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sábado, 26 de agosto de 2017

“Exodus”, (a propósito do reenvio de um e-mail que me fizeram)


Trata-se de um animação satírica e inteligente, a partir de uma realidade trágica, feita pela cartoonista norte-americana Nina Paley, que mostra o conflito histórico pelo domínio da região também conhecida por Terra Santa. A animação “This Land is Mine” (“A Terra é Minha”) ilustra a matança dos povos habitantes daquela região, com a banda sonora criada por Ernest Gold e Pat Boone, todos eles, e também Leon Uris, activistas do sionismo que se implantou em Israel.


“This Land is Mine” é uma sátira à “The Exodus Song”. Esta música funcionou como um espécie de banda sonora do sionismo americano na década de 1960 e 70.
 

O “Exodus” foi um dos navios que procederam ao transporte de imigrantes ilegais, de países onde tinham sido vítimas dos crimes horríveis dos nazis, para a Palestina, no período que precedeu a fundação do Estado de Israel. O navio foi comprado pela Agência Judaica em 1947. Este e outros navios, depois de chegarem à costa da Palestina, foram mandados para trás pelos colonizadores ingleses. A população da Palestina reagiu a esta imigração maciça mas foi vítima de agressões, assassinatos e emigração para outros territórios.

Em 1958, Leon Uris escreveu um livro, Exodus, inspirado na história do navio, onde retrata o Holocausto, a imigração para a então Palestina e a criação do Estado de Israel. No livro, porém, a história do navio tem um final mais feliz: os judeus refugiados não regressam à Europa e conseguem, através de uma greve de fome, dobrar as autoridades britânicas e descer na Terra de Israel (a Palestina). Em 1960, com o mesmo título, Otto Preminger fez um filme baseado na obra de Leon Uris, e tendo como principal intérprete Paul Newman.

O tom épico de coragem, que encerravam, prendeu-me a eles, nos meus catorze anos, quando ainda não tinha condições para conhecer a outra parte da história. Só com a luta do povo palestiniano contra as ocupações e massacres perpetrados por Israel, conheci esse outro lado da narrativa.

O livro e o filme que adoptaram o nome do navio constituíram actos de propaganda maciça, essencial para que nos EUA e Europa, nomeadamente, depois do fim da 2ª Guerra, se criasse uma opinião pública favorável à instalação do estado de Israel e à remoção forçada dos habitantes da Palestina. As organizações militares hebraicas Haganah, Mossad e Irgum sustentaram esta operação para mostrarem ao mundo a necessidade de um Estado Judeu - uma pátria soberana e independente, lar incontestável de todos os judeus. Minaram também as possibilidades de fazer regressar aos países de origem, nomeadamente àqueles que tinham sido libertados dos nazis, de muitos judeus que passaram grandes privações nestas viagens de marítimas, sempre sem porto seguro e sujeitas a regressos à Europa.

Diante do agravamento da situação, os ingleses passaram o problema para a recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU), que criou o Comitê Especial para Palestina (UNSCOP) a fim de tratar da decisão pela partilha territorial. O eleito para a Assembleia Geral de 1948, que ficou encarregado de gerir essa questão, foi um brasileiro que havia sido ministro de Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha. Aranha propôs a criação do Estado judaico e desencadeou uma votação de delegados das nações então constituídas. Todos os países árabes votaram contra a criação de Israel e a divisão do território. Alguns países ocidentais, como a Inglaterra, não votaram, mas a maioria votou a favor. O Estado de Israel foi então declarado oficialmente existente.
O líder judeu que encabeçou todo o processo era ainda Ben-Gurion. Foi ele que, inclusivamente, assinou a declaração de Independência de Israel no Museu Nacional de Tel- Aviv, e, depois, foi eleito o primeiro-ministro da república de base parlamentar de Israel.

No mesmo ano em que foi reconhecido como Estado oficialmente existente, Israel teve de lidar, como era natural, com a primeira de muitas guerras que viria a enfrentar contra os Estados Árabes, que, por muito tempo não reconheceram o direito de Israel de existir, só o vindo a fazer pela força das armas e pela pressão de Washington.

Um outro tema me prendeu e ainda hoje continuo a saber a letra de cor e a poder cantá-lo, coisa de deixei de querer com o acentuar do carácter fascista dos sucessivos governos israelitas, foi o “Exodus Song”, que foi buscar o nome “This Land Is Mine”, de forma oportunista, este de facto um bom filme de Jean Renoir, de 1943, que tem a ver com a resistência ao nazismo em França nos meados da guerra, e a terra que é “minha” é a França e não a “Terra Prometida”, invocada pelos criadores do estado judaico. E que teve música de C. Bakaleinikoff e Lothar Perl.
 
The Exodus song” (This Land is mine) foi composta por Ernest Gold e interpretada originalmente por Pat Boone e é a música principal da banda sonora do filme. Fica o trailer
Trailer  do

 

Segue-se a tradução muito pessoal

Esta terra é minha
Deus deu-me esta terra
Esta terra valente e antiga
Deu-ma a mim

 
E quando o sol da manhã
Revela seus morros e planícies
Então vejo uma terra
Onde as crianças podem correr livremente

 
Pega então na minha mão
E percorre esta terra comigo
Esta terra encantadora
Comigo

 
Embora seja apenas um homem
Quando estás ao meu lado,
Com a ajuda de Deus,
Eu sei que posso ser forte (bis)

 
Para que esta terra se torne na nossa casa
Se eu tiver que lutar, vou lutar
Para fazer dela a nossa terra.
Até eu morrer, esta terra é minha

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