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quinta-feira, 9 de maio de 2019

O previsível crescimento dos preços do petróleo, por António Abreu


Como chegaram os EUA, com Trump, a primeiros produtores mundiais?

Os EUA tornaram-se no maior produtor mundial de petróleo de petróleo no final de 2018.
Os EUA atingiram altos níveis de produção, mas a principal razão pela qual os EUA são os maiores produtores é porque a Rússia e a Arábia Saudita limitaram sua produção. Esta estratégia deve continuar, especialmente na Arábia Saudita, que tem altas prioridades nacionais de gastos e está envolvida numa dispendiosa guerra de agressão no Iémen, fazendo com que seja do interesse do país manter o preço do petróleo mais alto.
O que acontece não é, pois, apenas etar a aumentar a produção dos EUA. Há outros fatores em jogo, como a estratégia de preços da OPEP. A organização do petróleo tem atrasado a oferta para manter os preços à superfície, com valores entre os 60 e os 80 dólares por barril.
A produção de petróleo dos EUA cresceu quatro vezes de 2017 para 2018, com uma produção que terá chegado a a 10,7 milhões de bpd (barris por dia) este ano. Sem sinais de desaceleração da produção, esperava-se que os Estados Unidos chegassem a primeiros produtores mundiais antes do final do ano passado.

O petróleo de xisto

O aumento é em parte devido à bacia do Permiano e às suas peças de xisto que continuam a produzir em ritmo alucinante. A Energy Information Administration previu que a produção da bacia em maio do ano passado seria de 3,183 milhões de bpd - um aumento esperado de 73 mil bpd a partir de abril e um quarto mês consecutivo de aumentos.
O petróleo de xisto é um petróleo não convencional produzido a partir de fragmentos de xisto 
betuminoso e através da sua pirólise, hidrogenação ou dissolução térmica. Estes processos convertem a matéria orgânica no interior da rocha (querogénio) em petróleo e gás sintéticos. O petróleo que resulta deste processo pode ser imediatamente utilizado como combustível ou então pré-refinado de modo a poder ser usado como matéria-prima em refinarias. A pré-refinação consiste no acréscimo de hidrogénio e na remoção de impurezas como o enxofre ou o nitrogénio. Os produtos refinados podem ser utilizados para os mesmos fins dos derivados de crude.
Até agora, a extração de petróleo de xisto é mais cara que a extração de petróleo tradicional. Além disso, as jazidas do novo sistema extrativo se esgotam mais rápido. Além disso o processo de passagem do xisto a petróleo implica a produção de diversos produtos químicosque se infiltram no subsolo e a afectam os lençóis freáticos.

O peso no mercado mundial do petróleo off-shore e do de xisto

A exportação de óleo de xisto pelos EUA nestes últimos anos está a alterar a dinâmica mundial dos preços e a retirar o papel regulador que a OPEP (1) tem tido, no que respejta ao preço do barril. 
Nos últimos anos não vemos nenhum acordo de corte de produção que seja respeitado por todo mundo. Alguns membros dependem totalmente do petróleo e temem perder esse mercado para os EUA com o preço do barril mais elevado e uma indústria mais robusta, os Estados Unidos despontam como um dos maiores produtores mundiais de petróleo.Entretanto, um grupo de investigadores do Instituto Tecnológico de Massachusetts considera que o aumento da produção de petróleo nos últimos anos não tem tido a ver com o progresso tecnológico alcançado pelos EUA: as empresas norte-americanas simplesmente têm tido acesso a jazidas com muito potencial. Isso lhes permitiu aumentar a produção até mesmo quando os preços do petróleo eram baixos. 
A produção offshore também teve aumentos. Os poços offshore dos EUA aumentaram a produção entre setembro e dezembro em 220.000 barris por dia, segundo o relatório da CNBC.
Os produtores dos EUA reiniciaram as suas operações e aumentaram sua produção devido à viabilidade do preço atual do petróleo e os lucros que permitem. Quanto mais o preço aumenta, mais a extração se torna viável para os produtores desempenharem um papel ainda mais ativo.

.Segundo Aaron Brady, da IHS Markit, tornando-se os EUA no maior produtor, apenas manterá os preços do petróleo sob controle, segundo afirmou em meados do ano passado, mas “A matriz de decisão é da Arábia Saudita, que ainda é a “produtora de swing” porque tem as maiores reservas e um par de milhões de barris por dia que pode trazer ao mercado rapidamente” (2).

Quando falamos de OPEP, quer-se dizer Arábia Saudita e, até certo ponto, Kuwait, Emiratos Árabes Unidos e Rússia, que, não sendo membro da OPEC, faz parte do acordo.
“Depois da produção, com colapso de preços ter caído, passou a crescer bem novamente por duas razões: os preços do petróleo passaram a ficar mais altos e para os produtores do petróleo de xisto, uns 50 dólares por barril propicia-lhes um crescimento robusto, eficiências e redução das despesas de serviço.”
E acrescentou: “O offshore é comparável, mas com prazos de entrega mais longos e maiores volumes de capital. Um grande projeto offshore é de milhares de milhões de dólares, enquanto um poço individual na Bacia Permiana pode ficar abaixo de 10 milhões”.
Brady diz que pode até haver um atraso no investimento em projetos de ciclo de chumbo mais longos, com offshore, inclusivamente em águas profundas, se os operadores e investidores ainda acharem que o xisto manterá os preços mais baixos no longo prazo.
No entanto, acrescenta que é importante lembrar que, embora contribuindo para o crescimento, o xisto ainda representa apenas 6% da participação no mercado mundial.

A rutura pelos EUA do acordo nuclear com o Irão (JCPOA) e as sanções ao comércio com a Venezuela

A denúncia por Trump do acordo feito com o Irão em 2015 para limitar o programa nuclear deste país teve aspetos nocivos em vários planos em que se caminhara para um progresso nas relações entre diversos países.
A estrutura do acordo nuclear do Irão foi um acordo-quadro preliminar alcançado em 2015 entre a República Islâmica do Irão e um grupo de potências mundiais – o P5+1 (os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – EUA, Reino Unido, Rússia, França e China e a Alemanha mais a União Europeia.
Os EUA arvoraram-se em capatazes do conjunto dos países envolvidos, impondo multas aos países e empresas que rompessem com a sanção da recusa de importação do petróleo do Irão.
Apesar dos EUA terem renunciado a multar oito desses países, as sanções reduziram muito a oferta global de petróleo, já que as exportações do Irão caíram em março deste ano para 1,1 milhões de barris quando em junho do ano passado tinham sido mais do dobro (2,3 milhões), de acordo com dados da Agência Internacional de Energia.
Na passada 5ª feira a UE declarou estar empenhada em manter o acordo com o Irão de 2015 (JCPOA), não aceitando quaisquer ultimatos.  E o Irão anunciou deixar de cumprir algumas cláusulas do acordo, aguardando que a UE cumpra com os compromissos assumidos perante o seu país. Nomeadamente  os membros da UE criarem um mecanismo financeiro especial que permitiria fazer negócios no Irão, fazendo escapar aos “radares” dos EUA todos os queiram negociar com o país se por isso se virem abrangidos por sanções. Por seu lado a UE pediu ao Irão para continuar a cumprir os compromissos na base do JCPoA, abstendo-se de quaisquer medidas de escalada.
A UE rejeitou qualquer tipo de ultimato e declarou que irá avaliar a conformidade dos passos dados pelo Irãoaelativamnte aos seus compromissos nucleares no âmbito do JCPOA e do TNP (Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares).
A oferta de petróleo foi também afetada com as tentativas de golpe e sanções impostas pelos EUA à Venezuela.

Entretanto, apesar destes esfolrços dos EUA, tudo vai depender da  procura mundial deste combustível e da capacidade das novas tecnologias compensarem o custo de extração de um barril de petróleo de xisto e de um barril de petróleo tradicional.



(1) Quando falamos de OPEP, quer-se dizer Arábia Saudita e, até certo ponto, Kuwait, Emiratos Árabes Unidos e Rússia, que, não sendo membro da OPEC, faz parte do acordo.




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