Julian Assange é acusado pela justiça norte-americana de ter
conspirado com Chelsea Manning para a ajudar a descobrir uma password que lhe
daria acesso a um computador do governo dos EUA em março de 2010.
Segundo o Departamento de Justiça de EUA, Assange ajudou
Manning, uma militar norte-americana, antiga analista dos serviços de
informação, a descobrir a password que permitia que ela acedesse aos
computadores do Pentágono. Chelsea Manning foi condenada nos EUA por
espionagem, num tribunal militar, depois de ter entregue milhares de documentos
secretos à WikiLeaks, a uma pena de prisão de 35 anos, que viria a ser reduzida
pelo presidente Barack Obama em 2010.
Apesar de ter sido acusada, não lhe foi permitido falar com
um juiz e, ficou presa, sem qualquer possibilidade de exercer o seu direito de
requerer o habeas corpus.
As condições de detenção de Manning na base militar de
Quantico (no estado de Virgínia) foram consideradas desumanas e ilegais, tendo
sido equiparadas a tortura, pela Amnistia Internacional. Um Relatório publicado
pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, emitido após investigação,
reafirmou que as condições de detenção eram cruéis e desumanas. Manning foi
submetida a privação de sono, nudez forçada e diversas formas de tortura
psicológica.
Se um político da oposição russa fosse arrastado por
policias armados e em três horas fosse condenado com uma longa sentença de
prisão, todos nós sabíamos a reação que teriam os órgãos de comunicação social
ocidentais a esse tipo de crime invocado pelo juiz. No entanto, isso foi o que
exatamente aconteceu em Londres com Julian Assange…
A tentativa dos EUA de processarem o fundador do WikiLeaks,
Julian Assange, é um ataque rancoroso às liberdades civis. É uma perseguição a
um homem, que envergonhou os EUA ao expor publicamente a brutalidade de
Washington no Médio Oriente. Os EUA são a maior superpotência do mundo que luta
para manter esse seu domínio. No campo da informação, no domínio tecnológico,
no domínio cultural. E o WikiLeaks foi um escolho a tudo isso.
O juiz Michael Snow considerou Assange culpado por não se
ter apresentado em tribunal em 2012, quando procurou asilo político na
embaixada do Equador.
O juiz distrital Michael Snow mostrou o preconceito mais
claro e aberto contra Assange nos 15 minutos que levou para o ouvir no caso e
declarar Assange culpado. Julian Assange não disse nada durante todo o
processo, a não ser para se declarar “inocente” duas vezes. No entanto, o juiz
Michael Snow condenou Assange como "narcisista que não consegue superar o
seu próprio interesse egoísta".
Não houve nada que tenha acontecido na breve audiência de
Snow que pudesse ter dado origem a essa opinião nem isso era matéria de
natureza criminosa. Era claramente algo que o juiz tinha levado consigo para o
tribunal, lido ou ouvido na mídia tradicional. Trata-se de preconceito. O
"juiz" Michael Snow e o seu julgamento sumário são uma vergonha
total.
Um dos advogados de Assange, no início do dia, Jen Robinson
disse que “foi preso não apenas por quebra de condições de fiança, mas também
em relação a um pedido de extradição dos EUA”. Esta perseguição deveu-se a uma
mudança política ocorrida no Equador, na sequência das últimas eleições
presidenciais e porque o novo presidente do Equador foi ele próprio alvo de
suspeitas de corrupção pelo WikiLeaks
Por seu lado, outro dos seus advogados, Geoffrey Robertson,
disse que ele pode enfrentar uma pena pesada de prisão se for extraditado para
os EUA. "A América está decidida a colocá-lo na prisão por muito tempo
para impedir aqueles que publicam material sobre o comportamento de suas forças
armadas”, disse ele à BBC News. As acusações de Assange levariam até 45 anos de
prisão, na prática a pena de morte sua atendendo à sua idade e problemas de
saúde".
Logo o Departamento de Justiça dos EUA, para facilitar a
extradição de Assange do Reino Unido para os EUA, veio a declarar que Assange
poderia enfrentar uma pena máxima de 5 anos de prisão.
Apoiar a perseguição de Assange nestas circunstâncias é
apoiar a censura absoluta do estado da Internet.
É apoiar a alegação de que qualquer jornalista que receba e
publique material oficial que indique irregularidades do governo dos EUA, possa
ser punido por sua publicação.
É o perigo que a prisão representa para os jornalistas em todo
o mundo e a possibilidade da sua extradição para os EUA.
Além disso, essa reivindicação dos EUA terá um efeito
tremendo para a jurisdição à escala universal. Assange não estava sequer perto
dos EUA quando publicou os documentos, mas mesmo assim os tribunais dos EUA
estão dispostos a reivindicar jurisdição. Esta é uma ameaça à liberdade de
imprensa e na internet em todos os lugares.
Apesar do susto que tudo isto provoca nos dias de hoje,
esses poderão também ser momentos inspiradores para não deixar passar estes
perigos
A história da perseguição a Assange e do que o WikiLeaks
revelou pode encontrar-se em muitas publicações e sites como este em
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