Desde a votação na AR vários amigos e conhecidos meus zurziram no José Manuel Jara, no PCP e, indirectamente, em mim, que levei para o facebook as respectivas atitudes, solidarizando-me com elas . Compreendo os seus pontos de vista e não encaro a questão de forma leviana. Nem o PCP nem o Jara o fazem.
Meter na agenda política, de forma inopinada, e sem aviso prévio, a questão da eutanásia pode corresponder a um incontido sofrimento atroz de muitas pessoas nas últimas semanas sem que eu tivesse dado por isso. E por isso me penitenciaria. Mas o que me pareceu foi que, à marretada, alguns quiseram impôr as suas agendas políticas de sucessivas "questões fracturantes" numa progressão de Peter quanto ao respeito pelas pessoas que é a questão central desta e de doutras questões.
Se um sofrimento humano na doença alcança o intolerável, apesar dos cuidados continuados e paliativos, se queremos encontrar outra medida que levanta muitas reservas na sociedade, confrontemo-la em termos pedagógicos com outro tipo de medidas mas envolvendo todo o nosso povo e não apenas o "debate" de ideias nas páginas de jornais ou programas de rádio e TV que procuram sofregamente audiências ao ritmo alucinante da imposição de ideias que, curiosamente (ou não) fizeram a convergência das políticas editoriais desses media.
O que se passou não foi esclarecimento e troca de ideias. Foi cavalgar o sofrimento indiscritível de alguns sem procurar criar um vasto e mais ou menos organizado espaço de convergência. Em nome do respeito pela dôr alheia, criemos as condições para isso e não repitamos a busca indecorosa de protagonismos "florzinhas-no-chapéu".
Afinal quem não esteve interessado em criar a aprovação desta medida na AR?
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