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domingo, 17 de junho de 2018

De Oeiras à boleia, Lenine entra no Técnico ao romper da madrugada, por António Abreu



 
No 100º aniversário do nascimento de Lenine, em 1970, as portas e vitrinas do IST receberam centenas de vinhetas, feitas com um linóleo onde a maestria das goivas esculpira a sua efígie num delicado carimbo. 

Um grande escultor e professor da Escola António Arroio, o Vasco Pereira da Conceição, com obras por exemplo nos jardins e lago do Parque Eduardo VII, companheiro de outra escultora, a Maria Barreira, (1914-1992), esculpiu-o em gesso. Era uma peça que teria uns 50x30x50cm, com cerca de 10 kg de peso. Veio de carro e entrou pela porta da Av. Rovisco Pais.
Foi colocado inicialmente no muro que separa os pavilhões de Química e Minas do campo de jogos da AEIST. O director de então, Fraústo da Silva não o soube ou decidiu não tomar nenhuma atitude. Alguém o terá metido, posteriormente no cimo do armário, na sala de biblioteca/ reuniões da AEIST, o que certamente inspirou alguns pensamentos aos muitos estudantes que lá reuniam. Outro alguém o mutilaria mais tarde e acabou por sair de lá, não sei para onde.

Um outro camarada do Técnico, mas que integrava outro organismo do Partido foi encarregado de produzir e distribuir pequenos panfletos com o rosto do Lenine e as palavras, se bem se recorda: “ Por comemorações no Técnico”.

Estes pequenos panfletos (tamanho A5?) produziram alguma preocupação na Direcção da AEIST. Numa reunião de colaboradores o assunto foi abordado e este camarada recorda um dirigente da associação declarar, então, com ar de entendido, que devia ser coisa da Legião pois o panfleto teria sido feito em stencil electrónico…

Para ele fora a glória nas lides do Agit-Prop. De facto tinha sido utilizado um duplicador manual, que ele e outros tinham construído e que não funcionava lá muito bem (o rolo era um vulgar. “rolo da massa” revestido com uma câmara de ar de bicicleta). O desenho foi preparado por ele (que confessa não ter grande jeito) por decalque do contorno de uma fotografia, com uma esferográfica directamente sobre o stencil que se apoiava numa capa de plástico rugoso (daí o ar de stencil electrónico).

Não se recorda se usaram o duplicador para algum outro material, mas pensa que não pois não tinha qualidade suficiente para imprimir texto normal.

 

2 comentários:

  1. Obrigado por recordares estes factos. Muitas vezes a História é uma mera interpretação do que se pensa o que aconteceu. Isto aconteceu mesmo!

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  2. Bem me lembro e também de outras histórias contemporâneas...

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