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terça-feira, 29 de novembro de 2016

Aleppo: o fim do terror aproxima-se


Face às manobras do enviado especial da ONU, De Mistura, que foram comprometendo a paz cuja procura deveria prosseguir, o governo da Síria e os seus aliados – Hezbollah e unidades de combatentes iranianos iranianas - retomaram os seus ataques aos terroristas que ainda se mantinham em parte da zona oriental de Aleppo, após três semanas de trégua declaradas unilateralmente. Com o apoio de meios aéreos russos (na foto um míssil mar-terra convencional saído de um porta-aviões no Mediterrâneo para alvejar objectivos militares do Al-Nusra e outros grupos a ele associados).
A reconquista total desta pequena parte da cidade aproxima-se, depois da recuperação do bairro estratégico de Massaken Hanano e do grande bairro de Al Qadisiyah em apenas uma hora.

Do bairro Jabal Bidaru, controlado pelos terroristas, conseguiram fugir mais de 900 civis, incluindo 119 crianças, desafiando o risco de serem fuzilados por eles, mais de cem combatentes entregaram as armas e saíram dessa parte oriental por corredores criados pelo Centro Russo de reconciliação das partes em conflito.

Além disso, mais de 3 mil casas e dez bairros foram libertados das mãos da Frente Al-Nusra. Mais de 2500 civis foram evacuados, incluindo cerca de 800 crianças. Este progresso verificou-se também noutros dois bairros vizinhos.

Nestes últimos dias os terroristas perderam cerca da terça parte de Aleppo Oriental – a sua maior derrota nestes quatro anos.
 
A NATO aproveitou-se dessas tréguas para tentar enviar reforços, saídos de Idlib, no noroeste da Síria, em direção a Alepo-Leste. Mas o Hezbollah, apanhado numa tenaz entre os dois grupos jihadistas, conseguiu manter, sozinho, as suas posições e evitar a ruptura do cerco a Aleppo.
A propósito deste apoio da NATO aos Jihadistas, o Hezbollah do Líbano, reconhecido como organização terrorista pelos EUA, exibiu em Qusayr um grande número de veículos militares fabricados pelos EUA e enviados para os terroristas na Síria, provocando perguntas sobre a questão numa das conferências de imprensa diárias do Departamento de Estado dos EUA na passada terça-feira.

Estes novos ataques por terra e por ar, apenas a alguns alvos militares, são dolorosos mas os terroristas não deixaram alternativas. Recusaram-se a deixar sair a população por um corredor que lhes foi aberto. Recusaram-se a eles próprios saírem, a salvo, por outro corredor. E recusaram-se ainda a deixar transitar num outro corredor ajuda humanitária para o interior desses bairros. A aviação russa largou grande número de folhetos informando da iminência do retomar dos ataques face à atitude dos terroristas que continuam a usar como escudos a população que têm mantido refém.

O jornalista da RTP João Fernando Ramos escrevia na passada 5ª feira no site da RTP:

“O meu camarada Paulo Dentinho afirmava esta semana na RTP que na Síria só há maus e que uns serão menos maus que outros. Como em todas as guerras - recordo sempre os bombardeamentos a Sarajevo e o ignóbil ataque ao mercado da cidade, que acabou por mudar o curso da guerra - há um forte e sujo jogo de propaganda. Quem quer mais apoios internacionais joga com as imagens, com os alegados massacres, com o drama de inocentes para ganhar vantagem.

Não sei se é isso que está a acontecer em Alepo, mas devemos questionar tudo. Será que os bombardeamentos russos causam sempre danos colaterais e provocam aquilo que vemos e os americanos e a coligação internacional, que largam milhares de bombas por dia, acertam milimetricamente nos alvos militares, nunca provocando a morte a nenhum civil? Serão estes rebeldes, que se misturam com o estado islâmico e mais uma dúzia de movimentos terroristas, “meninos do coro” que não provocam nunca danos nos civis que vivem do lado das tropas de Assad?

Uma freira que viveu em Alepo confessava à RTP que estes rebeldes de Alepo não deixam sair da cidade os civis, as crianças, as mães, as famílias, para manterem verdadeiros escudos humanos nos pontos vitais.” (fim de citação).

É incontornável que tem que se colocar em questão o trabalho do enviado das Nações Unidas. A Rússia sustenta que “sabota desde há mais de seis meses a resolução do Conselho de Segurança (CS) da ONU que determinava a organização de negociações internas na Síria sem condições prévias”.

Quando há quase um ano o Conselho de Segurança da ONU deliberou que em Janeiro deste ano começasse um diálogo até ao Verão que então permitisse chegar a “um governo credível, inclusivo e não sectário”, importa constatar que o senhor De Mistura não foi capaz de fazer sentar a «oposição síria” à mesa de negociações, nem conseguiu separar o Al Nusra, a quem a ONU não reconhecia o direito de participarem em negociações por serem terroristas. Na mesma linha, o responsável pelas operações humanitárias, O’Brien falou de uma suposta “táctica cruel” aplicada pelos militares russos e sírios em Alepo e Damasco Oriental, ilibando de responsabilidades os “rebeldes” que, efectivamente, sujeitam os civis, a quem não permitem a saída dessa parte da cidade, à fome severa e à carência de assistência médica. O Estado Islâmico está a agir de forma idêntica em Mossul (cidade de 1,5 milhões de habitantes donde até agora só terão fugido 68 mil, segundo dados oficiais). Mas neste caso, nenhuma “boa alma” contesta as consequências da intensa campanha militar em curso ou acuse os seus protagonistas (EUA, Iraque, etc.) de crimes de guerra e «punição colectiva.

No que respeita a acusações sobre a utilização de armas químicas, parece haver também uma atitude dúplice. No passado dia 11, o Ministério da Defesa da Federação Russa disse ter provas do uso de armas químicas por parte dos terroristas em Aleppo. No mesmo dia, a ONU denunciou que o Estado Islâmico armazena grandes quantidades de amoníaco e enxofre em zonas civis de Mossul, no Norte do Iraque, onde se sucedem os relatos do uso de armas químicas. Mas de novo umas “boas almas” foram desenterrar tal acusação mas dirigida à Síria que o adequado organismo da ONU já anteriormente negara.

A agência noticiosa síria, SANA, informou que o exército assegurou a saída de cerca de 1500 habitantes de zonas de Aleppo oriental ainda nas mãos dos grupos armados. Em dois dias a progressão das tropas sírias foi grande em Aleppo oriental.

Espera-se que os próximos ataques libertarão completamente Aleppo e outras bolsas de terroristas.

O Daesh perdeu até hoje 56% do território que controlava no Iraque e 28% do que controlava na Síria.

Entretanto, uma "enorme quantidade" de informações do Estado islâmico foi encontrada após a captura da cidade síria de Manbij. Elas estavam relacionadas com ameaças terroristas na Europa, de acordo com o comandante-chefe da Grã-Bretanha no Iraque e Síria, citado pela comunicação social britânica.

O general britânico Rupert Jones disse, de acordo com o Guardian,"Eu não vou entrar em detalhes, mas sabemos que as operações externas têm sido orquestradas de forma muito significativa de dentro de Raqqa e de Manbij”. Para este militar britânico, enquanto Raqqa estiver na posse do Daesh poderá organizar a partir daí ações no estrangeiro.

“Há uma quantidade enorme de informações secretas, documentação, material eletrónico que lá foi utilizado e que aponta muito directamente contra todos os tipos de nações em todo o mundo ", acrescentou. Foi criada por nós no Kuwait uma unidade para processar todos os discos rígidos, chaves USB e outros dados retirados de Manbij. Este material inclui alegadamente detalhes de financiamento, de propaganda e bases terroristas em toda a Europa, informou o Guardian.

A Síria sofre desde Março de 2011 um conflito no seu interior, apoiado em recursos das “democracias” ocidentais, que já fez, segundo as Nações Unidas cerca de 300 mil mortos. Mais de 2,3 milhões de sírios refugiaram-se em países estrangeiros. As forças armadas sírias e os seus aliados enfrentam a agressão de diferentes grupos armados de diferentes origens e que incluem mercenários estrangeiros.

É tempo de libertar a Síria de terroristas, de proceder às negociações acordadas entre a Rússia, os EUA e as Nações Unidas.

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