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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Eleições na Alemanha e as grandes manobras do eixo germano-francês


As eleições de ontem na Alemanha tentarão ser aproveitadas para rematar o projecto anti-social do eixo franco-alemão, que se agravou na Alemanha por parte de governos da CDU/CSU com os liberais do FDP ou os sociais-democratas do SPD com as leis Wartz, iniciadas em 2005, e está agora a ser testado em França com o pacote Macron.
 

Merkl passará pelas dificuldades de formar governo e Macron, fustigado nas ruas pelos trabalhadores franceses, e sofrendo uma derrota nas eleições para o Senado, vão manter o projecto caro aos grandes grupos económicos que levaram ambos ao poder e aí, para já, os sustentam na medida que ambos se identificam muito com eles. A forma como ambos estão projectados como grandes líderes políticos no circo mediático revela o suporte desses grandes grupos. Em ambos os países as classes medias e populares pagam o preço da ortodoxia orçamental que praticam.
A idéia de que na Alemanha tudo vai bem e que ela pode constituir exemplo para o resto da Europa, não resiste à análise dos números. Merkl pode brandir ter o mais baixo desemprego da Europa mas os alemães e o próprio FMI sabem e dão conta disso, que os jovens para sobreviverem têm que ter dois ou três “empregos” por dia, em virtude dos tempos parciais de trabalho (com o correspondente corte de remunerações), que a precaridade disparou no país, que aumentam as desigualdades sociais que já atingiram os níveis arrepiantes dos EUA, e que cresceu a parte da população a viver abaixo da pobreza, que os serviços públicos e a protecção social se estão a degradar.
O envelhecimento da população e a possibilidade de encontrar trabalho alternativo levou os industriais a pressionar a aceitação de uma imigração de 800 mil pessoas, essencialmente síria, forçada a sair do país pela guerra de agressão que sofreu mas que está em vias de ser vencida. Não há “humanismo” de Merkl ao aceitar imigrantes com bons níveis de formação e qualificação (as “vítimas” de Assad) que vão aceitar remunerações de trabalho mais baixas.
Em França, Macron, seguindo o exemplo da colega alemã, chantageia: ”Querem reduzir o desemprego? Então aceitem a precaridade”!... As Leis do Trabalho podem cair pela base. Macron, como referimos, quer introduzir, com o seu nome, as leis Wartz que foram introduzidas na Alemanha a partir de 2005.
Esse pacote inclui o facilitar dos despedimentos, a redução dos apoios aos desempregados, o disparar do tempo parcial de trabalho, particularmente entre as mulheres, mini-empregos mal remunerados, a degradação dos serviços públicos e o deteriorar de infraestruturas como as escolas (muitas das quais a carecerem de reabilitação), como as estradas, com o risco que isso traz para passageiros e condutores, ou como as pontes onde já existem muitas em que os camiões deixaram de poder passar.
E depois os sustos e os medos são canalizados na Alemanha para o AfD e na França para a Frente Nacional…Sem dúvida que há que importa estar alerta, mas já os mesmos media estão a colocar ambos como cooperantes nas suas representações nas instituições…
O crescimento da extrema-direita em ambos os países deveu-se às políticas anti-sociais de um governo "socialista" num caso e num centrão de geometria variável noutro caso.
Na Alemanha o AfD, de extrema-direita cresceu nos meios rurais ou desactivados industrialmente, particularmente na antiga RDA. É aí que também o Die Linke, que já era maioritário em alguns distritos, tem grande influência, mas subindo no conjunto da Alemanha. Os extremos tocam-se como alguns dizem? Não. A extrema-direita aproveita-se dos deserdados. A Esquerda recolhe o apoio dos seus, que não tem defraudado.
                         
 
 

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