Durante milhares de anos, Sanaa foi a capital real da «Arabia Felix», o nome dado pelos romanos antigos a este fértil e produtivo Sudoeste da Península Arábica. Sanaa foi, segundo a lenda, fundada pelo filho de Noé, e a história subsequente tornou-a num centro político e comercial urbano, refinado, sinónimo de luxo e sofisticação.
Mas existe uma história medieval de uma antiga princesa himyarita muito interessante. Um hist...oriador iemenita de então, Al-Hamdani, escreveu sobre Dibajah, a filha de Nawf dhu-Shaqaibn-dhi-Murathid, que ela se fechou na sua torre para morrer. O seu epitáfio ficou escrito num prato de ouro: «Durante uma fome, ordenei que o meu escravo me comprasse com um alqueire de pérolas um alqueire de farinha, mas ele não o conseguiu.» Se o nome dela ecoa ao longo dos séculos, a situação descrita é muito semelhante à realidade do Iémen de hoje: não há água, comida ou remédios, a troco seja de que quantidade de dinheiro for.
Até há alguns anos, antes de a guerra começar, era ainda possível testemunhar o esplendor de Sanaa. Mas a guerra a todos acabou por nivelar na pobreza. Porque, depois dela, simplesmente não há alimentos, água limpa ou medicamentos para comprar, uma vez que os embarques comerciais foram bloqueados há meses e a entrega de ajuda foi bloqueada intencionalmente pela Arábia Saudita. Os destinos de Sanaa e das cidades do Norte, ricas ou pobres, passaram a estar unidos pela sua situação desesperada.
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