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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Indonesia: passam 50 anos sobre um dos maiores massacres do século XX


Em Maio de 1965, o secretário-geral do PCI, Aidit, num aniversário do PCI, perante mais de 100 mil pessoas, ao lado do presidente Sukarno
Só agora, a propósito deste aniversário, começa a haver espaço para discutir na Indonésia o pesadelo de então mas tiveram que passar cinquenta anos sobre o banho de sangue realizado pelo exército indonésio, conduzido pelo nosso bem conhecido geral Suharto visando o extermínio da quase totalidade dos membros do Partido Comunista Indonésio (PKI), partido com resultados eleitorais muito elevados e com um número e militantes na ordem dos milhões, aliado do Presidente Sukarno.
A pretexto de um suposto golpe contra as chefias de um pretenso movimento “G30S”, estima-se que entre 500 mil a um milhão, ou mesmo mais pessoas tenham sido assassinadas. 
A maior parte das fotos foi confiscada pelos serviços secretos indonésios e norte-americanos
http://monthlyreview.org/2015/12/01/no-reconciliation-without-truth/

Outras 750 mil a um milhão e meio foram presas, muitas das quais torturadas. Milhares morreram na prisão. Apenas cerca de 800 pessoas foram levadas perante tribunais militares que, sumariamente, os condenou à morte...e os tratou de executar. Os Estados Unidos, e em menor parte a Austrália, estiveram envolvidos em quase todo o processo deste extermínio: compilando listas de pessoas a serem mortas; entregando equipamentos militares, especificamente destinados aos autores do derramamento de sangue; oferecendo ajuda organizativa e logística; enviando agentes secretos para ajudar na "limpeza"; e fornecendo apoio político aos assassinos, particularmente da comunicação social norte-americana.
Suharto e os golpistas responsáveis não passaram pelas prisões e Suharto , depois destes massacres e dos de Timor-Leste,  morreu naturalmente na cama décadas depois dos acontecimentos.
Durante décadas, os EUA apoiaram Suharto e opuseram-se à sua condenação internacional.
A Monthly Review publica este mês uma entrevista com um dos presos sobreviventes cuja leitura sugerimos
Em 1975, o presidente Gerald Ford e o secretário de estado Henry Kissinger, recebidos por Suharto, aterram em Jacarta para estarem presentes no 10º aniversário do massacre
Foi um tribunal de sobreviventes agora, 50 anos depois, em Haia, que classificou os crimes contra a Humanidade registados e sentenciou que a sua autoria era do estado indonésio
Sobreviventes no julgamento simbólico de Haia em Novembro deste ano