Um dos meus seguidores do facebook, Romão Amorim Araújo, criticou uma observação minha sobre o referendo na Crimeia de 2014. Se quem me lê estiver interessado, escrevi um comentário sobre essa crítica. O crítico refere:
"Romão Amorim de Araújo "decorrente da anexação da Crimeia à Rússia por vontade inequívoca dos seus habitantes" - Quais as suas fontes relativamente a esta afirmação?".
“Media manipulation significantly contributed to a climate of fear and insecurity in the period preceding the referendum,” he said, and the presence of paramilitary and so-called self-defence groups, as well as soldiers in uniform but without insignia, was not conducive to an environment in which voters could freely exercise their right to hold opinions and the right to freedom of expression. - e a minha fonte são as Nações Unidas, que cita Ivan Šimonović, e que poderá ser consultado no website disponível em http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=47601...
Réplica a crítica no facebook sobre o referendo de 2014 na Ucrânia
1. O croata Ivan Simonovic, que apresentou
este relatório ao Conselho de Segurança da ONU foi colaborador do governo de
Franz Tudjman naquele país, e nomeado por este para representante da
Croácia nas Nações Unidas. O governo de Tudjman ficou conhecido por posições
ultranacionalistas e racistas. Segundo o insuspeito historiador belga Michel
Collon, “Tudjman era "um racista que ativamente espalhou o
ódio étnico e pregou a fragmentação da Iugoslávia." Seus
detratores, como seu sucessor a presidente da Croácia, Stjepan Mesić, acusou-o
de não entender a situação na Bósnia e Herzegovina e a situação nacional dos
bósnios muçulmanos. Parece que Tudjman contava este grupo como parte integrante
do povo croata, considerando-os "croatas da religião islâmica", como
aconteceu durante o mandato na Bósnia pelos Ustashis durante a Segunda Guerra
Mundial. Estes e outros erros de cálculo de sua parte causaram uma guerra entre
os bósnios croatas dirigidos a partir de Zagreb (os croatas da Bósnia e
Herzegovina) e os bósnios durante a Guerra da Bósnia. Os bósnios muçulmanos não
queriam que nenhuma parte da Bósnia e Herzegovina fosse separada e anexada à
Croácia”. Nunca Ivan Simonovic fez referência crítica a tal paternidade
política. Depois deste governo entrou para os quadros da ONU onde foi nomeado
por Ban-Ki-Moon, em 2010, seu assistente para…os Direitos Humanos.
2. Quanto ao relatório propriamente dito – que
aliás nunca se transformou em resolução - e sem levar em linha de conta as
posições dos membros do Conselho de Segurança sobre ele, entendo ser de
referir:
2.1.O
relator omite o carácter de “golpe” ao derrube do então presidente Ianukovich,
legitimando pelas palavras a nova situação criada na Ucrânia;
2.2.Omite
ainda a perseguição que se passou a realizar aos ucranianos de etnia russa,
quer física quer de perda de direitos, referindo que foram actos isolados
empolados por meios de comunicação tendenciosos;
2.3.Não
caracteriza o golpe como fascista ou sequer de direita, quando os membros do
governo dele saído eram militantes de partidos ultranacionalistas, fascistas assumidos,
que ostentavam como heróis figuras sinistras da ocupação nazi, colaboradores de
Hitler como Stepan Bandera;
2.4.Atribui
um carácter desestabilizador à reacção antifascista das populações da Crimeia, Luhansk,
Kharkiv, Donetsk e outras cidades e ignora o conceito de “direito à revolta”,
que legitima o que ocorreu na sequência dos acontecimentos da Praça Maidan, em
Kiev.
2.5.Inverte
os dados à questão do papel das milícias populares nestas regiões nos
referendos aí realizados, e que também esmagadoramente optaram pela mesma
atitude do povo da Crimeia. Se elas não tivessem actuado em defesa do direito
de voto, as milícias fascistas armadas por Kiev para elas enviadas é que o
teriam condicionado dramaticamente o ambiente livre para a liberdade do voto.
2.6.Entre
a data deste relatório e os dias de hoje, as situações evoluíram num sentido
bem diferente do que o relatório dava a entender. A Federação Russa aceitou a
integração da Crimeia na Federação, não acedeu a idêntica integração de Donetsk
e Luhansk e a diplomacia e a atitude dos habitantes destas regiões têm contido
a agressão contra os cidadãos de origem russa ucranianos. Também a política
internacional aventureira de Poroshenko e o desvaire neo-liberal a que conduziu
a economia, tornaram a Ucrânia numa sociedade muito desigual, com um reduzido
número de muito ricos e condições de vida muito débeis para o resto da população,
à generalização da grande corrupção e do domínio da sociedade por máfias
organizadas.
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