Quer antes, quer depois de aprovada há dois dias, a Declaração da XV Cimeira dos BRICS, realizada em Johannesburg, foram criadas expectativas positivas por parte de muita gente no mundo.
A azul escuro os primeiros BRICS, a azul claro os que se lhe juntaram agora
Também foi motivo de intervenção de dirigentes ocidentais, de forma nervosa. Macron queria ser convidado para a cimeira e não foi. Imagine-se que todos os ex-colonizadores recentes de África o tivessem reclamado também, isto é Portugal, Alemanha, Bélgica, Itália ou a Grã Bretanha (na altura da 1ª Guerra Mundial, 90% dos territórios africanos estavam colonizados por estes países europeus).
Por seu lado os EUA agigantaram-se junto da Índia, dando a entender que no futuro os dois estados seriam "donos disto tudo".
Os escribas e comentadores dos EUA e Europa desdobram-se em apoucar a importância dos novos países dos BRICS, esquecendo-se de que eles hoje representam 33,7% do PIB mundial ultrapassando os 27,0% para que caiu o dos G7...
Por cá os comentadores anti-BRICS situaram-se na área política do governo.
Também essa malta que nos quer formatar as cabeças ignora que o investimento chinês que o Banco de Desenvolvimento dos BRICS, presidido por Dilma Rouseff, não esgotará na capacidade de investimento já usada na construção de importantes infraestruturasa necessárias ao desenvolvimento. O alargamento dos BRICS vai trazer muito novo investimento nomeadamente de grandes países produtores de petróle que entraram agora (Argentina, Irão, Arábia Saudita e Emiratos Árabes Unidos).
Em declarações ao Finantial Times neste mês de Agosto, Dilma Rousseff afirmara que "“O nosso foco tem que ser esse: um banco feito pelos países em desenvolvimento para eles próprios” e "planeia começar a emprestar nas moedas sul-africana e brasileira (rands e reais) para reduzir a dependência do dólar" e "“O nosso objetivo é alcançar cerca de 30% de tudo o que emprestamos em moeda local".
Dilma sublinhou "Além dos empréstimos em rand e real, estão a pensar fazer o mesmo em rúpia (moeda da Índia), sendo que já o fazem em renmimbi (moeda chinesa).
A expansão dos empréstimos em moeda local apoia um objectivo mais amplo acordado pelos países BRICS de encorajar a utilização de alternativas ao dólar nas transações comerciais e financeiras.
Dilma Rousseff disse que os empréstimos em moeda local vão permitir que os mutuários dos países membros evitem o risco cambial e as variações nas taxas de juros dos EUA.
Mais adiante daremos conta de outros aspectos da Cimeira e forneceremos uma tradução dos 94 pontos da respectiva Declaração.