a
Rússia em prontidão militar para se defender. Depois da rasteira que os EUA,
François Hollande e Angela Merkel, pregaram à Rússia e às repúblicas populares
de Donetsk e Lugansk, ao boicotarem, em benefício de Kiev, os acordos de Minsk
de 2015, o envio massivo de todos os meios e instrumentos de guerra para os
nazis acelerou.
Os EUA e
alguns países da UE tinham apoiado antes na Ucrânia o golpe perpetrado por
organizações nazis em 2014, que interrompeu um regime fundado em eleições com
vitórias alternadas de candidaturas que se reclamavam de maior proximidade à
NATO ou à Rússia.
Desta nova
forma os EUA deram continuidade ao
objectivo de destruir a Rússia, que nas últimas décadas foi prosseguido com
outras fases e sucessos parciais.
O papel de
procuração desta guerra do governo norte-americano contra a Rússia, recaiu no
regime de Kiev, que pôs em causa a segurança do país e da sua população.
A história é conhecida bem como a inaceitável intervenção da Federação Russa na Ucrânia e as consequências que esta teve a todos os níveis, e que favoreceram numa fase inicial os inimigos da Federação Russa. A intervenção russa foi uma violação do direito internacional, um acto guerreiro que desenvolveu as intenções de guerra dos seus adversários. A violação do direito universal à integridade de cada país foi posta em causa.
Hoje este conflito e a confrontação do “ocidente” com a China condicionam tudo à escala planetária.
Mas os EUA estão a perder o antigo domínio mundial e confrontam-se agora com muitos países do mundo a construir geoestratégias bem distintas. Uma grande reconstrução das relações internacionais nos planos político e económico, com uma dinâmica cobertura de infraestruturas básicas em países em desenvolvimento está em curso, com preocupações pacificadoras e de reconciliação entre países, de proveito mútuo nas novas relações (ganha-ganha), com a ruptura com o dólar como meio de pagamento em benefício de moedas nacionais.
Antony
Perkins e Ursula Van der Leyen realizaram périplos rápidos em quase todo o mundo
e ofereceram os valores “deles” e mais quase nada para demover a influência
da China e da Rússia.
As grandes
alterações geoestratégicas em curso são irreversíveis, mas os que estão a
deixar de perder a influência que tiveram no passado estão a resistir e ainda
têm, margem de manobra e uma máquina de mentira a seu favor. Acontecimentos
como o rebentamento da barragem de Kherson que alagou principalmente as zonas
controladas pelos russos, os atentados bombistas para matar e meter medo, ou
mais a grande mentira de Zelenski “revelando” os ataques iminentes da Rússia
contra a central nuclear de Zaporígia…
4. A muito anunciada contraofensiva
da Ucrânia contra a Rússia está a patinar, segundo o Le Monde, e não conseguiu penetrar as suas linhas de defesa em torno das províncias que foram
integradas na Rússia com o apoio das respectivas populações, a saber Donetsk, Luhansk,
Zaporígia e Kherson. Os mares Negro e de Azov continuam russos.
O valor atribuído à “reconquista” de pequenas aldeias, fora das linhas russas, já quase destruídas e
desabitadas, contrasta com o tom inicial do gauleiter
de opereta de Kiev.
Mas o excesso de confiança e a
desconsideração pelas forças russas, a partir do segundo semestre do ano
passado, foram fatais para Kiev.
A forma como
falavam dos soldados russos e os recursos militares da Rússia, desde o final do
ano passado não pode ser esquecida. Para Kiev e toda a mídia mainstream
ocidental, incluindo a nossa seriam jovens com deficiente preparação para uma
guerra a serem mortos como “carne para canhão” e estando os generais sentados
no Kremlin, quando muitos generais de alto escalão morreram ao lado dos seus
homens a combater. Fugiriam desorientados com as supostas derrotas, etc, etc,
etc. A Rússia estaria exaurida de recursos, muitos dos quais da era soviética da
segunda guerra, estavam ultrapassados face às muitas sofisticadas armas
ocidentais, mas com capacidade de produção militar muito limitada. Leopards,
Abrahams, HIMARs, e outras armas de vanguarda foram confrontadas com armas
russas muito mais eficazes.
A Rússia
apresenta-se hoje com uma poderosa indústria metalomecânica sempre a trabalhar
para mais e melhores armas. E mostrou-se capaz de obter drones, artilharia,
mísseis hipersónicos, F-400, de fazer uma guerra electrónica com meios muito
eficazes e sofisticados, que combateram com êxito os recursos ocidentais
equivalentes.
Oficiais
generais, não apenas os portugueses, que revelam a coragem de não se deixarem
ficar manietados pelo rótulo de putinistas, mas também de outros países, têm
revelado estes factos, incluindo a estimativa de que em matéria de mortos os
ucranianos poderão estar a ter 5 a 6 vezes mais mortos que os russos.
Para negociações futuras, os ucranianos continuam a falar na recuperação da anterior integridade do país e exigem que as contas bancárias de russos na Europa sejam aplicadas na reconstrução. Os russos têm a força da realidade actual das novas repúblicas que aderiram à Rússia, não abrem mão das muitas dezenas de milhares de mortos que as defenderem e contruíram linhas de defesa nesses territórios que o governo de Kiev não conseguiu beliscar e defendem zonas tampão adjacentes a elas com a garantia dos seus cidadãos não serem atingidos por fogo adversário.
5. Vencer as mentiras e os bloqueios
mentais à nossa inteligência é uma luta que tem que ser conduzida no seio de
todos.
Há já alguns
sucessos nessa resistência ao rolo compressor e na cidadania que vai tomando
voz. Que eles sejam exemplos a reproduzir.
Nós somos
seres inteligentes com uma cultura democrática que os patrões da CNN, e dos
grupos de canais de rádio e TV, dos donos da multimédia, desprezam.
Mas vamos
vencer.
Nunca como agora senti que o facto de não ser estúpida de todo me colocava em situação de risco. Nem no tempo do estado novo.
ResponderEliminarMas vamos vencer.