Segundo muitos comentadores, e de acordo com as declarações
dos respectivos partidos, uma esperada viragem à direita nas eleições destes
países iria ter consequências na solidez da UE, em particular da moeda única e
da união bancária, para além de um maior controlo da imigração com perseguição
especial à de origem muçulmana.
Mas, mesmo que em França, na 1ª volta, Marine Le Pen, tenha
uma percentagem superior ao segundo candidato que passar à 2ª volta e que o AfD
seja o partido mais votado nas legislativas holandesas, há grande probabilidade
de que Le Pen não seja a presidente que se segue, nem o AfD conseguirá formar
governo. Na Holanda o candidato da extrema-direita fez ontem um dramático apelo
aos holandeses para defenderem o país dos emigrantes mas uma maioria absoluta
do seu partido parece afastada. Na Alemanha o partido da extrema-direita será
derrotado
Porém, tais resultados não serão o único elemento significativo
a retirar.
Há que atender a que a esquerda, que justamente disso se
reclama, tem prosseguido o combate contra as derivas comunitárias há muitos
anos, prevendo acontecimentos e retirando lições do percurso de austeridade, da
perda de soberania, do afastamento entre eleitores e dirigentes não eleitos das
estruturas comunitárias, do agravamento das desigualdades entre países e em
cada país, e do arrastamento de todos para agressões contra países terceiros
que provocaram novos surtos migratórios.
Se não se atenderem a estas causas, que não são acidentais,
poderiam as boas consciências entrar em elucubrações sobre novas formas de
atração para o vazio pelos deserdados…
Ou então, que é o que se perspectiva, concentrar a votação do
povo de esquerda, na social-democracia e socialistas. Como se a memória tivesse
que ser curta, fazendo esquecer que esses estão entre os principais
responsáveis dessa deriva! Se parte dos trabalhadores e da classe media se
deslocaram para a direita, a responsabilidade também é deles que não souberam
honrar nem com os seus princípios fundadores nem com sucessiva promessas
eleitorais que foram defraudando.
Se as esquerdas conseguir atrair os deserdados desta política
em termos significativos, isso favoreceria políticas alternativas nesses
países. Resta saber se elas o conseguem ou se se deixam enredar na
“estabilidade” europeia, espécie de papel de embrulho das políticas que
desiludiram essas camadas sociais.
Sem comentários:
Enviar um comentário