A eleição no ano passado do novo
presidente na Coreia do Sul, Moon Jae-in, e a determinação de defesa da Coreia
do Norte relativamente a manobras navais dos EUA, do Japão e da Coreia do Sul,
permitiram ambas para se entrar numa nova fase, de reaproximação das duas
Coreias.
Já tinham ocorrido conversações entre
as duas Coreias no âmbito de conversações entre as “Seis partes” desde 2000: as
2 Coreias, EUA, URSS, China, Japão. Mas foram interrompidas por um governo
sul-coreano conservador.
Certamente, esta reaproximação vai
tornar necessário que os EUA substituam o armistício no final da guerra da
Coreia (1950-53) por um tratado de paz permanente, para acabar o “estado de
guerra” que dura há 64 anos…sem guerra.
Há que atender a que os dois
países são hoje muito diferentes.
Quando num passado recente se falou de
reunificação, isso implicava:
- O país assumir a forma de uma Confederação
das 2 Coreias actuais, mantendo as identidades económicas e políticas próprias de
cada uma.
- A eventual unificação das
forças armadas.
- A neutralidade em relação a
outros países.
Chegou-se a acordar numa capital
comum – a Coreana – numa zona já definida na zona desmilitarizada,
- com concentração nela do controlo
sobre os
respectivos
arsenais nucleares
- com um Senado comum (eleito por organizações
profissionais
nos dois
territórios)
- com um presidente
comum eleito nos dois territórios.
- e uma universidade
comum para formação de “elites”
Também se caminhava para um acordo em aceitar
duplas nacionalidades com países terceiros.
Porém o retrocesso decorrente nomeadamente
do governo conservador no Sul, da agressividade da administração Obama, com
exercícios militares conjuntos na proximidade do Norte, as reacções de resposta
agressiva do Norte com lançamento de mísseis com um cada vez maior alcance e capacidade
de transportar ogivas nucleares, fizeram recuar esse processo.
A eleição no ano passado de Moon
Jae-In é um importante passo da carreira política que começou quando era
estudante, durante o regime militar, e foi detido por participar em
manifestações não autorizadas pelo governo da época.
A eleição presidencial foi
convocada depois de milhões de sul-coreanos terem saído às ruas para exigir a
destituição da então presidente Park Geun-Hye, que foi afastada por estar envolvida
num enorme escândalo de corrupção.
Moon, rompendo co0m a ”tradição”
dos presidentes sul-coreanos serem corruptos, possui uma imagem de homem
honesto e participou nas manifestações contra Park. Em 1972, começou a estudar
Direito em Seul, mas foi preso e expulso da universidade por ter liderado um
protesto estudantil contra a ditadura de Park Chung-Hee, o pai da presidente
destituída no ano passado. Próximo do ex-presidente Roh, tiveram ambos papel
destacado no movimento de luta pela democracia, que levaria o país em 1987 às
primeiras eleições livre
Durante a recente campanha em que
foi eleito, Moon prometeu reduzir o poder económico dos grandes conglomerados
familiares sul-coreanos, os "chaebols", cujas relações estreitas com
o poder político estiveram no centro do escândalo Park. Não só por isso, Moon
foi criticado por ser muito tolerante com Pyongyang, em plena escalada da
tensão com o Norte. Também o foi por ter dito depois da tomada de posse “Estou
disponível para ir a qualquer lado, pela paz na península coreana: se
necessário irei imediatamente a Washington, a Pequim e a Tóquio. Se as
condições estiverem reunidas irei a Pyongyang”. O que é um facto é que já
esteve com os presidentes dos EUA, da China e do Japão.
Moon mostrou-se completamente
contrário à implantação na Coreia do Sul do escudo antimíssil americano THAAD,
anunciado no decurso da tensão entre os EUA e a Coreia do Norte.
A aproximação entre as duas
partes avançou desde que, a 1 de Janeiro, o líder norte-coreano, Kim Jon-un,
manifestou a disponibilidade de a RPDC enviar atletas aos Jogos Olímpicos. O
presidente sul-coreano, Moon Jae-in, apoiou igualmente as conversações entre as
duas Coreias.
Na passada terça-feira, dia 9, realizou-se
a primeira reunião de alto nível em dois anos, com acordo em assuntos de
interesse comum na aldeia fronteiriça de Panmunjom, na zona desmilitarizada, e
centrou-se na participação da RPDC nas Olimpíadas de Inverno 2018, que
decorrerão em Fevereiro, em PyeongChang, na República da Coreia (Coreia do Sul,
capital Seul). Mas houve espaço para abordar outras questões bilaterais. No dia seguinte Moon Jae-in considerou, agradecendo, que Trump teve um papel decisivo na aproximação histórica entre as duas Coreias e em Washington, a administração norte-americana parece preparar-se para flexibilizar as restrições no uso de armas nucleares. Em Seul, Moon Jae-in salientou ainda que a cooperação entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul é “muito próxima” e que “não há diferença de opiniões com os Estados Unidos” quanto ao caráter positivo das conversações iniciadas na terça-feira.
Moon Jae-in referiu ainda que está disposto a encontrar-se pessoalmente com Kim Jong-un, o líder da Coreia do Norte, lembrando que o objetivo primordial é a desnuclearização da península.
Moon Jae-in referiu ainda que está disposto a encontrar-se pessoalmente com Kim Jong-un, o líder da Coreia do Norte, lembrando que o objetivo primordial é a desnuclearização da península.
Na terça-feira, as duas delegações, de cinco
membros cada, foram encabeçadas, da parte de Pyongyang, por Ri Son-gwon,
presidente do Comité de Reunificação Pacífica da Coreia, e, da parte de Seul,
por Cho Myoung-gyon, ministro da Unificação.
Foi decidido que a RPDC (Coreia do
Norte, capital Pyongiang) enviará às Olimpíadas uma delegação com responsáveis
de alto nível, atletas, técnicos, animadores, jornalistas e uma equipa de
demonstração de taekwondo.
E Seul propôs que as delegações
dos dois países desfilassem em conjunto na abertura e no encerramento dos
Jogos.
Seul propôs ainda celebrar antes
das festividades do Ano Novo Lunar, a 16 de Fevereiro, uma reunião da Cruz
Vermelha para discutir a reunificação das famílias separadas pela guerra de
1950-1953. Também propôs um encontro a nível militar para procurar alternativas
baseadas na cooperação e no respeito recíproco que permitam travar as tensões e
promover a paz na península.
A RPDC propôs o diálogo e
negociações entre as duas partes da Península da Coreia, assim como conseguir a
paz, a reconciliação e a união de todo o território.
Pyongyang e Seul decidiram
reabrir uma linha telefónica directa para assuntos militares.
Pequim e Moscovo encararam como
positivo o restabelecimento do diálogo.
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