A redução concreta da dívida do Deutsche Bank ao Departamento de Justiça
dos EUA não está garantida. Nem garantido está que os problemas no Deutsche
Bank só façam cócegas ao sistema financeiro português.
Apesar de Merkl já ter dito anteriormente que não iria apoiar o banco alemão,
o que é certo é que na semana passada a Reuters dava conta de reuniões entre
responsáveis dos dois governos para obter um resultado que não deixe as suas
acções irem de novo por água abaixo.
Par além desse apoio, Merkl, atendendo à proximidade de eleições, não
quer sugerir qualquer tipo de resgate, pela rejeição que isso provocaria nos
contribuintes, com a profissão de fé que isso não virá a ser necessário.
Se em Julho o economista-chefe do Deutsche Bank, Folkerts-Landau, afirmou
ao Die Welt que as instâncias europeias deviam começar a preparar um plano de
resgate e que a recapitalização do sistema bancário podia chegar aos 150 mil
milhões de euros, hoje o presidente do banco está em linha com a atitude de
Angela Merkl.
Particularmente exposto está o Novo Banco com eventuais recuos de
compradores potenciais ou em caso de cenário mais grave a generalidade dos bancos
que realizaram negócios de derivados com o banco alemão.
Na semana que passou, o CEO John Cryan, citado pela Bloomberg escreveu em
nota interna que a “confiança é a base do sector financeiro”, que “algumas
forças do mercado estão a tentar prejudicar esta confiança”, e que “o Deutsche
Bank tem muitos problemas, mas a liquidez não é um deles”.
Em resposta Sigmar Gabriel, Ministro da Economia e Vice-Chanceler de
Merkl, disse "Não sei se ria ou se chore com o facto de o banco que teve
um modelo de negócio baseado na especulação diga, agora, que é vítima de
especulação”.
Citado pela Reuters e pelo Financial Times, o ministro da Economia
sublinhou ainda a sua preocupação com os 100 mil trabalhadores do banco alemão.
"O cenário são milhares de pessoas que vão perder o seu trabalho. Vão
pagar o preço da loucura dos dirigentes irresponsáveis", disse Sigmar
Gabriel.
A revelação no passado dia 27 pela Bloomberg que dez fundos que recorriam
ao DB para fazer a negociação de contratos derivados, usando-o como contraparte
na garantia das transacções, estavam a “fugir” do banco alemão, disparou a
volatilidade em mais de 15% em Nova Iorque, com reflexos imediatos na Europa. O
Commerzbank, que, “acidentalmente”, deixou no dia seguinte publicar que estava
em vias de preparar uma mega-reestruturação, agitou as bolsas, invocando o
banco estar a sofrer grandes prejuízos com as taxas negativas que o BCE estava
a aplicar aos depósitos.
Entre nós, está particularmente exposto o Novo Banco com eventuais recuos
de compradores potenciais ou em caso de cenário mais grave a generalidade dos
bancos que realizaram negócios de derivados com o banco alemão.
Já anteriormente o FMI referira “entre os bancos globais de importância
sistémica [G-SIB], o Deutsche Bank aparenta ser o maior contribuinte líquido
para riscos sistémicos, logo seguido do HSBC e do Credit Suisse”, pelo que se
recomenda uma “monitorização apertada”.
À espera das eleições alemãs e norte-americanas, a questão vai
adensar-se. Passos Coelho continuará a não entrar em linha de conta com o que
se passa “lá fora”, e esquecerá que os seus amigos políticos estiveram no
centro do furacão. Sugerir-lhe-ia o pedido de um milagre a Nossa Senhora, que
embora de difícil realização, lhe daria um outro crédito para as próximas
adivinhações.
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