Como prevíramos, a RTP1 transmitiu ontem o filme de Leonardo di Capri
“Before the Flood” (“Antes do Dilúvio”), sob os auspícios de Ban ki-Moon, e
com referência a uma reprodução do tríptico de Bosh “O Jardim das Delícias
Terrestres” que Leonardo tinha pendurada no seu quarto de criança.
O vínculo estreito a Al Gore e à sua “Verdade inconveniente “, de 2005…ficou
explicitado de início. Ele afirma que o que Al Gore previra está agora a
acontecer, mas não diz o que está a acontecer. O percurso narrativo e de breves
depoimentos são diferentes. As imagens são semelhantes e têm uma sequência de
critérios exclusivamente estéticos sem qualquer fundamento em evidências científicas,
excepto a de um académico que mostrou um gráfico com um pico enorme em
determinada altura para voltar aos valores anteriores (e?...).
Curiosamente a crítica a uma
afirmação, a poucos dias das eleições nos EUA , de Donald Trump (“Onde está esse aquecimento global? Aqui estão 21
graus…”) parece ser a única justificação para o aparecimento agora deste filme com a projecção universal que está a
ter, e que a RTP1 fez seguir de um debate (?) onde poucas foram as presenças
cientificamente habilitadas a validar o
catastrofismo do filme que ameaça que o 3º tríptico de Bosh nos caia pela
cabeça abaixo.
As previsões desta vez são:
·
que a Gronelândia desapareça, que muitas cidades
serão inundadas;
·
que a China vai continuar a ser o principal
poluidor, com convulsões sociais internas, apesar de não poder deixar de
reconhecer que a China está a mudar de paradigma energética, (ele não disse,
mas digo eu, com a execução e planeamento de drásticos cortes na energia
resultante da queima de combustíveis fósseis fosseis e correspondente adopção
de energias alternativas não poluentes);
·
que os EUA, que reconhecem ser o principal
poluidor, já não poderão mudar de paradigma mas que todos devem ajudar a que
mudem o dos países em vias de desenvolvimento que já estão (como a India que
referiu, não referindo, por exemplo…), ou irão estar se prosseguirem o seu
crescimento económico, entre novos grandes poluidores;
·
que periga a sobrevivência das ilhas do
Pacífico, por aumentar o nível das águas;
·
que dentro de 30 anos, 50% dos corais estrão
mortos;
·
que a má gestão da floresta vai continuar, por exemplo, em
Sumatra, com a desmatação para produzir o óleo de palma sem garantir a biodiversidade;
·
que se deve reduzir o consumo da carne de vaca
(Quem vai reduzir? Os EUA que até já combinam a gordura da vaca com o gasóleo
para alimentar a rede ferroviária nacional?) por isso estar a reduzir a
floresta em favor de um solo agrícola apenas aplicado na produção de "beef";
·
que deve ser aprovada uma taxa do carbono, com
que John Kerry, aparecendo de repente parece concordar;
·
que devem ser aplicadas novas tecnologias para
conter o aquecimento global, isto pela boca de Obama, também aparecido de repente,
que afirma que o “aquecimento global” passou a ser questão de segurança
nacional;
·
que se tem que ir além dos Acordos de Paris, dos
finais de 2015, que precisam de ser
seguidos por medidas concretas (?).
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