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terça-feira, 5 de abril de 2016

Versões não militares da ingerência externa dos EUA


Os EUA há muitos anos que não se limitam apenas a interferir militarmente na vida interna de cada país.

Dispõem de instituições,  a que a CIA está estreitamente ligada, como, entre muitas outras, a que combina conselheiros e outros apoios dados a ONGs pelo  multi-milionário George Soros, as instruções em livro de Gene Sharp
para derrubar governos ou os subsídios "por candidatura" do National Endowment for Democracy (NED).

Quando são denunciados, como aconteceu recentemente em Angola e no Brasil, dispõem da capacidade, pela cumplicidade dos media dominantes, de fazerem ouvir algumas "vítimas, combatentes da liberdade", nos grandes media em jeito de defensores dos direitos humanos, da liberdade de expressão e de reunião, do combate à corrupção no país, da denúncia de “ditadores e cleptocratas”, etc.

Quem são então estes "beneméritos" de ímpetos libertadores?


Georges Soros

George Soros é um magnata húngaro-americano, um dos mais ricos do mundo, com interesses em áreas como o petróleo ou os diamantes.

É reconhecido internacionalmente como um dos maiores financiadores de golpes em vários países da América Latina, Africa, Europa e Ásia, tendo sido por exemplo um dos principais financiadores dos grupos de extrema-direita em Maidan na Ucrânia que realizaram o golpe que levou ao poder os neo-fascistas.

Criou uma rede de ONGs visando derrubar governos de países africanos, nomeadamente os que têm a exploração pública de importantes riquezas naturais.

Um dos seus colaboradores, Rafael Marques, trabalhou para a Open Society Foundations, do magnata, em projetos de apoio a educação, comunicação social, democracia e direitos humanos em Angola. Em janeiro de 2005, desligou-se da Open Society, mas viria a ser processado por duas vezes por injúrias contra o Presidente José Eduardo dos Santos, no seu jornal Maka Angola. Tem sido grande animador de ações em Portugal contra José Eduardo dos Santos e o governo de Angola usando uma violência verbal inversamente proporcional ao crédito das suas acusações, e contactando alguns partidos com assento parlamentar (http://makaangola.org/).

Rafael Marques teve papel particular em Portugal no que respeitou à criação de um movimento de simpatia para com Luaty Beirão e outros dezasseis "activistas", que estavam em processo de assimilação do livro de Gene Sharp, adaptado por Domingos Cruz, que o considera tão só um trabalho “académico” (apesar de se chamar “Ferramentas para destruir o ditador e evitar nova ditadura”)  e  que um tribunal angolano condenou há dias. Não ignoramos os problemas do regime angolano, a corrupção, e o eventual erro político de como se processaram as diligências judiciais até ao julgamento e a pesadas penas. Tudo isto facilita que a estrutura que os suporta invista na criação de heróis em tempo de crise e de grandes dificuldades e desigualdades. Não inocentemente acentuada pela queda drástica dos preços de petróleo que retirou àquele país recursos para manter o investimento estrangeiro. Foi o caso de muitas empresas portuguesas que se viram forçadas a encerrar portas e tendo os respetivos trabalhadores de regressar a Portugal, em particular na construção civil.

Mas não estamos perante jovens idealistas, cheios das melhores intenções que só estavam a ler um livro numa casa. Respeitem a nossa inteligência!...Eles preparavam e falharam uma "revolução colorida". Como outros prepararam e falharam algo de semelhante na Síria, aí reagindo com a ação armada contra o regime, que se prolongou com a ação do Daesh, que, por sua vez, está em vias de derrota..

Soros é proprietário do"The Institute For New Economic Thinking" e do respectivo think thank. Convidaram Alexis Tsipras, promovendo uma ronda de conferências deste em várias cidades norte-americanas, segundo a revista, para alertar para os riscos do fascismo do Aurora Dourada, tal como o Pasok já fizera no passado, e para criticar Angela Merkl, debilitando assim a UE, no interesse dos EUA...(http://www.wiwo.de)

 
National Endowment for Democracy

Quanto ao National Endowment for Democracy (NED), correspondeu à necessidade de Ronald Reagan criar um mecanismo de financiamento para apoiar os grupos dentro de países estrangeiros que se dedicassem à propaganda e à ação política que a CIA tinha organizado ao longo da sua história  e que eram pagas de forma encoberta. Para substituir parcialmente esse papel da CIA, a decisão recaiu na criação de uma entidade financiada pelo Congresso que iria servir como um canal para esse dinheiro.

Esteve envolvido, como referimos na criação do movimento golpista que levou os neo-fascistas ao poder na Ucrânia. É tão "limpinha" que tem um site que aceita candidaturas a subsídios (http://www.ned.org/). Aí se prometem apoios para derrubar "à la carte" qualquer governo. Ora vá lá ver...

A NED tinha organizações subsidiadas também na Rússia, mas esta decidiu acabar com elas no ano passado. Quantos governos permitiriam uma potência estrangeira hostil a patrocinar políticos e organizações civis no seu território, cuja missão é minar e derrubar o governo existente e colocar lá outro compatível com esse poder estrangeiro?

Sobre a intervenção na Rússia e numa série de outros países, consultar

 
 


Os manuais de outro norte-americano, Gene Sharp

Já no início das “revoluções coloridas”, o DN de 5/3/2011 apresentava o autor do livro "From Dictatorship to Democracy" (Da Ditadura à Democracia),  uma forma simpática, romanceada e desligada de uma intervenção dos serviços secretos norte-americanos: "Modesto, Sharp gosta de dizer que as revoltas são de quem as faz no terreno. Ele limita-se a ser a inspiração na sombra". A jornalista Helena Tecedeiro apresentava o manual como "Os 198 métodos não violentos para derrubar uma ditadura - da greve de fome à revelação da identidade de agentes secretos", fazendo o paralelismo de Sharp com…Gandhi! . A jornalista do DN que não se percebe se se deslocara a Massachusetts ou se escrevia por “espírito santo de orelha”, até alertava os leitores para o não confundirem com um “radical esquerdista”…

A editora Tinta da China anunciou que vai publicar a versão portuguesa do livro, tendo acordado com o autor que todas as receitas seriam para enviar às famílias dos 17 jovens detidos.