Número total de visualizações de páginas

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Reaproximação entre as duas Coreias


 
A eleição no ano passado do novo presidente na Coreia do Sul, Moon Jae-in, e a determinação de defesa da Coreia do Norte relativamente a manobras navais dos EUA, do Japão e da Coreia do Sul, permitiram ambas para se entrar numa nova fase, de reaproximação das duas Coreias.

Já tinham ocorrido conversações entre as duas Coreias no âmbito de conversações entre as “Seis partes” desde 2000: as 2 Coreias, EUA, URSS, China, Japão. Mas foram interrompidas por um governo sul-coreano conservador.

Certamente, esta reaproximação vai tornar necessário que os EUA substituam o armistício no final da guerra da Coreia (1950-53) por um tratado de paz permanente, para acabar o “estado de guerra” que dura há 64 anos…sem guerra.

Há que atender a que os dois países são hoje muito diferentes.

 Quando num passado recente se falou de reunificação, isso implicava:

- O país assumir a forma de uma Confederação das 2 Coreias actuais, mantendo as identidades económicas e políticas próprias de cada uma.

- A eventual unificação das forças armadas.

- A neutralidade em relação a outros países.

Chegou-se a acordar numa capital comum – a Coreana – numa zona já definida na zona desmilitarizada,

                          - com concentração nela do controlo sobre os

                            respectivos arsenais nucleares

                          - com um Senado comum (eleito por organizações profissionais

                            nos dois territórios)

                          - com um presidente comum eleito nos dois territórios.

                          - e uma universidade comum para formação de “elites”

 Também se caminhava para um acordo em aceitar duplas nacionalidades com países terceiros.

Porém o retrocesso decorrente nomeadamente do governo conservador no Sul, da agressividade da administração Obama, com exercícios militares conjuntos na proximidade do Norte, as reacções de resposta agressiva do Norte com lançamento de mísseis com um cada vez maior alcance e capacidade de transportar ogivas nucleares, fizeram recuar esse processo.

A eleição no ano passado de Moon Jae-In é um importante passo da carreira política que começou quando era estudante, durante o regime militar, e foi detido por participar em manifestações não autorizadas pelo governo da época.

A eleição presidencial foi convocada depois de milhões de sul-coreanos terem saído às ruas para exigir a destituição da então presidente Park Geun-Hye, que foi afastada por estar envolvida num enorme escândalo de corrupção.

Moon, rompendo co0m a ”tradição” dos presidentes sul-coreanos serem corruptos, possui uma imagem de homem honesto e participou nas manifestações contra Park. Em 1972, começou a estudar Direito em Seul, mas foi preso e expulso da universidade por ter liderado um protesto estudantil contra a ditadura de Park Chung-Hee, o pai da presidente destituída no ano passado. Próximo do ex-presidente Roh, tiveram ambos papel destacado no movimento de luta pela democracia, que levaria o país em 1987 às primeiras eleições livre

Durante a recente campanha em que foi eleito, Moon prometeu reduzir o poder económico dos grandes conglomerados familiares sul-coreanos, os "chaebols", cujas relações estreitas com o poder político estiveram no centro do escândalo Park. Não só por isso, Moon foi criticado por ser muito tolerante com Pyongyang, em plena escalada da tensão com o Norte. Também o foi por ter dito depois da tomada de posse “Estou disponível para ir a qualquer lado, pela paz na península coreana: se necessário irei imediatamente a Washington, a Pequim e a Tóquio. Se as condições estiverem reunidas irei a Pyongyang”. O que é um facto é que já esteve com os presidentes dos EUA, da China e do Japão.

Moon mostrou-se completamente contrário à implantação na Coreia do Sul do escudo antimíssil americano THAAD, anunciado no decurso da tensão entre os EUA e a Coreia do Norte.

A aproximação entre as duas partes avançou desde que, a 1 de Janeiro, o líder norte-coreano, Kim Jon-un, manifestou a disponibilidade de a RPDC enviar atletas aos Jogos Olímpicos. O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, apoiou igualmente as conversações entre as duas Coreias.

Na passada terça-feira, dia 9, realizou-se a primeira reunião de alto nível em dois anos, com acordo em assuntos de interesse comum na aldeia fronteiriça de Panmunjom, na zona desmilitarizada, e centrou-se na participação da RPDC nas Olimpíadas de Inverno 2018, que decorrerão em Fevereiro, em PyeongChang, na República da Coreia (Coreia do Sul, capital Seul). Mas houve espaço para abordar outras questões bilaterais. No dia seguinte  Moon Jae-in considerou, agradecendo,  que Trump teve um papel decisivo na aproximação histórica entre as duas Coreias e em Washington, a administração norte-americana parece preparar-se para flexibilizar as restrições no uso de armas nucleares. Em Seul, Moon Jae-in salientou ainda que a cooperação entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul é “muito próxima” e que “não há diferença de opiniões com os Estados Unidos” quanto ao caráter positivo das conversações iniciadas na terça-feira.  

Moon Jae-in referiu ainda que está disposto a encontrar-se pessoalmente com Kim Jong-un, o líder  da Coreia do Norte, lembrando que o objetivo primordial é a desnuclearização da península. 

Na terça-feira, as duas delegações, de cinco membros cada, foram encabeçadas, da parte de Pyongyang, por Ri Son-gwon, presidente do Comité de Reunificação Pacífica da Coreia, e, da parte de Seul, por Cho Myoung-gyon, ministro da Unificação.

Foi decidido que a RPDC (Coreia do Norte, capital Pyongiang) enviará às Olimpíadas uma delegação com responsáveis de alto nível, atletas, técnicos, animadores, jornalistas e uma equipa de demonstração de taekwondo.

E Seul propôs que as delegações dos dois países desfilassem em conjunto na abertura e no encerramento dos Jogos.

Seul propôs ainda celebrar antes das festividades do Ano Novo Lunar, a 16 de Fevereiro, uma reunião da Cruz Vermelha para discutir a reunificação das famílias separadas pela guerra de 1950-1953. Também propôs um encontro a nível militar para procurar alternativas baseadas na cooperação e no respeito recíproco que permitam travar as tensões e promover a paz na península.

A RPDC propôs o diálogo e negociações entre as duas partes da Península da Coreia, assim como conseguir a paz, a reconciliação e a união de todo o território.

Pyongyang e Seul decidiram reabrir uma linha telefónica directa para assuntos militares.

Pequim e Moscovo encararam como positivo o restabelecimento do diálogo.

Sem comentários:

Enviar um comentário