O presidente da Bolívia, Evo Morales, saiu em defesa do governo da
Nicarágua nesta quarta-feira (25), dando a entender que a onda de
desestabilização que assolou o país desde abril se tratou de uma tentativa dos
Estados Unidos de tentarem um novo golpe de Estado no continente, desta vez
contra Daniel Ortega.
A Presidente da Bolívia referiu
que ao tentar interromper o processo constitucional da Nicarágua e forçar
eleições antecipadas, os EUA “mostram sua obsessão pela ingerência em assuntos
internos dos países soberanos”, esclareceu o presidente.
Na sua conta no Twitter, Evo
acusou os EUA de ter uma postura de “patrão do mundo” e que a ingerência do
país americano na Nicarágua é um “anúncio de golpe contra o diálogo e a paz”.
A onda de desestabilização
começou em abril quando uma manifestação de estudantes da Universidade
Politécnica pediu a revogação da reforma laboral apresentada por Daniel Ortega.
O presidente atendeu o pedido popular com rapidez e não avançou com a reforma,
porém, as manifestações continuaram, desta vez, no dia seguinte (!) com uma nova reivindicação: a renúncia do chefe
de Estado.
Imediatamente começaram as ações
violentas que resultaram em mortes de manifestantes a favor e contra o governo,
destruição de prédios públicos incluindo bibliotecas e equipamentos de saúde,
além de agressão gratuita contra militantes sandinistas.
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, da Frente Sandinista de
Libertação Nacional (FSLN), afirmou em julho estar disposto a voltar à mesa de
diálogo com a oposição para encontrar uma saída pacífica e negociada para a
grave crise social em que se encontra seu país. Os sectores mais agressivos da
oposição rejeitaram-no.
O interesse norte-americano em
mudar, de forma precipitada, o atual governo da Nicarágua está diretamente
ligado às negociações do país com a
China para a construção de um novo canal que será muito maior em capacidade que
o Canal do Panamá, caminho dominado pelos EUA para receber importações e
exportar sua produção.
Stephen Sefton, analista político
da Global Research, salientou na passada 6ª feira (28) que, depois do falhado o
golpe na Nicarágua e da OEA e Amnistia Internacional ignorarem as mortes e
torturas de sandinistas, o povo da Nicarágua exige reparações por parte dos
golpistas, apoiados pelos EUA.
Na passada quarta-feira (25) o Congresso dos Estados Unidos aprovou
por unanimidade a resolução bipartidária (votada por 241 parlamentares
republicanos e 194 democratas) que condena e responsabiliza o governo de Daniel
Ortega pela violência nas manifestações.
O documento legislativo propõe,
além disso, eleições presidenciais antecipadas no país centro-americano - os
EUA a legislarem para os outros…
Entre abril e julho deste ano, a
Nicarágua sofreu uma tentativa extremamente violenta de mudança de regime
apoiada pelo governo dos EUA e aliados seus. Componentes essenciais e cruciais
dessa tentativa de golpe foram os relatórios de má fé de organizações
internacionais de direitos humanos e a cobertura de notícias extremamente
tendenciosa pela comunicação social ocidental.
Todos eles mentiram ao acusar o
governo sandinista da Nicarágua por quase todas as mortes durante o golpe,
quando foi o contrário que aconteceu.
Milhares de pessoas voltaram a manifestar-se no último sábado (25), em
Manágua, capital da Nicarágua, para exigir justiça e reparação para as vítimas
da violência que marcou a intentona golpista, provocada pela extrema-direita,
com apoio financeiro norte-americano.
Mais de duzentos sandinistas,
transeuntes não envolvidos e policias foram mortos e centenas sofreram
intimidações, abuso e tortura às mãos das forças de oposição apoiadas pelos
EUA.
A mais falsa referência por elas ao conflito é a insistência em que a
oposição nicaraguense realizou no essencial protestos pacíficos, o que é um
absurdo, atendendo ao número de baixas sandinistas e policiais. Essa
cobertura deliberadamente enganosa dos acontecimentos na Nicarágua reflete a
ampla contaminação das sociedades ocidentais, a que o economista Bill Black e
outros chamam de "fraude de controle" por meio da qual empresas,
especialmente empresas financeiras poderosas, usam contas superficialmente
legítimas e controles de auditoria deliberadamente para enganar os investidores.
Essas empresas relatam ativos inflacionados e custos mínimos, dando uma visão
deliberadamente falsa e enganosa da posição financeira da empresa. Essas
poderosas empresas põem de lado as práticas empresariais honestas e manipulam
os líderes políticos, e atraem os profissionais da justiça para escaparem ao
processo criminal.
A fracassada tentativa de mudança
de regimes pelo governo dos EUA na Nicarágua neste ano, como as ofensivas dos
EUA contra a Venezuela ou o Irão, por exemplo, revelam como esses processos de
corrupção atingem instituições ocidentais de todos os tipos. As organizações sem fins lucrativos, a comunicação
social e as instituições multilaterais ocidentais operam como uma enorme
combinação corrupta por meio de um ciclo de feedback infinito de desinformação,
negando aos povos de seus países uma visão verdadeira e justa dos eventos
mundiais. Alargam-se nos anúncios das suas boas intenções e superioridade moral,
enquanto minimizam, mentindo, os custos, as incontáveis vítimas e o
sofrimento incalculável. Assim, as populações investidas nessa vasta
preocupação fraudulenta pensam que os supostos controles do sistema, como a
comunicação social e setores não-governamentais, funcionam muito bem quando, na
verdade, quase todos são corruptos.
Segundo o autor, no caso da
Nicarágua, dois acontecimentos demonstram essa realidade com muita clareza.
Em primeiro lugar, os relatórios ocidentais contra a Nicarágua foram
completamente omissos quanto ao ataque assassino em maio do ano passado na
rádio sandinista, Nuevo Radio Ya. O ataque resultou da falsa alegação
sensacionalista de Miguel Mora, do canal de propaganda da oposição com 100% de
noticias que lhe eram favoráveis, de que sua emissora de TV estava a ser
atacada nesse dia. Mora pediu a ativistas da oposição que atacassem a Nuevo
Radio Ya, o que fizeram, incendiando-a, mantendo mais de 20 funcionários de
rádio reféns e disparando sobre bombeiros e policias que tentavam controlar o
fogo e resgatar as pessoas. Apenas a bravura dos serviços de resgate e do
pessoal da estação de rádio impediu lesões mais graves e perda de vidas.
Um segundo incidente, entre dezenas de casos semelhantes, também
demonstra a corrupção da indústria ocidental de direitos humanos e dos seus
cúmplices da comunicação social. Na semana passada, as autoridades nicaraguenses
divulgaram os resultados de uma minuciosa investigação sobre uma das principais
atrocidades atribuídas pela CIDH e pela Amnistia Internacional ao governo no
dia 16 de junho. Naquele dia, uma família de seis pessoas, incluindo duas
crianças, foi queimada até a morte num incêndio criminoso em sua casa.
Imediatamente, a virulenta organização de defesa dos direitos humanos CENIDH
teve seus ativistas em cena acusando falsamente o governo do crime. Em poucas
horas, a CIDH também atribuiu o hediondo ataque ao governo. Agora, após meses de investigação, a
polícia identificou quatro dos incendiários com base em acusações de
sobreviventes do incêndio, identificação e testemunho de testemunhas, análise
forense e material incriminatório da comunicação social da oposição. Dois dos
acusados foram enviados para julgamento e dois são fugitivos.
Desde os primeiros momentos da
tentativa de golpe, o governo da Nicarágua convidou a OEA a enviar um Grupo
Interdisciplinar de Peritos Independentes para ajudar as autoridades
nicaraguenses nas suas investigações como parte da missão da CIDH na Nicarágua.
Mas a CIDH apresentou o que chamou de
relatório final ao Conselho Permanente da OEA, antes mesmo desse grupo de
especialistas ter começado a trabalhar. Agora, o grupo de especialistas
apresentou um relatório cobrindo eventos até 30 de maio que, e que, como era
previsível, reproduziu as mesmas informações falsas do anterior relatório perentório
da CIDH, com base em relatos da comunicação social da oposição e de
organizações de direitos humanos. Como o Escritório do Alto Comissariado das
Nações Unidas para os Direitos Humanos, o grupo de peritos da CIDH quebrou os
termos de seu acordo original com o governo, envolvendo-se em atividades que
não tinha autoridade para empreender.
O termo da visita do grupo de especialistas já havia expirado quando,
em 19 de dezembro, o governo decidiu suspender a presença dos corpos da CIDH na
Nicarágua, acusando-os de apoiar a oposição minoritária do país e os seus
esforços para derrubar o governo constitucional da Nicarágua. Antes disso,
o Ministério do Interior confirmou em 14 de dezembro a medida da Assembleia
Nacional que cancelou o estatuto legal de nove organizações sem fins lucrativos
que fizeram uso ilegal dos seus recursos para participarem e apoiarem
ativamente a tentativa de golpe. Essas ONGs representam 0,2% de cerca de 4300
organizações sem fins lucrativos registadas no Ministério do Interior do país.
Num outro movimento para desmantelar as redes de oposição envolvidas na
tentativa fracassada de golpe, o governo aplicou a legislação de longa data do
país contra o incitamento ao ódio e prendeu Miguel Mora, diretor da rádio que
foi organizadora das manifestações violentas, rádio essa que foi encerrada.
Como no caso das medidas tomadas
pelas autoridades venezuelanas para proteger a sociedade de seus países contra
crimes semelhantes, a cobertura da comunicação social ocidental sobre estes
recentes acontecimentos na Nicarágua, deturpa-os apresentando-os como “ações de
uma ditadura!” Mas para os nicaraguenses
elas representam medidas legítimas para defender o Estado de Direito, a
estabilidade económica e a segurança dos cidadãos.
Todos estes “paladinos” dos
direitos humanos omitem a violência sádica e assassina da oposição e deturpam,
de forma grotesca, os passos dos governos da Venezuela e da Nicarágua para
proteger as pessoas contra ela. Ao
encobrir os crimes da oposição, eles tornam-se cúmplices deles.
Recusando-se a reconhecer a
realidade da violenta e opressiva violência da oposição durante a tentativa
frustrada de golpe, a CIDH e seus seguidores em acampamentos de ONGs, como a Amnistia
Internacional, confirmaram que ela foi acessória para o golpe tentado uma vez mais.
Eles têm sido cúmplices com as práticas de matar, queimar, realizar violações,
abusar sexualmente de mulheres.
O governo dos Estados Unidos
anunciou na última terça, 27, novas sanções contra a vice-presidente e
primeira-dama da Nicarágua, Rosário Murillo, como resposta a alegada repressão promovida
por Daniel, aos protestos contra o governo. E estendeu essas sanções ao assessor
de segurança nacional, Néstor Moncada Lau
Este é um dos golpes que o
imperialismo norte-americano, de diferentes formas, tem implantado na América
do Sul e Caraíbas. A mais recente vai ser agora os contratos que Bolsonaro vai assinar com Israel, na altura da sua investidura
que incluem assuntos económicos e de “segurança”, ou seja, Israel vai tentar
implantar, com a Mossad, mais uma plataforma logística de agressão contra os
países de regimes progressistas da América Latina.
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