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terça-feira, 1 de novembro de 2016

“Vêm aí os russos!”, avisa o MI5

 
Antes da entrevista de hoje ao Guardian Andrew Parker, que muito badalada tem sido na nossa sempre reverente comunicação social, o chefe do MI5, foi o orador convidado surpresa na conferência anual da Royal Society sobre diversidade. Disse à audiência que a agência teve razões práticas para refletir a diversidade da sociedade britânica. "Temos de nos aproximar, cultivar e recrutar pessoas para serem agentes, trabalhar para nós. Isso não funciona tão bem se todos se parecerem comigo", numa clara alusão ao que a fotografia confirma claramente.

Na entrevista revelou que a Rússia estava a representar uma ameaça crescente para a estabilidade do Reino Unido e estaria a usar “todas as ferramentas sofisticadas à sua disposição para atingir seus objetivos”, disse o diretor-geral do MI5 ao Guardian. A sofisticação de meios pode ser verdadeira pois o MI5 ainda deve andar a colocar escutas por baixo das mesas e minicâmaras nas canetas dos agentes de Sua Magestade. Que seja dirigida contra a Inglaterra é um delírio não documentado pelo espião.

Mas disse ainda que numa época em que muito do foco das atenções do MI5 era o “extremismo islâmico”, a acção secreta de outros países estava a constituir-se um perigo crescente…E, claro, o mais proeminente era a Rússia. Tinha que ser…Está escrito nos céus, na Bíblia…Pena é que Parker não tenha tratado pelo nome comum de terroristas os tais extremistas islâmicos com que teria estado entretido.

A Rússia para ele estaria até “a usar toda sua gama de órgãos e poderes estatais para fazer valer a sua política externa no exterior de formas cada vez mais agressivas - envolvendo propaganda, espionagem, subversão e ataques cibernéticos. A Rússia está trabalhando em toda a Europa e no Reino Unido hoje. É o trabalho do MI5 vai estar no seu caminho".

É pá, os russos são muito bons. Aplicam-se. E a sua política até está a ser compreendida pelos britânicos…

Parker disse que a Rússia ainda tinha muitos oficiais de inteligência no Reino Unido (coisa que calculo eu que o MI5 não retribua na mesma moeda há décadas, porque é uma organização de anjinhos, já me esquecia…). Mas para o chefe dos espiões britânicos, “o que era diferente agora dos dias da guerra fria” (Acabou? É que não dei por nada…) era o advento da guerra cibernética. Os “alvos russos” incluíriam “segredos militares, projetos industriais, informações económicas, governo e política externa. E eu penso que também a leitura de Shakespeare, Dickens, Jane Austen, Oscar Wilde, Orwell, inaceitável intromissão porque o Parker não deve ter ido além da Agatha Christie, ou do 007.

"A Rússia parece cada vez mais definir-se por oposição ao Ocidente e agir em conformidade", disse Parker, querendo fazer-nos esquecer que tem sido isso que a NATO e a UE têm feito em relação à Rússia, antes do golpe de Kiev.

Para ele "podem ver-se no terreno as atividades da Rússia na Ucrânia e na Síria. Mas há uma atividade de grande gabarito fora de vista com a ameaça cibernética. A Rússia tem sido uma ameaça secreta há décadas. O que é diferente nestes dias é que tem mais e mais métodos disponíveis". Então queria o Sr. Parker que os russos tivessem ficado pelos telemóveis?...

Para Parker, “as relações entre o Oeste e a Rússia deterioraram-se desde a anexação da Crimeia da Ucrânia”.

Ó senhor espião, não terá antes sido uma independência da Crimeia decidida pela população, democraticamente, seguida de pedido de integração na Federação Russa, com novo esmagador apoio popular e aceitação por parte desta? População maioritariamente russa essa e outra em toda a Ucrânia que, com o golpe fascista na Ucrânia de 2013, viu os habitantes de origem russa serem agredidos, perseguidos, espoliados da sua cultura, como Parker bem sabe pois os seus espiões também andaram nesses dias na Praça Maidan.

E quanto ao “bombardeamento da Rússia de posições rebeldes em Aleppo”, não serão terroristas ou só é terrorista o Daesh de Mossul? 

Em jeito de comentador Parker também lá foi dizendo que a “Rússia, no que foi interpretado como um sinal para o oeste, enviou um destacamento naval formidável através do Canal na semana passada.

Claro que foi um sinal mas não só. Foi algo mais substancial…Conforme os próprios - sem ser nenhuma teoria da conspiração urdida pelos cibernéticos russos - americanos, ingleses e franceses preparavam o ataque à Síria. Os russos responderam que qualquer avião ou míssil que atacasse a Síria seria abatido.

E agora Parker não perca o chá das cinco!

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