Trata-se de um animação satírica
e inteligente, a partir de uma realidade trágica, feita pela cartoonista
norte-americana Nina Paley, que mostra o conflito histórico pelo domínio da
região também conhecida por Terra Santa. A animação “This Land is Mine” (“A
Terra é Minha”) ilustra a matança dos povos habitantes daquela região, com a
banda sonora criada por Ernest Gold e Pat Boone, todos eles, e também Leon
Uris, activistas do sionismo que se implantou em Israel.
“This Land is Mine” é uma sátira
à “The Exodus Song”. Esta música funcionou como um espécie de banda sonora do
sionismo americano na década de 1960 e 70.
O “Exodus” foi um dos navios que
procederam ao transporte de imigrantes ilegais, de países onde tinham sido vítimas
dos crimes horríveis dos nazis, para a Palestina, no período que precedeu a
fundação do Estado de Israel. O navio foi comprado pela Agência Judaica em
1947. Este e outros navios, depois de chegarem à costa da Palestina, foram
mandados para trás pelos colonizadores ingleses. A população da Palestina
reagiu a esta imigração maciça mas foi vítima de agressões, assassinatos e
emigração para outros territórios.
Em 1958, Leon Uris escreveu um
livro, Exodus, inspirado na história do navio, onde retrata o Holocausto, a
imigração para a então Palestina e a criação do Estado de Israel. No livro,
porém, a história do navio tem um final mais feliz: os judeus refugiados não
regressam à Europa e conseguem, através de uma greve de fome, dobrar as
autoridades britânicas e descer na Terra de Israel (a Palestina). Em 1960, com
o mesmo título, Otto Preminger fez um filme baseado na obra de Leon Uris, e tendo
como principal intérprete Paul Newman.
O tom épico de coragem, que
encerravam, prendeu-me a eles, nos meus catorze anos, quando ainda não tinha
condições para conhecer a outra parte da história. Só com a luta do povo
palestiniano contra as ocupações e massacres perpetrados por Israel, conheci
esse outro lado da narrativa.
O livro e o filme que adoptaram o
nome do navio constituíram actos de propaganda maciça, essencial para que nos
EUA e Europa, nomeadamente, depois do fim da 2ª Guerra, se criasse uma opinião
pública favorável à instalação do estado de Israel e à remoção forçada dos habitantes
da Palestina. As organizações militares hebraicas Haganah, Mossad e Irgum
sustentaram esta operação para mostrarem ao mundo a necessidade de um Estado
Judeu - uma pátria soberana e independente, lar incontestável de todos os
judeus. Minaram também as possibilidades de fazer regressar aos países de
origem, nomeadamente àqueles que tinham sido libertados dos nazis, de muitos
judeus que passaram grandes privações nestas viagens de marítimas, sempre sem
porto seguro e sujeitas a regressos à Europa.
Diante do agravamento da
situação, os ingleses passaram o problema para a recém-criada Organização das
Nações Unidas (ONU), que criou o Comitê Especial para Palestina (UNSCOP) a fim
de tratar da decisão pela partilha territorial. O eleito para a Assembleia Geral
de 1948, que ficou encarregado de gerir essa questão, foi um brasileiro que
havia sido ministro de Getúlio Vargas, Oswaldo Aranha. Aranha propôs a criação
do Estado judaico e desencadeou uma votação de delegados das nações então
constituídas. Todos os países árabes votaram contra a criação de Israel e a
divisão do território. Alguns países ocidentais, como a Inglaterra, não
votaram, mas a maioria votou a favor. O Estado de Israel foi então declarado
oficialmente existente.
O líder judeu que encabeçou todo
o processo era ainda Ben-Gurion. Foi ele que, inclusivamente, assinou a
declaração de Independência de Israel no Museu Nacional de Tel- Aviv, e,
depois, foi eleito o primeiro-ministro da república de base parlamentar de
Israel.
No mesmo ano em que foi reconhecido
como Estado oficialmente existente, Israel teve de lidar, como era natural, com
a primeira de muitas guerras que viria a enfrentar contra os Estados Árabes,
que, por muito tempo não reconheceram o direito de Israel de existir, só o
vindo a fazer pela força das armas e pela pressão de Washington.
Um outro tema me prendeu e ainda
hoje continuo a saber a letra de cor e a poder cantá-lo, coisa de deixei de
querer com o acentuar do carácter fascista dos sucessivos governos israelitas,
foi o “Exodus Song”, que foi buscar o
nome “This Land Is Mine”, de forma
oportunista, este de facto um bom filme de Jean Renoir, de 1943, que tem a ver
com a resistência ao nazismo em França nos meados da guerra, e a terra que é
“minha” é a França e não a “Terra Prometida”, invocada pelos criadores do
estado judaico. E que teve música de C. Bakaleinikoff e Lothar Perl.
“The
Exodus song” (This Land is mine)
foi composta por Ernest Gold e interpretada originalmente por Pat Boone e é a música principal da banda sonora do filme. Fica o trailerTrailer do
Segue-se a tradução muito pessoal
Esta terra é minha
Deus deu-me esta terra
Esta terra valente e antiga
Deu-ma a mim
Revela seus morros e planícies
Então vejo uma terra
Onde as crianças podem correr livremente
E percorre esta terra comigo
Esta terra encantadora
Comigo
Embora seja apenas um homem
Quando estás ao meu lado,
Com a ajuda de Deus,
Eu sei que posso ser forte (bis)Se eu tiver que lutar, vou lutar
Para fazer dela a nossa terra.
Até eu morrer, esta terra é minha
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