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quinta-feira, 10 de março de 2016

Sai Cavaco, entra Marcelo.


Perguntaram-me se eu fosse deputado, se teria aplaudido de pé no fim do discurso de tomada de posse do novo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Respondi que ficaria de pé mas que não bateria palmas.

Porque, apesar de um respeito que na altura era devido, o conteúdo não merecia aplausos.

Marcelo fez um discurso com a pretensão de agradar a todos, e foi a pormenores que relevam da propaganda ou de um marketing de paternalismo que não se compadeciam com as circunstâncias. Ou pelo uso que fez de terminologias como a ”linhagem” ou a citação “este reino é obra de soldados ”mas que revelam conceções pouco republicanas…

Marcelo fez questão de sublinhar que em matéria de solidariedade institucional garantiria a que para ele é indefetível, “a solidariedade institucional indefetível entre os dois únicos órgãos de soberania fundados no voto universal e direto de todo o Povo que somos, distanciando-se da solidariedade com o Governo.

Em matéria de Constituição, admitiu uma revisão na base de “consensos alargados” que unam em vez de dividir, o que sabemos bem o que é. Não só nisso fez a sugestão da convergência de PSD, CDS e PS. Também entendeu que no próprio sistema político se deve ir mais longe (sempre que o ouvi falar disso no passado era a pensar na alteração das leis eleitorais para garantir uma “governabilidade” de dois partidos, em regime de alternância, para resolver na secretaria questão que é do foro e devia ser garantida por políticas que respeitem a Constituição).

Afirmar que “ temos de cicatrizar feridas destes tão longos anos de sacrifícios, no fragilizar do tecido social, na perda de consensos de regime, na divisão entre hemisférios políticos. Tudo indesejável, precisamente em anos em que urge recriar convergências, redescobrir diálogos, refazer entendimentos, reconstruir razões para mais esperança”, carecia esclarecesse que isso não era aproximar a direita do PS para que as retificações das malfeitorias de anos aos portugueses fossem suspensas.

A própria amálgama de intenções para os próximos cinco anos (do seu mandato) em que nos esperariam “cinco anos de busca de unidade, de pacificação, de reforçada coesão nacional, de encontro complexo entre democracia e internacionalização estratégica, dentro e fora de fronteiras e entre crescimento, emprego e justiça social de um lado, e viabilidade financeira do outro, de criação de consonâncias nos sistemas sociais e políticos, de incessante construção de uma comunidade convivial e solidária” tem muito que se lhe diga para não ser apenas um desconexo rol de intenções”.

Creio que todos esperamos que o Presidente da República respeite, como jurou, a Constituição da República e os outros órgãos de soberania, não usando as funções presidenciais, como aconteceu anteriormente, para dar força à direita e para apoiar a política de direita a partir da Presidência da República.